domingo, 27 de junho de 2010

Bullying e a Psicopedagogia

BULLYING E A PSICOPEDAGOGIA

Neusa Marli Rauch Littig

ABSTRACT
The present work presents a research into bibliographical sources, aiming at analyzing situations of violence and indiscipline at school. The research revealed the main factors and the consequences of bullying on the lives of people who have experienced it, such as fear and emotional and psychological problems. Bullying is also associated to school failure and evasion. Studies show a worrying incidence of bullying in schools around the whole world. In spite of it, bullying occurrences have been usually unconsidered. In this study, we intend to show possible answers for the following questions: what is the family’s role in face of this problem, once children follow social interaction standards according to what they experience at their own homes? How can we help children so that they can act differently? How can a psychopedagogue act to improve the personal relationships of individuals involved in bullying acts, preventing it and reducing its incidence?

Key-words: Psychopedagogy. Violence. School. Students. Bullying.

RESUMO
O presente trabalho teve como pesquisa fontes bibliográficas. Cujo objetivo principal foi analisar as situações de violência e indisciplina no contexto escolar, revelando os fatores determinantes e as consequências decorrentes na vida dos envolvidos. Estudos mostram uma preocupante incidência do fenômeno bullying nas escolas de todo mundo. Mas apesar disso, ele tem sido desconsiderado normalmente, por boa parte da população. Causando medo e sérias consequências emocionais e psíquicas nos envolvidos. Está também relacionado ao fracasso e a evasão escolar. Qual o papel da família frente a isso, já que as crianças adotam padrões de interação social, experimentados no contexto familiar. Como auxiliá-los para que possam, redirecionar suas ações. Como o psicopedagogo pode intervir para melhorar as relações interpessoais dos envolvidos, prevenindo o bullying e diminuindo a sua incidência.

Palavras-chave: Psicopedagogia. Violência. Escola. Alunos. Bullying.

1 Introdução
Este trabalho de pesquisa apresenta uma abordagem sobre Bullying, o que é, causas, consequências e qual a relação da família diante do problema. A atual circunstância em que se encontram a maioria das escolas, com respeito a violência. Esse fenômeno comportamental vitimiza a criança envolvida em tenra idade escolar, tornando-a refém de uma ansiedade flutuante e circulante que interfere em todos os seus processos de aprendizagem, pela excessiva mobilização psíquica de medo, constrangimento, angustia e raiva reprimida.
Faz-se necessário o estudo aprofundado das questões que envolvem tais comportamentos decorrentes do transtorno bullying.
Atualmente as escolas e os educadores tem-se deparado com uma série de dificuldades decorrentes da violência, falta de respeito e agressividade comportamento decorrentes do Bullying.
Talvez a matéria mais difícil de aprender não seja mais português ou matemática, mas a convivência e a falta de respeito entre os pares.
No Brasil os índices de Bullying nas escolas são grandes, principalmente em crianças e adolescentes. No entanto o tema ainda é pouco pesquisado, existem movimentos de estudos isolados, por regiões, apesar da gravidade e da necessidade de reflexões, são poucos os estudos existentes a respeito do assunto. Portanto a importância de pesquisarmos este fenômeno e de refletirmos sobre o mesmo é imensa.
Pretendemos por meio deste estudo verificar quais são as causas, em que faixa etária ocorre a maior incidência, qual a contribuição da família para a prevenção e recuperação das vitimas e agressores.
O papel dos educadores e da sociedade em geral para o desenvolvimento de atitudes que valorizem a prática da tolerância e da solidariedade entre os alunos. O diálogo, o respeito e as relações de cooperação precisam ser valorizadas e assumidas por todos os envolvidos no processo educacional.
Analisar as situações de violência e indisciplina nas escolas revelando os fatores determinantes e as conseqüências decorrentes na vida dos sujeitos envolvidos nestes atos.
Conceituar o Bullying e seus fatores determinantes no ambiente escolar; discutir as conseqüências do Bullying, no desenvolvimento psíquico, na construção dos sujeitos e no desempenho escolar das vitimas e, caracterizar o papel da família frente à violência cometida e enfrentada pelo jovem.

