Profa. Margaret Maria Schroeder
No livro "Psicopedagogia: teoria e prática", Lamonico (1992) enunciam os campos teóricas norteadores da ação psicopedagógica:
a) Abordagem psiconeurológica
Abordagem fundamentada na biologia, psicologia e processos educativos e de treinamento.
Pinel (2001/2002;p.107-114) estudou as bases neurais da aprendizagem/ desenvolvimento, buscando compreender alguns mecanismos psicofisiológicos e neuripsicológicos associados aos aspectos cognitivos.
Destaca Pinel (2001/ 2002; p.108) que é importante ao estudioso da (Psico)Pedagogia uma atitude de compreensão e esforço intelectual na pesquisa do aluno com problemas de aprendizagem escolar.
Recorrendo a Fernández (1987), no livro “Inteligência Aprisionada”, Pinel (2001/ 2002) sugere que o discente deve ser “olhado sentido” em quatro aspectos: seu ORGANISMO, seu CORPO, seu DESEJO e sua INTELIGÊNCIA.
O aluno(a) deve ser abordado(a) no seu ser total, que envolve o ORGANISMO, o CORPO, o DESEJO e a INTELIGÊNCIA.
O ORGANISMO deve ser entendido no seu funcionamento – normal ou não – fisiológico. Doenças perturbam a aprendizagem, a dor – física etc. Entretanto, deficiências físicas, em si mesmas não são anormais, mas sim a sociedade onde este organismo está inserido, pois é a sociedade que não apresenta pré-requisitos para a inclusão do diferenciado. A sociedade foi e é construída para uma maioria dominante, e para uma elite dominante.
Quanto ao CORPO deve ser apreendido o modo como o aluno se percebe. Também: Como o corpo discente se percebe e se movimenta no espaço? Qual o seu Esquema Corporal: Imagem e Conceito Corporal? Como o corpo é introjetado pelo discente: introjeção das partes do corpo e todo o corpo? Quais reações da pessoa frente ao espelho? Etc.
Poderíamos falar em motivação, em demanda, em necessidade, em vontade do discente. Recorremos ao termo DESEJO do aluno(a). Qual a sua vontade de sentido? Qual a sua motivação mais profunda, o seu querer, a sua auto-estima, as suas forças e fragilidades? etc.
Finalmente a INTELIGÊNCIA é o aspecto não mensurável do desenvolvimento cognitivo. Pode ser até avaliado por intermédio de Testes de Inteligência – utilizados em termos clínicos, ou seja: qualitativos. A inteligência refere-se a capacidade do aluno/ pessoa solucionar os problemas que se interpõem à sua frente, no seu cotidiano de ser. O modo como ele aborda - criativo ou não – os problemas, solucionando-os ou não.
Dentro desse contexto psiconeurológico, os distúrbios biológicos do crescimento e do desenvolvimento que for capaz de interferir prolongadamente no METABOLISMO refletem de modo negativo no crescimento e desenvolvimento.
Os principais fatores podem ser agrupados em:
Disfunções endócrinas:
Ex.: nanismo hipofisário e tireoidiano; gigantismo; puberdade precoce etc.
Fatores genéticos:
Ex.: acondroplasia; síndrome de Down; síndrome de Turner etc.
3. Desnutrição: O mecanismo de desnutrição gera um atraso no desenvolvimento-aprendizagem, e esse é muito complexo e inclui a formação escassa de somatomedina C.
4. Doenças crônicas: Essas doenças, quando de longa duração perturbam o metabolismo, atrasando o crescimento.Como é o caso da insuficiência digestiva e de certas afecções renais, pulmonares e cardíacas.
5. Além desses fatores, reafirmamos que problemas emocionais (conflitos e violências no lar; o modo de ser da criança diante do alcoolismo paterno, por exemplo, e o sentimento da criança diante dos jogos psicopatológicos da família; abuso sexual etc.) e infecções freqüentes (verminoses e intoxicações etc.) também prejudicam o desenvolvimento/ aprendizagem.
As características físicas de uma criança estimulam seus familiares, coleguinhas, professores e outras pessoas significativas em sua vida-vivida, a criar, de modo fantasioso, a respeito dela, uma imagem marcada pelos estigmas, estereótipos e preconceitos.
Muitas vezes, esses algozes são destrui(dor)es do ser, e então persistem nas condutas e atitudes prejudiciais ao crescimento da pessoa. Muitas vezes o preconceito está localizado no inconsciente (Pinel, 2001/2002).
Quais as conseqüências desses atos perversos e tão (pré)sentes na nossa hipócrita sociedade?
