terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Escola e família



RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA
Juliana Cesário Ferreira

Sumário

Relação escola e família: contribuições para o processo de ensino aprendizagem

Atualmente, vivemos em uma sociedade moderna em constante transformação, na qual os valores éticos e morais estão sendo esquecidos pelo ser humano, e praticamente excluídos da formação dos indivíduos.
Valores como o respeito, a moral e a ética parecem estar sendo abandonados pela sociedade, e a educação parece que ocupa um maior espaço para mudar essa realidade, preparando o educando para um futuro melhor. Nessa perspectiva, instituições sociais como a escola e a família devem está unidas, contribuindo com a formação intelectual e profissional da criança, e fortalecendo a formação desses valores, necessários a formação humana.
Para pensarmos em uma boa formação e uma educação de qualidade nos dias de hoje, é importante que a família esteja em parceria com a escola, a fim de que ambas trilhem num mesmo caminho, e que esta última participe ativamente da vida escolar dos seus filhos.
A família deve estar informada de todas as ações e projetos que a escola desenvolve com o seu filho/estudante, a mesma tem o direito de saber e o dever de acompanhar como essa instituição funciona, e como acontece o processo ensino-aprendizagem desse sujeito aprendiz. E para que isso ocorra, a família tem que ser parceira da escola, cotidianamente.
Esse procedimento está prescrito no parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990. p.20), “É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”.
A família é o grupo primário em que a criança tem o seu primeiro contato social, recebendo amor, carinho, passando por momentos de felicidade, e também por momentos de tristezas, medos, entre outros. É nesse espaço que a criança se constrói como sujeito e vai compreendendo que no meio em que vive, existem regras e normas a serem cumpridas.

Assim o art. 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990, p.15) afirma:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
A escola é o espaço de construção e socialização do conhecimento, a mesma é destinada a cuidar e educar a criança. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2001. p.46): “A escola, por ser uma instituição social com propósito explicitamente educativo, tem o compromisso de intervir efetivamente para promover o desenvolvimento e a socialização de seus alunos”.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a escola não deve viver sem a família e esta sem a escola, pois ambas se complementam e precisam estar em harmonia, desenvolvendo um lugar agradável e afetivo para seus filhos/estudantes, uma vez que escola e família devem trilhar um mesmo objetivo.
A presença da família na escola é de suma importância não só para a criança, como também para o professor. Essa presença é tão importante que o MEC (Ministério da Educação) criou o Dia Nacional da Família na Escola, comemorado na data de 24 de abril. Nesse dia, todas as instituições escolares são estimuladas a convidar os familiares dos alunos, para participarem de palestras, reuniões e atividades educativas, envolvendo os pais cada vez mais na educação de seus filhos.
É nesse cenário de alegria e de prazer que a família deve estar engajada na escola, participando da vida escolar de seus filhos, mostrando que eles são importantes e que merecem carinho e atenção. Vale ressaltar que essa parceria entre escola e família envolve comprometimento, responsabilidade e colaboração de ambas as partes, pois o que a escola e a família almejam é o melhor para seus filhos/estudantes.
Segundo algumas bases teóricas que investigam a relação família e escola, a exemplo de: (FURLANETO, MENESES E PEREIRA, 2007), (FREIRE, 1979), (MIELNIK, 1974), (CARVALHO, 2004) e (GENTILLE, 2006), uma criança que tem a presença da família na sua vida escolar, é bem provável que a mesma tenha um bom desempenho na escola, e quando a família permanece ativamente presente na vida da criança, quando os pais não jogam a total responsabilidade de educar exclusivamente na escola, o percentual dessa criança ter um desenvolvimento educacional de qualidade é enorme.
Uma vez estabelecida a parceria escola e família, ambas devem compreender que igualmente são responsáveis pelo processo formativo do estudante, e que essa união só contribuirá para o desempenho deste, em seu processo de escolarização.