2 Conceito de Bullying
Bullying é uma palavra de origem inglesa, adotada por muitos países e que conceitua os comportamentos agressivos, antissociais e violentos, na qual um indivíduo sozinho ou em grupo age contra uma vitima.
Diversos fatores decorrem para o processo do fenômeno Bullying , mais precisamente nas escolas. Nos países mais pobres, a preocupação tem sido recente e ainda não há estudos mais profundos sobre suas causas e consequências, no entanto o que se tem a respeito ainda é muito recente, embora tal fenômeno acontece principalmente no meio escolar já a bastante tempo.
O início dos estudos em torno desse termo foram realizados pelo norueguês Olweus (apud FANTE, 2005), a partir da violência nas escolas onde foram consideradas as atitudes violentas como: apelidos pejorativos, provocações, roubo de objetos, intimidações e perseguições causando danos morais e psicológicos, gerando dificuldades de relacionamento entre pares, dificuldade de aprendizagem e até evasão escolar.
Esses comportamentos agressivos geralmente são repetitivos, em que a vitima não consegue se defender com facilidade, por ser menor e ter pouca habilidade física ou estar sozinha. Essas ações geralmente acontecem sem motivos evidentes.
É importante ressaltar que a violência simbólica é o poder de impor significações sem o uso da força física e de forma dissimulada, escondendo sua face de violência e imposição. Esse tipo de violência também está presente, em nosso meio, quando se analisa segundo a óptica de gênero ainda presente na sociedade, onde às mulheres são imputados valores e determinações que estruturam o modo de ser à condicionantes socialmente criados pelo homem.
Essa síntese de pensamento acontece na escola, com a violência dirigida às meninas, por culturalmente terem sido representadas como frágeis e assim tornam-se alvos preferenciais dos meninos, que as agridem utilizando os diversos tipos de linguagens da violência, desde ameaças, até socos e tapas no rosto ou em qualquer parte do corpo. Em geral, as meninas são tratadas pelos meninos com pouco respeito, de modo jocoso, utilizando-se de linguagem abusiva de cunho sexual, com o propósito de ofendê-las e humilhá-las.
Conviver com a violência diuturnamente, apresenta um grande risco à sua banalização, passando-se a compreendê-la como inerente ao cotidiano e, portanto, não fazendo parte das atribuições da escola, visto ser este, segundo o pensamento difundido pelo senso comum um problema da sociedade.
Diante das crescentes incidências o tema despertou ultimamente atenção por parte da sociedade, em vista de alguns casos graves ocorridos e pelas sérias consequências, que resultaram, fruto da ausência da valorização pessoal, do envolvimento social, emocional e intelectual inadequado daqueles que sofrem e padecem como vitimas desse fenômeno.
Na maioria das vezes a agressividade é expressa de maneira oculta, até mesmo entre pares nas escolas, onde as vitimas são oprimidas e ameaçadas por motivos banais, levam as mesmas ao medo, constrangimento, angústia e raiva reprimidas. O Bullying pode então ser definido como um comportamento cruel, nas relações humanas onde o sujeito mais forte usa o mais fraco para a obtenção de satisfação própria e de divertimento, por meio de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas.

Bullying é uma atividade consciente, desejada e deliberadamente hostil orientada pelo objeto de ferir, induzir ao medo , pela ameaça de futuras agressões e criar terror. Seja premeditada ou aleatória, obvia ou sutil, praticada de forma evidente ou às escondidas, identificada facilmente ou mascarada em uma relação de aparente amizade. O bullying incluirá sempre três elementos: desequilíbrio de poder, intenção de ferir e ameaça de futuras agressões. Quando o bullying se desenvolve e se torna ainda mais sério, um quarto elemento é adicionado: o terror (COLOROSO, apud ROLIM, 2004, p.1, grifo nosso).

É importante estar consciente de que bullying não é o mesmo que violência ou intimidação, o bullying tem características que o distinguem de outros atos violentos, que são a intencionalidade e a repetitividade dos atos.