O ambiente escolar poderá ser percebido como agradável, suportável ou intolerável...
Isso será resultado do modo como a criança é - ou se sente - como se aceita.
Tais subjetividades e comportamentos explícitos foram e são construídos por meio dessas intersujetividades patologizadas, desrespeita(dor)as do desenvolvimento/ aprendizagem do ser.
Pode ser que toda essa vivência dolorida faça a criança/ adolescente ou quaisquer pessoas sentir-se - ou de fato viver e sentir - segregada ou ridicularizada.
Evidentemente, essas situações, de alguma forma interferem na aprendizagem e afetam todo o conjunto da vida humana.
Pinel (2002) estudou os efeitos de uma guerra (Nazismo X crianças judaicas) na produção artística da criança – detida em campo de concentração - revela(dor)a de tristeza, sentimentos de ser pior e culpada pelo que aí se colocou.
Apesar dessa depressão advinda das injustiças, também foi detectado (Pinel, 2002) a presença do "otimismo trágico" (Frankl, 1981), isto é, uma característica subjetiva e explícita de enfrentamentos, apesar das adversidades, das vicissitudes. Sob as mais altas tensões o ser enfrenta e resiste às pressões e sofrimentos.
Mas porque há uma guerra? No interesse de quem se mantém uma guerra? Etc.
A auto-estima (Pinel, 2001/2002) é uma variável psicológica muito importante para o rendimento (sucesso-fracasso) da criança na escola. Não gostar de si implica em um alto grau de contaminação psíquica, que fere inclusive o organismo, o corpo, o desejo e a inteligência.
Moura (1993) pontua que "muitas crianças crescem precocemente, apresentando peso e altura que sugerem uma idade maior que a real. Quem convive com essas crianças, inclusive os professores, tende a esperar demais delas e a julgá-las unicamente por seu físico, esquecendo [? - grifo e interrogação nossos] que uma criança cuja maturação física é precoce enfrenta exigências para as quais não está psicologicamente pronta, e isso é uma causa geradora de ansiedade" (p. 55).
Assim, a vida escolar da criança, sob cruéis pressões, por parte de outras crianças e por parte dos adultos (professores, diretores, merendeiras, outros adultos presentes na escola etc.) podem produzir no ser desprezado, ansiedade e sentimento de inadequação, aponto desses sentimentos de menos-valia acompanhá-la e, mais tarde, perturbar sua vida.
É que a imagem negativa de si mesma elaborada na construção EU+TU+NÓS pode ficar profundamente arraigada e, quando adolescente, adulta e idosa, embora tenha crescido e mudado, ela ainda se sentirá inadequada, desagradável e indesejável.
Essas questões psico-afetivas são vitais quando pensamos, sentimos e principalmente agimos para efetivação da FILOSOFIA DA INCLUSÃO:
Como criar alternativas de incluir o outro se não me incluo no mundo?
Como dar passos maiores de inclusão, se nem me respeitar consigo?
O ajudador, por meio de uma Psicopedagogia institucional, pode desenvolver trabalhos grupais, desenvolvendo o espírito crítico.
Para isso, pode, por exemplo, ensinar ao grupo VER a realidade e detalhes de injustiças elaboradas na intersubjetividades. Depois é necessário levar ao grupo AVALIAR a situação concreta de pessoas que se desprezam e desprezam os outros, constando os efeitos dessas relações desrespeitosas.
E, finalmente, estimular ao grupo a AGIR, por meio de planos de intervenção, objetivando mudar atitudes e, de imediato, os comportamentos indesejáveis à socialização do ser.
Ver/ Julgar/ Agir é um método bem descrito por Boran, e fundamentado no marxismo.
b) Abordagem neuropsiquiátrica
Abordagem fundamentada na medicina e medicalização dos problemas de aprendizagem.
Há exageros nessa àrea, como a prescrição de Tofranil para crianças com problemas comuns de atenção escolar.
É adequado consultar um médico com residência em neurologia, e com compreensão do movimento inclusivo.
c) Abordagem comportamental
Abordagem fundamentada nos trabalhos de laboratório de Psicologia experimental de Watson (Behaviorismo Metodológico) e B.F. Skinner (Behaviorismo Radical).
O enfoque está na observação e descrição clara dos comportamentos inadequados, a identificação daquilo que mantém (reforça/ recompensa) esse comportamento desviado/ patológico – segundo o contexto do meio - e a intervenção de modificação, por meio de técnicas de controle do comportamento e a instalação de um novo e mais adequado comportamento.