Dialogando com a teoria
A escola e a família compartilham funções educacionais sociais que influenciam no desenvolvimento humano de cada indivíduo. A escola é um ambiente de aprendizagens, buscas, questionamentos, diferenças e sentimentos que norteiam a vida do estudante.
O sistema educacional deve se constituir como um ambiente multicultural que apresenta inúmeras diversidades entre os estudantes, que retratam vontades, interesses, pensamentos e intenções variadas, preparando-os para a inserção na sociedade, para superar dificuldades, e buscar seus direitos como cidadão, contribuindo para o desenvolvimento do indivíduo, como sujeito ativo na sociedade (DESSEN & POLONIA, 2007).
Quando se faz referência ao termo escola, considera-se que esta é uma instituição sólida na sociedade, onde estão inseridos indivíduos de todas as classes sociais, de culturas diferentes e com perspectivas de cumprir o que nela está estabelecido. (PENIN, 1995).
A escola é uma instituição fundamental na vida de todo indivíduo, pois é nesse âmbito que aprendemos a nos relacionar com o outro, a cumprir regras, a desenvolver atividades e a nos comportar em sociedade. (DESSEN & POLONIA, 2007).
Nessa perspectiva, percebemos a importância da instituição escolar como aquela que está inserida no contexto histórico-social dos indivíduos, de modo estruturada, organizada e envolvendo o currículo em todas as suas instâncias, como retrata (DESSEN & POLONIA, 2007. p.7):

Em síntese, a escola é uma instituição em que se priorizam as atividades educativas formais, sendo identificada como um espaço de desenvolvimento e aprendizagem e o currículo, no seu sentido mais amplo, devem envolver todas as experiências realizadas nesse contexto.

Ou seja, o papel da escola é formar o cidadão critico reflexivo para atuar na sociedade como um ser ativo. A escola juntamente com o seu corpo docente transmite ao aluno conhecimentos e ensinamentos de que os estudantes precisam para viver no mundo globalizado e na sociedade moderna que vivemos.
E para que isso aconteça, é necessário o trabalho e a dedicação do professor para mostrar a importância e o papel dos indivíduos na sociedade, como cidadão crítico, atuantes e conscientes de seus direitos e deveres. Tal instituição deve dar ao estudante condições de se inserir no meio social, orientando-o a prosseguir nos seus estudos e buscar sempre novos horizontes.
Nessa perspectiva, com base na leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2001. p. 45):

[...] Se concebe a educação escolar como uma prática que tem a possibilidade de criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente.

Como podemos ver, os PCNs apresentam esse compromisso para a escola desenvolver um trabalho satisfatório e democrático, através do qual os estudantes possam exercer seus direitos e deveres como sujeitos críticos e participativos na sociedade.
Nessa perspectiva, caracteriza-se a escola como a instituição que é responsável pela educação escolar e conduz os estudantes á socialização, ao desenvolvimento intelectual, realizando um trabalho coletivo, voltado para a construção do ser cidadão, exercendo a cidadania e aprimorando o conjunto de valores que está intrínseco ao ser humano, assim como a família também é responsável por desenvolver esses valores como afirma Gentille (2006, p.35):

A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para a sua vida. No que diz respeito á Educação, se essas pessoas demonstrarem curiosidade em relação ao que acontece em sala de aula e reforçarem a importância do que está sendo aprendido, estarão dando uma enorme contribuição para o sucesso da aprendizagem. Pode parecer simples, e é. Tanto que é exatamente o que tem sido pedido aos responsáveis pelos estudantes de todos os níveis de ensino.

Dessa forma, tanto a escola como a família tem os mesmos interesses, devem estar unidas e estabelecerem parceria, pois ambas assumem a responsabilidade de educar seus filhos/estudantes.
A partir da leitura de Furlaneto, Meneses e Pereira (2007, p.64) compreendemos que: “De um modo cada vez mais significativo, a escola (lugar de lazer) passa a assumir a responsabilidade, cada vez maior, de ser, na sociedade, o campo especifico da Educação intencional, formal e sistemática”.
Nessa perspectiva, percebemos a responsabilidade que é atribuída a escola em educar o sujeito praticamente sozinha, mas sabemos que a família deve se responsabilizar e cumprir com o seu dever de educar também o seu filho. Como afirma Carvalho (2004. p.47):

A educação tem um papel fundamental na produção e reprodução cultural e social e começa no lar/família, lugar da reprodução física e psíquica cotidiana – cuidado do corpo, higiene, alimentação, descanso, afeto, que constituem as condições básicas de toda a vida social e produtiva.