3 Incidência do fenômeno
Relatos de pesquisas mostram que a incidência do fenômeno é grande, sendo um problema mundial entre crianças e adolescentes, as pesquisas, porém não tomam as mesmas medidas, divergindo espaços e épocas distintas, da realização das mesmas. Mesmo sendo um fenômeno bastante antigo em sua prática escolar, os estudos ainda são recentes datam da década de1970, iniciando pela Suécia, que primeiramente se preocupou em estudar os problemas desencadeados pelas agressões escolares. As pesquisas seguiram pela Noruega, tendo em vista à problemas ocorridos em escolas.
Olweus (apud FANTE, 2005) importante estudioso nesta área, pesquisou inicialmente estudantes a cerca da natureza da ocorrência. Constatando que 1 em cada 7 crianças pesquisadas estava envolvido com casos de bullying. Estes estudos motivaram outros países à estudarem também o assunto.
Nos Estados Unidos, entre 34 formas de violência e agressão, somente 29% das crianças e adolescentes americanos pesquisados não foram vitimas de violência direta ou indireta. As pesquisas revelaram que a incapacidade de dialogar, leva os alunos a agirem violentamente como meio de dar respostas ao que lhes incomoda.
Na Austrália 1 em cada 6 crianças é vitima de bullying pelo menos uma vez por semana. Segundo Rigly, (apud ROLIM, 1997, p. 62), as pesquisas realizadas na Noruega, Inglaterra e Austrália apontam as formas mais comuns de bullying os constrangimentos verbais, como provocações, apelidos humilhantes. As formas de bullying que denotam de violência física tendem a diminuir com o tempo, mas, a incidência das formas verbais de constrangimento, continuam, sendo que a maior incidência ocorre dos 09 aos 15 anos.
Como o bullying e o desrespeito são problemas que se repetem em vários países e em uma variedade de lugares. Levamos em conta a interação entre muitos fatores que contribuem para esse problema, especialmente os decorrentes e relacionados à vida, cultura e educação dos envolvidos.
Tradicionalmente segundo os autores estudados, Kaukainen e Laperspetz (apud ROLIM, 1998). Considera-se a existência de três tipos principais de Bullying.
1. DIRETO E FÌSICO - Toda e qualquer prática que envolva a imposição de sofrimento físico como bater, socar, chutar, agarrar, empurrar, etc. ou a submissão do outro, pela força à condição humilhante, como o trote, furto, vandalismo a extorsão e a obtenção forçada de favores sexuais.
2. DIRETO E VERBAL - As práticas que consistam em insultar e em atribuir apelidos vergonhosos ou humilhantes; a produção de comentários racistas, intolerantes quanto às diferenças econômico-sociais, físicas culturais, políticas, morais, religiosas, entre outras.
3. INDIRETO - Manifesto pelas condutas propositais de exclusão ou isolamento do outro, pela fofoca e disseminação de boatos ou de informações que deponham contra a honra e a boa imagem do outro.
É importante perceber que os atos de bullying, não são o mesmo que violência ou intimidação, pois as práticas de bullying constituem forma particular, específica de manifestações da violência, caracterizada pela intencionalidade do autor em produzir o sofrimento e pela repetição das agressões e pelo desequilíbrio de poder entre agressor e vitima.
Ainda há pouca conscientização da realidade dos casos no meio educacional, muitos profissionais ainda se encontram despreparados à lidarem com a violência, principalmente a velada. Muitos ainda negam a existência do bullying em sua escola.
A presença do bullying nas escolas está fortemente ligado aos fatores relacionados ao insucesso e à evasão escolar, e do sofrimento causado às vitimas, inclusive com fatores agravantes à constituição de comportamentos violentos e agressivos na vida adulta. Daí a importância de se pensar em ações de prevenção decorrendo também de desafios pedagógicos, e na sociedade por políticas de segurança pública.