Programas psicopedagógicos como a ANÁLISE DE TAREFAS (Pinel, 1987) utlizam-se das propostas do neobehaviorismo de Madame Jordam.
Filosoficamente o behaviorismo é condenável, pois defende a tese que o homem é uma tabula rasa, sem história e dele fazemos o que quizermos, a nosso bel prazer.
Entretanto, mesmo psicólogos sócio-históricos como Bock et al.; tem defendido as benesses desses treinamentos para a Psicologia do Excepcional.
d) Abordagem Fenomenológica
O mais importante nessa abordagem são as atitudes e posturas do cuida(dor).
É vital o envolvimento existencial com aquilo que se põe ao meu ser Total (Holismo) e o necessário distanciamento reflexivo da coisa mesma, e então apreender o sentido ou o significado do que é vivido pelo outro/ orientando.
Heidegger e Sartre são dois filósofos que fundamentam tais práticas.
Viktor Emil ou Emmanuel Frakl, Medard Boss, Binswanger, Franz Rúdio, J. Wood/ Doxsey et al.,Angerami-Camom e Pinel são alguns psicólogos, que fundamentados nos filósofos, recriaram alternativas de diagnóstico, prevenção e tratamento psicopedagógico.
Consultoria psicopedagógica: distúrbios de aprendizagem, dislexia, sexualidade infantil. Acompanhamento psicopedagógico e pedagógico. Ministro palestras em escolas (tema a escolha do contratante), consultas psicopedagógica, hiperatividade, fobia escolar ... Contato: carmemfidalgo@gmail.com
sexta-feira, 21 de maio de 2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Auto-Estima
Auto-Estima
AUTO-ESTIMA -ESTIMADO PARA SE ESTIMAR-
por Fabian Stamate, Tânia Rangel
psicopedagogos
Cabe ao psicopedagogo e a outros técnicos de ajuda reflectir sobre o ser humano e o seu modo de funcionamento com o outro. Criança, adolescente ou adulto, qualquer um deles, por mais diferente que seja quanto à sua organização psicológica, é sempre um ser humano que vive em sociedade, com o seu grupo de pares, isto é, no seu micro-sistema e que interage com diversas entidades físicas e psicológicas, cujo consequente sucesso dependerá de vários factores intrínsecos e extrínsecos.
Assim, é nesta perspectiva que abordamos a auto-estima, como uma das características do ser humano de extrema importância para as relações humanas.
- Mas afinal o que é a auto-estima?
Tão falada e comentada nos dias de hoje, mas sabemos defini-la correctamente?
Nos nossos dias a palavra auto-estima é utilizada por diversos tipos de profissionais, quer sejam ou não da área das Ciências Humanas. Se pensarmos o porquê desta saudável vulgarização, talvez cheguemos à conclusão, que cada vez mais se está a dar uma maior importância ao bem-estar das pessoas.
É, portanto, neste sentido que pensamos ser importante abordar a questão da auto-estima, do ponto de vista técnico e científico, para que se reconheça legitimidade, nas conversas formais e informais que se têm hoje em dia.
Antes de mais, na nossa opinião, auto-estima é acima de tudo uma atitude, uma atitude para consigo próprio que vai sendo adquirida ao longo do crescimento e do desenvolvimento da criança. Para muitos autores, a auto-estima constitui o núcleo básico da personalidade, para outros, é a forma habitual, mais ou menos estável de pensar, sentir, amar, comportar-se e reagir consigo próprio, sendo obviamente uma estrutura dinâmica e passível de ser modificada.
Deste modo, a forma como lidamos connosco pode influenciar - e influencia concerteza - a forma como lidamos com os outros, quer na vida profissional, familiar e escolar:
- a auto-estima poderá ajudar a ultrapassar dificuldades pessoais, fomentando a auto-responsabilidade - se o indíviduo acreditar que tem em si recursos disponíveis para responder às necessidades que lhe vão surgindo, ele irá esforçar-se para cumprir determinada tarefa;
- permite uma relação social saudável e positiva - pois se o indivíduo tem uma boa relação consigo próprio, será mais fácil de transpor para os outros que o rodeiam; desenvolve a criatividade - pois para se trabalhar a criatividade, será necessário que o indivíduo se sinta confiante e que acredite que é capaz de desenvolver e de criar algo;
- por último, falamos da aprendizagem, tema que por, responsabilidades profissionais nos é mais querido e sensível. É, pois um dado adquirido, para os especialistas que, a auto-estima de uma criança afecta, influencia e condiciona a aprendizagem. Se não, pensemos que, para adquirirmos qualquer ideia nova temos que estar "disponíveis" para essa aquisição, isto é, se não acreditarmos que temos capacidade para compreendê-la, para reter uma matéria ou perceber uma fórmula, não chegaremos a ter motivação suficiente para investir nessa nova tarefa. Os comentários destrutivos dos pais, professores e colegas são muitas vezes formas de acentuar o autodesespero e a intolerância à frustração.