Assim, é na família que a criança começa a se relacionar com o meio social, aprendendo e entendendo aos poucos como se estabelece a sua vivência, compreendendo pequenas noções de como se constitui uma família, o que pode ou não fazer, desenvolvendo seus sentimentos e entendendo como se constrói o seu contexto histórico social.
A família é a base fundamental na vida de qualquer indivíduo. Constitui-se uma instituição importante na formação e educação dos filhos. Desse modo, a família deveria cumprir o seu papel, como parte essencial no processo ensino-aprendizagem do seu filho e considerar que a educação deste é de sua responsabilidade.
Desse modo, a família deveria educar os filhos desde pequeninos e mostrar como deve ser seu comportamento na sociedade, impondo limites, dizendo não quando necessário e sim no momento certo, não deixando toda a responsabilidade para a instituição escolar, como afirma (OLIVEIRA, 2007. p. 175):

Historicamente, a família tem sido considerada o ambiente ideal para o desenvolvimento e a educação de crianças pequenas. Essa é a posição de alguns sistemas educacionais, que sustentam que a responsabilidade da educação dos filhos, particularmente quando pequenos, é da família, e assumem um papel de meros substitutos dela, repetindo as metas embutidas nas práticas familiares.

Como sabemos a educação não começa apenas no âmbito escolar, mas se inicia em casa, com a família, com a interação entre seus membros e com o desenvolvimento de relações que se estabelecem entre eles. Nesse sentido, Mielnik, (1974, p.27), reforça a nossa discussão quando diz:
Desde que nasce está a criança praticamente observando o meio ambiente para começar cedo a sua aprendizagem, suas tentativas, erros e acertos. Nesse trabalho, árduo e contínuo, a criança é auxiliada e estimulada pelos pais, que visam facilitar seu desenvolvimento. A família é, pois o meio social que inicia a educação do indivíduo.

Nessa perspectiva é no espaço familiar que a criança começa a se desenvolver, mostrando suas vontades, seus desejos, criando ideias e descobrindo os seus sentimentos. E para que aconteça realmente a parceria entre escola e família, esta última deve estar envolvida no desenvolvimento escolar de seu filho, como afirma: (CARVALHO, 2004. p.44):