4 Incidência do bullying no Brasil
No Brasil ainda são poucas as pesquisas, porém, as condições mais amplas de natureza social econômica e cultural em nosso pais denotam à lidar com a possibilidade de indicadores ainda mais expressivos da violência. Os primeiros estudos a cerca desse tema iniciaram em escolas do interior de São Paulo, após ataques agressivos e violentos de alunos, vitimando colegas e funcionários.
Sendo adotado o mesmo termo da maioria dos países “Bullying”, traduzido como “valentão”, “Tirano” e com o verbo brutalizar, amedrontar. Assim sendo esta definição traduz o conjunto de comportamentos agressivos caracterizados pela repetição e desequilíbrio de poder, pelo fato da vitima não conseguir se defender, por ser menor, com menos força ou não apresentar agilidade física e pouca flexibilidade psicológica, perante o autor dos ataques.
Embora poucos estudos sobre o tema tenham ocorrido, percebemos a gravidade e a dimensão da violência vivenciada nas escolas brasileiras, variando estas desde a agressividade à atos de roubo de objetos de alunos e professores, sendo este último a ocorrência mais comum, muitas vezes vista até como algo banal.
Segundo Fante (2005) no Brasil segundo pesquisas, o bullying ocorre, com mais frequência dentro da sala de aula, diferentemente, de pesquisas internacionais que apontam que o bullying ocorre, com mais frequência nos intervalos e horários de entrada e saída da escola. Outro dado importante é que a maioria dos autores de bullying, relataram que nunca foram repreendidos ou advertidos por conta disso. Assim sendo, as formas de violência sofridas por crianças e adolescentes, continuam desconhecidas ou subestimadas.
Em nosso país tem-se debatido o tema violência nas escolas, tendo em vista o crescente aumento dos casos. Em decorrência disso projetos e programas procuram diminuir a violência escolar, enfatizando a violência explícita, no entanto programas educacionais que incluam a prevenção e o combate ao bullying nas escolas ainda é pequeno.
Vale ressaltar que as soluções para a resolução do bullying não são simples, em se tratando de um fenômeno de características variáveis e complexas. Dessa forma cada escola, de acordo com a sua realidade, deveria criar e desenvolver estratégias e programas de prevenção e combate. Estando envolvidos toda comunidade escolar e famílias, partindo da conscientização e do trabalho conjunto.

5 Consequências do Bullying
No estudo observou-se, que na maioria das vezes as práticas de bullying são invisíveis à escola, não sendo percebidas, quando detectado algum episódio dessa prática, a tendência da interpretação é dado como caso isolado, não se percebendo a rotina que envolve autores e vítimas. Por conta dessa falta de percepção e insensibilidade dos membros da escola, achando muitas vezes que é “brincadeiras” entre alunos. Esses atos constituem chacotas, apelidos pejorativos, ridicularizando, humilhando, rotulando e depreciando determinada pessoa. Não percebendo a gravidade da situação e até achando isso normal entre alunos.
Porém as consequências de tais condutas afetam profundamente, especialmente as vítimas que sofrem com os efeitos negativos, por pouco ou nada poderem fazer para resistir a situação, por mais que lhes seja intolerável. Geralmente os sintomas produzidos são variados e vão da baixa auto estima à ansiedade e depressão levando o indivíduo à baixa freqüência e evasão escolar, nos casos mais graves até a sentimentos suicidas.
Esses processos desencadeiam prejuízos ao seu desenvolvimento psíquico, já que a experiência traumatizante orientará inconscientemente o seu comportamento, na busca de evitar novos traumas gerando sentimentos negativos e pensamentos de vingança, podendo desenvolver transtornos mentais e psicopatologias graves além de doenças de fundo psicossomático. Transformando-o em um adulto agressivo ou depressivo, dependendo da intensidade do sofrimento vivido.
A superação dos traumas poderá ou não ocorrer. Isso dependerá das características individuais e da habilidade de relacionar-se consigo mesmo, com o meio social e especialmente com a família.
O bullying se firma de forma silenciosa e sutil. Quando grupos de crianças ou adolescentes se unem, formando sólidas relações de amizade, em que definem critérios de inclusão e exclusão do grupo, muitas vezes condenando e isolando alguém pelo racismo, homofobia ou preconceitos de natureza sócio econômica. Esse tipo de atitude depreciativa lança aos excluídos a vergonha e os faz acreditar que há algo errado com elas.
De acordo com Fante (2005) a maioria das vítimas chega em idade adulta com sérias dificuldades de relacionamento, baixa confiança nas pessoas e até sequência de experiências de vitimização por bullying em esferas, por exemplo no ambiente profissional. Entre os agressores a maioria deles na idade adulta torna-se criminoso com passagem na polícia.