Todos nós somos testemunhas da impotência que uma criança ou uma adolescente sente quando tem uma baixa auto-estima. Aqui, todas as experiências negativas vão reforçar esta característica e fazer com que o tão desejado sucesso escolar, fique cada vez mais distante e difícil.
Então, se tudo isto não é inato, mas sim adquirido e dinâmico, então estimemos o outro para que ele se estime.
AUTO-ESTIMA -ESTIMADO PARA SE ESTIMAR-
por Fabian Stamate, Tânia Rangel
psicopedagogos
Cabe ao psicopedagogo e a outros técnicos de ajuda reflectir sobre o ser humano e o seu modo de funcionamento com o outro. Criança, adolescente ou adulto, qualquer um deles, por mais diferente que seja quanto à sua organização psicológica, é sempre um ser humano que vive em sociedade, com o seu grupo de pares, isto é, no seu micro-sistema e que interage com diversas entidades físicas e psicológicas, cujo consequente sucesso dependerá de vários factores intrínsecos e extrínsecos.
Assim, é nesta perspectiva que abordamos a auto-estima, como uma das características do ser humano de extrema importância para as relações humanas.
- Mas afinal o que é a auto-estima?
Tão falada e comentada nos dias de hoje, mas sabemos defini-la correctamente?
Nos nossos dias a palavra auto-estima é utilizada por diversos tipos de profissionais, quer sejam ou não da área das Ciências Humanas. Se pensarmos o porquê desta saudável vulgarização, talvez cheguemos à conclusão, que cada vez mais se está a dar uma maior importância ao bem-estar das pessoas.
É, portanto, neste sentido que pensamos ser importante abordar a questão da auto-estima, do ponto de vista técnico e científico, para que se reconheça legitimidade, nas conversas formais e informais que se têm hoje em dia.
Antes de mais, na nossa opinião, auto-estima é acima de tudo uma atitude, uma atitude para consigo próprio que vai sendo adquirida ao longo do crescimento e do desenvolvimento da criança. Para muitos autores, a auto-estima constitui o núcleo básico da personalidade, para outros, é a forma habitual, mais ou menos estável de pensar, sentir, amar, comportar-se e reagir consigo próprio, sendo obviamente uma estrutura dinâmica e passível de ser modificada.
Deste modo, a forma como lidamos connosco pode influenciar - e influencia concerteza - a forma como lidamos com os outros, quer na vida profissional, familiar e escolar:
- a auto-estima poderá ajudar a ultrapassar dificuldades pessoais, fomentando a auto-responsabilidade - se o indíviduo acreditar que tem em si recursos disponíveis para responder às necessidades que lhe vão surgindo, ele irá esforçar-se para cumprir determinada tarefa;
- permite uma relação social saudável e positiva - pois se o indivíduo tem uma boa relação consigo próprio, será mais fácil de transpor para os outros que o rodeiam; desenvolve a criatividade - pois para se trabalhar a criatividade, será necessário que o indivíduo se sinta confiante e que acredite que é capaz de desenvolver e de criar algo;
- por último, falamos da aprendizagem, tema que por, responsabilidades profissionais nos é mais querido e sensível. É, pois um dado adquirido, para os especialistas que, a auto-estima de uma criança afecta, influencia e condiciona a aprendizagem. Se não, pensemos que, para adquirirmos qualquer ideia nova temos que estar "disponíveis" para essa aquisição, isto é, se não acreditarmos que temos capacidade para compreendê-la, para reter uma matéria ou perceber uma fórmula, não chegaremos a ter motivação suficiente para investir nessa nova tarefa. Os comentários destrutivos dos pais, professores e colegas são muitas vezes formas de acentuar o autodesespero e a intolerância à frustração.
Todos nós somos testemunhas da impotência que uma criança ou uma adolescente sente quando tem uma baixa auto-estima. Aqui, todas as experiências negativas vão reforçar esta característica e fazer com que o tão desejado sucesso escolar, fique cada vez mais distante e difícil.
Então, se tudo isto não é inato, mas sim adquirido e dinâmico, então estimemos o outro para que ele se estime.
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