Do ponto de vista da escola, envolvimento ou participação dos pais na educação dos filhos e filhas significa comparecimento ás reuniões de pais e mestres, atenção á comunicação escola-casa e, sobretudo, acompanhamento dos deveres de casa e das notas.
Nesse sentido, a família deve cumprir seu papel, estando atenta a educação dos filhos, apoiando-os, incentivando-os e comprometendo-se a ajudar a escola no que for necessário para a melhoria de suas aprendizagens.
A escola e a família são duas instituições que desempenham importante papel na socialização da criança. A escola transmite conhecimentos científicos, desenvolve as capacidades cognitivas, estimula o interesse do estudante em aprender, refletir sobre acontecimentos na sociedade e trabalha para formar cidadãos, que exerçam seus deveres e lutem por seus direitos, tornando-se sujeitos ativos no meio social.
A família é o alicerce para o indivíduo, lócus em que ele encontra confiança e apoio. Ela é responsável pela segurança, proteção, afeto e cuidado da criança; características intrínsecas à cultura de cada grupo. As práticas e os saberes acumulados por cada família são repassados para os indivíduos desde o nascimento, mostrando o modo de como a família pensa e reflete sobre o meio em que vive.
A partir desse entendimento fica visível a importância de se trabalhar com essas duas instituições unidas, pois o compromisso de ensinar e de educar não compete apenas à escola, mas a família também tem que fazer a sua parte. A escola deveria encontrar na família um apoio, uma aliada para juntas trabalharem numa mesma perspectiva e desenvolver resultados satisfatórios. Ambas deveriam lutar para beneficiar o estudante com uma educação que o desenvolva em suas potencialidades.
É com o envolvimento entre escola e família que o trabalho entre ambas começa a fluir na perspectiva da melhoria da educação das crianças, por isso a importância da escola abrir as portas para a família e que essa também aceite a parceria, participando realmente da vida escolar de seus filhos.
Com isso, o compromisso é a palavra chave para que a parceria escola e família seja efetivada. Quando a família cumpre o seu papel e estabelece um vínculo de compromisso com a escola, ambas começam a se entender e progredir no desenvolvimento de um trabalho educativo satisfatório e de qualidade em prol do estudante.
Nesse sentido, é importante destacar o que Freire (1979. p.21) diz: “Na medida em que um compromisso não pode ser um ato passivo, mas práxis – ação e reflexão sobre a realidade, inserção nela, ele implica indubitavelmente um conhecimento da realidade”.
Desse modo, para que a família esteja em parceria com a escola, ela necessita conhecer o ambiente em que seu filho está inserido. Conhecendo a realidade que o estudante vivencia, a família pode e deve comprometer-se em melhorar a educação do seu filho.
Quando falamos na relação escola e família, falamos também na divisão do trabalho com a educação de crianças e jovens, envolvendo participação, compromisso e responsabilidade dessas duas instituições, com a perspectiva de promover o sucesso escolar dos estudantes (CARVALHO, 2004).
Há várias maneiras de trazer a família para o espaço escolar como: definir os eixos que podem se comunicar, convocar reuniões, convidar os pais ou responsáveis para conversar sobre o progresso ou não de seus filhos, promover palestras e debates, enfim, mostrar para a família, que ela é importante e que a escola precisa de seu apoio para conquistar o sucesso escolar do estudante. Completando essa afirmação, Mielnik (1974. p.32) diz:

Os pais devem ser solicitados pela escola, apoiados, estimulados e frequentemente aconselhados, afim de que cooperem e completem a ação educativa escolar, mantendo a mesma atitude de cooperação, e estímulo no ambiente familiar.

Dessa forma, a escola necessita da relação com a família, pois os professores precisam conhecer o meio sociocultural vivenciado pelos seus estudantes, para poder compreendê-los e respeitá-los, destacando o apoio da família para efetivação da aprendizagem dos seus filhos.
Uma simples conversa entre professores e pais nas reuniões, pode ser o início de uma parceria entre escola e família. Quando há o diálogo, os pais falam e opinam referente a educação dos filhos, essas informações são de grande valor na tentativa do professor entender melhor seu aluno e com essa aproximação poder influenciar de forma satisfatória na aprendizagem do estudante.
Vale ressaltar que a participação dos pais na escola influencia o desempenho escolar do seu filho, pois quando há motivação, interesse e compromisso destes na educação dos filhos, eles se sentem mais animados e desempenham maior progresso em seus estudos. (CARVALHO, 2004).
Assim, com essa parceria estabelecida, escola e família poderão trabalhar em uma mesma linha, planejando, educando e formando um sujeito livre, um cidadão crítico e atuante em nossa sociedade, desenvolvendo uma educação de qualidade recebida tanto na escola, como na família.

Bibliografia

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Secretária Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação. Brasília: MEC, ACS, 1990.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução, vol. 1, Secretária de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 2001.
CARVALHO, Maria Eulina Passoa de. Modos de educação, gênero e relações escola-família. In: Caderno de Pesquisas, São Paulo, n. 121, p. 41-57, jul. 2004.
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia. V. 17 n.36. Ribeirão Preto. Jan/abr. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br. acesso em 17/03/12
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução; Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FULANETO, Ecleide Cunico; MENESES, João Gualberto de Carvalho; PEREIRA, Poliguara Acácio. (Orgs). A Escola e o Aluno. São Paulo: Avercamp, 2007.
GENTILLE, Paola. Nova Escola: A revista de quem educa. Escola e Família. Belo Horizonte: Positivo, 2006, p.32-39.
MIELNIK, Isaac. Problemas de pais e mestres: Relações humanas no lar e na escola. 2.ed. São Paulo: Edart, 1974.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
PENIN, Sônia. Cotidiano e escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995