5.1 A indisciplina e o sentido de vergonha
A relação familiar desestruturada é citada como a principal causa do comportamento violento e da indisciplina no contexto escolar. Afetados pela negligência, atitudes agressivas, falta de afeto, falta de limites e de exemplos positivos de cidadania, estes contribuem para que a criança e o adolescente tenha modelos de comportamento negativos, que são copiados e reproduzidos na escola, tornando-se um reflexo do que eles vivem no cotidiano.
Geralmente os pais é que realizam a tarefa de mediação entre o que é vivido e o que é socialmente e moralmente aceito, porém se a família não está bem ou contaminada por valores éticos e morais equivocados, aliados à ausência física de um dos genitores, a criança não tem a quem recorrer como referência, para busca de orientação positiva.
O que no passado via-se que as crianças obedeciam à seus pais, em geral também à seus professores, hoje observa-se o inverso, as crianças não obedecem seus pais , muito menos seus professores, devido a falta de limites. As crianças, hoje, não teriam limites, os pais não os imporiam, a escola não os ensinaria, a sociedade não os exigiria e a televisão os sabotaria. Esta síntese foi relatada por La Taille (1990).
Não queremos também generalizar, dizendo que todo ato de violência ou indisciplina na escola é decorrente da ausência de valores. Desprezando variáveis psicológicas decorrentes talvez da desorganização das relações, pela decorrência do enfraquecimento do vínculo entre moralidade e sentimento de vergonha.
Quando a criança ou o adolescente ridiculariza, humilha ou agride um colega, percebe-se nele a ausência de sentimentos, como o ser julgado negativamente pelos outros, enquanto a vítima passa a ser exposta como objeto do olhar e do pensamento de outrem, reconhecendo-se como um ser caído dependente e imóvel. Quando o olhar for negativo, crítico, então a vergonha encontrará sua tradução mais frequente, que é o sentimento de rebaixamento e humilhação.
A escola e sua equipe precisam estar atentos às particularidades de seus alunos, conhecer os fatores externos à escola, seu contexto familiar e social. Educando com ações positivas, para que a criança encontre satisfação e sucesso, buscando uma imagem positiva de si. Para não se tornar refém do juízo negativo dos outros, ou vendo na evasão escolar a única fuga para tal situação.

5.2 Indisciplina e violência: Os conflitos na escola
Uma das causas de conflitos na escola é o questionamento por parte dos alunos da autoridade do professor, a falta de respeito, é o que dá início a discussões e agressões verbais por parte de alunos contra professores. Esse é um tipo de violência que acontece na escola. Mas, a violência mais comum é entre os alunos, nas classes, onde os conflitos e tensões acontecem, por interações agressivas, como meios de diversão ou auto afirmação. Tendo um ou mais alunos de comportamento irritadiço e agressivo, este passa a ter necessidade de ameaçar, dominar os outros pela imposição e uso de força, por meio dela seus ataques são dolorosos e desagradáveis aos demais, que geralmente são mais frágeis e não conseguem reagir, fazendo com que o agressor se sinta forte, confiante e superior.
Se na turma existe alunos com características como timidez, passividade, insegurança e dificuldade de impor-se, mostrando-se indefeso. Este será a vítima, um alvo em potencial para o agressor, sabendo que não terá reação aos ataques.
Em geral o indivíduo com intenções agressivas, consegue o apoio de outros alunos, que se unem à ele, formando grupos (gangues), seus atos vão de ataques a colegas, verbais e físicos, a professores e funcionários até a depredação dos bens da escola. Na maioria das vezes sem que professores e funcionários percebam a movimentação, e não descubram os culpados.
O estudo de Couto (2008) mostra que geralmente a vitima não conta o ocorrido a professores e pais, temendo novos ataques em vista disso. Este aos poucos vai se isolando da turma, por causa das constante gozações e ataques, sem que consiga se livrar disso, ficando evidente para todos que não serve para nada. Seus colegas passam a também isolá-lo temendo ser a próxima vítima por ter sido visto andando juntos.
Os atos de bullying acontecem na sua maioria no espaço escolar, apresentando as características mais comuns, que são comportamentos repetitivos num período prolongado de tempo contra a mesma vítima, apresentam relações de desequilíbrio de poder, dificultando a defesa da vitima, ocorrem sem motivação evidente. Esses comportamentos podem ocorrer de duas maneiras direta que inclui agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences, xingar, apelidar e insultar) e indireta, esta talvez seja a mais prejudicial à vitima criando traumas irreversíveis, acontecendo através da disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando a discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social.
A dificuldade em utilizar estratégias para lidar com esse tipo de violência na escola, inquieta docentes a refletirem quanto a participação da escola na formação ética e moral dos educandos, estes precisam ser educados por alguém que se importe com eles, embora tudo comece na família a escola precisa fazer algo para ajudar essas crianças e o que eles vivenciam na escola.