Publicado em 05/11/2013 15:24:00

Currículo(s) do(s) autor(es)

Juliana Cesário Ferreira - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal De Campina Grande – UFCG, cursando Especialização em Psicopedagogia pela Faculdades Integradas De Patos – FIP, trabalha na educação de jovens e adultos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Familia disfuncional e Transtorno de Bordeline


A Família Disfuncional e o Transtorno Borderline


A medida que eu fui ganhando estabilidade emocional, pude entender também a dinâmica da minha família. Porque é muito difícil para uma pessoa conseguir enxergar determinados comportamentos dentro da família quando você mesmo é uma dessas pessoas que tem um papel que mantêm essa família disfuncional em funcionamento.

Eu sempre senti que carregava um peso muito grande nas minhas costas e sendo eu um dos pilares que sustentava essa “harmônia” da minha família disfuncional, era quase impossível questionar se esse peso todo que eu carregava (como culpa, raiva, frustação, sentimentos de vazio) era meu de verdade ou se parte desse peso era uma imposição para que eu fizesse parte da família.

Então eu fui atrás de informações sobre essa família que “não funciona bem” ou melhor, não funciona de forma saudável. Vamos entender primeiro o que é essa família disfuncional.

A família disfuncional não consegue se comunicar de uma forma aberta. Numa família saudável os sentimentos podem ser expressados e não existe um “vencedor”, ou seja, todos os pontos de vista e sentimentos são levados em conta na comunicação familiar. Na família disfuncional isso não acontece, as pessoas não conversam olhando nos olhos, a empatia falha e prevalece a intolerância, um ponto de vista único que deve ser aceito por todos os indivíduos da família.

No site “Boa Saúde”da UOL, há uma matéria que diz:

Sempre que se fala em família disfuncional, estamos falando de doença nas famílias. Assim, temos todo o funcionamento familiar envolvido nesse problema”. Alguns autores psicanalistas, como José Bleger e Eduardo Kalina, desenvolveram bastante a questão das dinâmicas familiares. Pode-se falar em dois modelos básicos de desestruturação nas relações familiares: “há as famílias ‘cindidas’ e as famílias ‘simbióticas’”.

Nas primeiras, os membros das famílias não conseguem se relacionar entre si. Encontram-se divididos, dispersos. Funcionam e se relacionam como se, ao ficarem juntos, todos corressem riscos do ponto de vista emocional. Assim, as pessoas não podem ter um relacionamento afetivo, são frias entre si. A doença dessas famílias cindidas está na dificuldade de convívio. Os membros percebem que ao conviverem entre si eles se machucam e se afetam negativamente, uns aos outros.
Já no extremo oposto, temos as famílias simbióticas, aquelas em que os membros da família vivem num estado de fusão. Não há diferenciação entre os papéis familiares, estes são confusos e não divididos. As pessoas sentem dificuldades em viver independente dos outros membros da família, estão num estado de constante ‘grude’. Em ambos os casos, está-se falando de doenças familiares do ponto de vista do desenvolvimento afetivo, inter-relacional e de organização psíquica.”

Para que vocês possam entender ainda melhor, vamos olhar algumas “regras” (não faladas, mas que estão impostas) que podem haver numa família disfuncional:

- Faça o que “pareça bom”, ainda que não seja honesto

- Não perturbe e não afunde o barco

- Negue coisas que você não quer ver, e elas Irão embora

- Faça o que eu digo, ainda que eu faça o oposto

- Expresse somente bons sentimentos

- Não é certo sentir raiva ou tristeza

- Você nunca deve questionar o nosso comportamento e sim aceitá-lo

- Você deve se conformar com o que esperamos de você, aconteça o que acontecer

- Sua necessidades não são mais importantes que nossas necessidades

Agora veremos algumas crenças e traços da personalidade de adultos criados em famílias disfuncionais:

- Eles se sentem diferentes de outras pessoas e alguns acham que por alguma razão estão sendo punidos pela vida ou (para quem acredita) por Deus.

- Eles tem dificuldade para confiar nas pessoas

- Eles julgam a si mesmos e ignoram suas próprias necessidades

- Sentem muita culpa

- São “viciados em sinais de aprovação”, constantemente buscando afirmação

- Eles tem dificuldade em sentir, identificar e expressar emoções

- Eles tem medo de pessoas com raiva ou de criticas pessoais

- Normalmente tentam controlar circunstâncias e relações e reagem de forma extrema a mudanças pelas quais não possuem nenhum controle

- Costumam sentir-se desesperados, presos e vitimizados

- Farão qualquer coisa para evitar dor e abandono

- Tem dificuldades para terminar projetos

- Podem ser impulsivos

- Tem tendência a adicção de drogas

Então… o que tem o Transtorno Borderline a ver com a dinâmica da família disfuncional? Acho que eu não preciso dizer, não é?

Sei que o texto é grande, mas agüentem só mais pouco porque se vocês chegaram até aqui é porque talvez tenham se identificado com o tema e agora vem a parte dos papéis que a família escolhe para determinadas pessoas.

Esses papéis são imprescindíveis para que a família disfuncional possa sobreviver e manter seu “equilíbrio”. Normalmente eles são impostos na infância, porém, na vida adulta, o indivíduo continua a cumprir o mesmo papel. Quando a pessoa decide deixar o papel, a família tenta manter-lo ou substituir-lo por outra pessoa.

Vou colocar 4, mas existem outros:

O Herói: O herói costuma ser a criança mais velha. Ele é caracterizado por sua super-responsabilidade e conquistas. O herói permite que a família se assegure de que tudo está indo bem, já que pode sempre olhar para as conquistas do filho ou filha mais velho como uma fonte de orgulho e auto-estima. Os pais usam o herói como prova de que eles foram bons pais. Enquanto o herói pode ser um excelente aluno na escola e um líder nos esportes ou um empregado bem pago e sucedido, ele ou ela estão sofrendo de uma grande dor emocional e sentem culpa, como se nada que ele ou ela fizessem fosse bom o suficiente para curar a dor da família. A compulsão do herói por sucesso pode se transformar em estress e trabalho compulsivo. As qualidades do herói de ser o que ajuda e que cuida da família chama atenção positiva à pessoas que estão fora da família. Mas, apesar disso, o herói se sente isolado e incapaz de expressar seus verdadeiros sentimentos e experimentas intimidade nas relações.

O Scapegoat ou Bode Expiatório: (como eu fui o scapegoat na minha família, tenho mais material sobre isso. Quem quiser mande e-mail que eu envio o material): é normalmente o segundo filho. É caracterizado por seu comportamento agressivo, mas na verdade ele ou ela estão sofrendo porque a atenção positiva da família quase não existe ele tem sido ignorado. O bode expiatório costuma ir mal na escola, pode experimentar drogas, se envolver em relações caóticas como um pedido de socorro. Ele é um indivíduo que a família quer esconder. Por ele prefere chamar a atenção negativamente do que não ter atenção nenhuma. É normalmente a criança mais sensível e seus sentimentos são feridos facilmente. A família, para poder senti-se “sã”, usa o scapegoat como o representante de tudo que eles não querer ser e na verdade são. O scapegoat normalmente desenvolve problemas mentais. E sendo ele “doente”, a família pode ser “normal”. Assim eles escondem seus problemas psicológicos usando o scapegoat. A criança que é escolhida como scapegoat é aquela que “não faz nada certo”. Essa criança é vista como a culpada de tudo que é indesejável e ruim. Alguns scapegoats entram na armadilha de tentar cada vez mais e mais se redimirem nos olhos da família, para que eles possam finalmente serem respeitados e apreciados por quem eles realmente são. Porém, aos olhos da família, eles nunca poderão ser bons o suficiente e nessa tentativa em vão eles acabam se destruindo ou vão embora para longe da família. Alguns sucumbem ao papel de “problemático” e se comportam de forma oscilante, já que eles sempre só recém atenção negativa. Assim desistem de tentar agradar a família e se tornam realmente pessoas agressivas e se comportam como vitimas. O Scapegoat normalmente acorda tarde para a vida e só depois de muito tempo percebe que as coisas não eram como deveriam ser, e que o problema não era sua falta de esforço para conseguir respeito da família e que se ele não aceitasse o papel que recebeu, poderia conseguir respeito fora da família disfuncional.