5.3 Os rumos das relações de poder
Diversos fatores concorrem para o processo de violência nas escolas, mas qual será as relações estabelecidas entre os alunos envolvidos nesses processos. Entre outras características as relações de poder estão muito presentes, ou a busca por uma posição superior que lhe dê poder. Baseado em estudos sobre violência e indisciplina, vemos que poder na teoria de Focault (apud La Taille,1990) é verbo, ação, relação de forças, isso significa que poder não é uma coisa ou algo a mais que alguém tenha ou grupo, em detrimento de outro. Poder é relação de forças, dimensão constitutiva de relações sociais, onde os integrantes desse grupo estão em constante movimento de equilíbrio dessas forças.
Quem tem a resistência exerce pressão sobre o lugar de domínio. Enquanto um não “entrega os pontos” os pontos poderíamos assim dizer, o outro investe nas tentativas e rumos de seu ataque, em função de derrotas o mais frágil, e ser vitorioso, exercendo sua força. O poder torna-se ação exercida por um grupo sobre outro que fica desprovido de força e totalmente paralisado, sem possibilidade de reagir. Nessas relações sociais há busca pelo poder e por um posto de destaque, de atenção.
Em atos de violência cometidos por grupos, no contexto escolar, como o caso do bullying , a relação de poder do agressor é marcada pelos sentimentos positivos a respeito de si mesmo, como um meio defensivo de negar qualquer observação crítica a seu respeito, com níveis de hostilidade comportamental, busca sensações de grandeza e dominação para ser sempre o centro das atenções de seu grupo.
Há uma busca pelo poder por parte dos autores do bullying, segundo Cerezo (apud ROLIM, 2008) o bullying é situado como fenômeno grupal, só se pode compreender seu alcance analisando as relações sociais e de poder entre os escolares. Segundo estudos, alunos autores de bullying tendem a possuir maior ascendência social sobre os demais e a serem considerados, por pelo menos parte de seus colegas, que se constituem os expectadores. Os autores através de suas atitudes buscariam uma maneira de impressionar, de sobressair-se e de buscar um espaço de reconhecimento, que pelo seu comportamento agressivo de certa maneira teriam alcançado.