A criança perdida: É caracterizada pela timidez, solidão e isolação. Ele ou ela se sentem como um estranho na família, ignorado pelos pais e familiares e sentindo-se sozinho. A criança perdida busca a privacidade da sua própria companhia para estar longe do caos familiar e pode ter uma vida rica em fantasia, dentro da qual, ele ou ela mergulham. A criança perdida normalmente tem pouca habilidade comunicativa, dificuldade com a intimidade e em relações. E pode ter confusões ou conflito a respeito da sua orientação sexual e sua função. Essa criança pode estar buscando atenção ficando doente. Essa criança pode tentar cuidar de si mesma se comportando de maneira compulsiva, levando a problemas como obesidade, uso de drogas, etc. A solidão a criança perdida pode levar a problemas mentais e baixa auto-estima. Ele ou ela costumam ter poucos amigos e tem dificuldade em encontrar um parceiro para as relações amorosas.

O mascota: Esse papel se manifesta como o indivíduo que faz “palhaçada”, é divertido, hiperativo. O mascota é normalmente a criança menor e busca ser o centro das atenções na família (piadinha interna: eu tentei ser a mascota, mas já tinham o papel de bode expiatório prontinho pra mim), normalmente é aquele que entretém os familiares fazendo com que todos se sintam melhor com sua comédia e suas piadas. Porém o mascota pode estar sendo super protegido dos reais problemas da vida. Ele experimenta intensa ansiedade e medo e persiste em comportamentos imaturos quando se torna um adulto. Ao invés de lidar com os problemas , o mascota foge deles mudando de assunto e fazendo piado. Ele usa a diversão para gerar risos no seu circulo de amigos, mas normalmente não é levado a sério ou não recebe bem rejeição e criticas. Ele normalmente tem dificuldade em concertar-se e focar-se e pode desenvolver déficits de aprendizagem. Ele também sente medo de olhar honestamente para seus sentimentos e/ou comportamentos, portanto não está nunca em contato com eles. A atividade social frenética do mascota expressa na verdade um mecanismo de defesa contra sua intensa ansiedade e tensão interior. A incapacidade em ligar com esses sentimentos pode levá-lo a pensar que está louco. Se essa ansiedade e desespero não forem tratados, não é incomum que o mascota desenvolva uma doença mental, se torne dependente de drogas ou até mesmo cometa suicídio.

O que é dislexia

O que é dislexia?



A dislexia é uma dificuldade de leitura e escrita que pode afetar também a percepção dos sons da fala e se manifesta inicialmente durante a fase de alfabetização. É uma condição de aprendizagem de base genética, ou seja, tem natureza hereditária. Existem vários genes envolvidos nesta condição e pesquisadores no mundo todo estão trabalhando para identificar quais são esses genes.
A dislexia consta da Classificação Internacional de Doenças (CID) que descreve suas características e sintomas. Entretanto, o Instituto ABCD prefere abordá-la como um transtorno de aprendizagem persistente e inesperado, pois a criança não apresenta deficiências intelectuais nem sensoriais. As dificuldades podem ser minimizadas utilizando-se métodos pedagógicos alternativos, que se adaptam às dificuldades e necessidades da criança.

Estima-se que 4% da população brasileira tenham dislexia. Portanto são mais de 7 milhões de pessoas convivendo com o problema.
Se um dos pais tiver dislexia, obrigatoriamente os filhos também terão?

Não. A herança genética aumenta a tendência para desenvolver a dislexia, ou seja, é maior a probabilidade da criança apresentar o problema caso um dos pais seja portador. Mas, se ela tiver dislexia, vários fatores podem contribuir para atenuar ou reforçar os sinais, como o estímulo que ela tem em casa e o ambiente sócio-cultural, que pode oferecer a ela recursos para lidar com suas dificuldades. O ambiente vai moldar esta tendência genética. Por isso mesmo em gêmeos idênticos a manifestação pode ser diferente.
Quais são os sinais da dislexia?

Leitura com erros de reconhecimento das palavras, leitura não fluente de textos e com alteração de ritmo e entonação (por exemplo, leitura de sílaba por sílaba), dificuldade de compreensão de textos, escrita com erros de ortografia, inversão de letras e/ou sílabas, leitura e escrita com rendimento abaixo do esperado para a idade e a escolaridade. A intensidade dos sintomas varia caso a caso.
Como é feito o diagnóstico?

Ao ser identificada a dificuldade para o aprendizado da leitura e da escrita, a criança é encaminhada para a avaliação de uma equipe multidisciplinar composta, em geral, por um neuropediatra, um fonoaudiólogo e um psicólogo que farão as avaliações específicas. São aplicadas provas e testes para avaliar o nível de leitura, o vocabulário e habilidades específicas, como memória, atenção e velocidade de processamento.
Existem diferentes níveis de dislexia?

Sim. Atualmente, considera-se mais correto pensar em uma escala de desempenho contínuo que vai desde casos leves até os severos. Em casos leves, por exemplo, ocorrem alguns erros na escrita e a compreensão de texto é possível após algumas leituras. Já em casos graves, há pessoas que não conseguem ser alfabetizadas porque não conseguem ler ou escrever, mas, ainda assim, compreendem textos se alguém fizer a leitura para elas e conseguem fazer uma redação ditando para um digitador. De qualquer maneira, é importante fazer o diagnóstico correto, pois algumas dificuldades leves podem ser decorrentes de uma alfabetização mal feita.
Como é o tratamento?

Não há prescrição de medicamentos, e, sim, adaptações pedagógicas aliadas ao atendimento especializado. O tratamento varia de acordo com a dificuldade e a idade da criança ou do jovem. Algumas crianças conseguem se alfabetizar apesar das dificuldades, utilizando figuras e outros elementos visuais e contando com o estímulo dos pais e professores para melhorar a compreensão, por exemplo. Uma forma de fazer isso é conversar sobre o que foi apresentado, seja um filme, uma peça de teatro ou outro recurso. São coisas simples que podem ser feitas no dia a dia.

Algumas crianças não conseguem ler nem palavras isoladas e, nestes casos, é necessário desenvolver o conhecimento das letras, das sílabas e assim por diante. A resposta ao tratamento depende da condição geral da criança com dislexia, do estímulo que ela tem em casa e na escola, da motivação pessoal etc.
Quem é o profissional responsável pelo tratamento?

Dependendo da dificuldade da criança, ela pode precisar de acompanhamento especializado de um psicólogo, psicopedagogo ou fonoaudiólogo. Entretanto, o tratamento não acontece apenas no contexto da clínica. É necessário o envolvimento da família e dos professores para estimular continuamente a criança.
É possível prevenir a dislexia?

Por se tratar de uma doença genética, não é possível prevenir seu surgimento. Mas o diagnóstico precoce e a aplicação de atividades específicas podem minimizar os sintomas. Além disso, quanto antes o transtorno for diagnosticado, menor será a defasagem escolar e os impactos emocionais da criança com dislexia.
A dislexia pode vir acompanhada de outros transtornos?

Sim. A base genética comum favorece o surgimento de outros transtornos de aprendizagem, como a discalculia (dificuldade em aprender e manipular conceitos matemáticos), a disortografia (dificuldade no aprendizado e desenvolvimento da linguagem escrita expressiva), a dispraxia (que afeta a noção de espaço, coordenação e habilidade motora). O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) não é considerado um transtorno específico de aprendizagem, mas, pode afetar o desempenho escolar quando o grau de desatenção é grande, e neste caso o tratamento com medicamento pode ser recomendado. Quando há mais de um transtorno associado considera-se uma comorbidade.

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