5.4 Violência e Família
Os motivos apontados que levam os educandos aos atos de violência e bullying nas escolas, são intrínsecos a formação que eles recebem na família e no entorno social que vivem. Muitas vezes vivenciando atos de violência e agressão, na família e na rua, assim age segundo o modelo que teve. Esta relação familiar, por vezes pautada na violência doméstica, junta-se a violência social a que estão expostas as crianças, que na maioria vivem em situação de pobreza e de extrema desigualdade social. Vivendo em um ambiente em que o diálogo cede a violência, a criança tende a reproduzir nos demais ambientes que frequenta a violência que está presente no seu cotidiano, a reprodução desse comportamento na escola se dá através de exercícios de coação e da agressão entre pares.
Compreende-se que as representações são ativas, fazendo parte da constituição das identidades dos sujeitos e grupos sociais. Assim sendo, a identidade é construída ativamente pelo meio, a partir de representações, cujos significados são produzidos na história e na cultura, nas práticas cotidianas dos sujeitos. Neste contexto, o aprendizado da violência contribui fortemente para inserção de práticas intolerantes e de desrespeito às diferenças, sociais e de gênero.
As influências da mídia, de programas com imagens inadequadas e violentas, influenciam nas aquisição de atitudes e modelos de comportamento, absorvidos e adotados pelos membros da família. Na interpretação de Souza (2008) a questão social e econômica de carência em que vivem a maioria das famílias, foi apontado como um dos agravantes da violência. Uma vez que os pais passam o dia todo fora de casa no trabalho, as crianças ficam sozinhas, carentes de afeto e atenção, que lhes não são destinados, nesta nova realidade da família Maldonado e Williams (apud ROLIM, 2008)

Ressaltam que a família tem uma importante influencia na aquisição de modelos agressivos pelas crianças. Pais que utilizam a punição estão mostrando a seus filhos que a violência é uma forma apropriada de resolução de conflitos e de relacionamento entre homens e mulheres.

As carências educacionais deveriam estar sendo supridas escola, entretanto, os educadores identificam o problema mas, ainda não se articulam para o enfrentar. Na interpretação de Fante (2005) O comportamento agressivo ou violento nas escolas é hoje um fenômeno social mais complexo e difícil de compreender, por afetar a sociedade como um todo, atingindo diretamente as crianças de todas as idades, na maior parte das escolas do país e do mundo. Segundo este apontamento entendemos que a escola deve prevenir o fenômeno violência que se desenvolve em seu contexto, impedindo a sua proliferação. Para chegar a isso, necessita-se de um trabalho psicopedagógico, através dele, conscientizar as famílias a cerca da importância da demonstração de afeto para com as crianças, da atenção as suas necessidades emocionais, e ao seu desenvolvimento físico e social. E do apoio e participação das famílias às ações sociais promovidas pela escola.

6 Considerações finais estratégias de prevenção e intervenção
A partir dessas reflexões, podemos dizer que é urgente, que seja feito algo pelas crianças e adolescentes, tanto vitimas quanto agressores. Sabemos que eliminar a violência social e estabelecer a paz, são tarefas, poderíamos dizer a te impossíveis, sendo a violência um fenômeno complexo como é, com inúmeras causas e diversas manifestações.
O Psicopedagogo pode na escola com o apoio e o envolvimento dos pais e demais membros do contexto educacional, promover campanhas de conscientização antibullying. Para que as pessoas próximas possam identificar os sintomas através da observação das crianças , ver se ela tem eventuais mudanças de humor, irritação freqüente. acessos de choro, insônia, falta de atenção, dores que o obriguem a faltar aula. Esses podem ser sinais de que algo de errado está acontecendo nas relações interpessoais dessa criança.
Fortalecer e estimular programas que favoreçam atitudes de socialização das crianças, reduzindo problemas de comportamento na escola e de índices de criminalidade que ainda poderia se desenvolver. Agindo assim na prevenção. Para isso, segundo Taylor (2006) O psicopedagogo precisa desenvolver na instituição e nos envolvidos com ela, uma postura comprometida com valores humanistas, nos aspectos de respeito diante das diferenças e na capacidade de contrastar com exemplos de posturas discriminatórias e preconceituosas vigentes na sociedade. O bullying também tende a desaparecer onde haja um clima de atenção e de vínculo entre as pessoas.
O trabalho individual em que a psicopedagogo, exercita com a criança a sua vivencia nos relacionamentos, pode ter um valor inestimável na hora de lidarmos com a individualidade da criança frente ao grupo. Qual a postura que esta deve ter diante dos demais e dos conflitos apresentados.
É preciso acreditar se possível e viável o seu combate desde que haja conscientização, planejamento, investimento, atitudes de compromisso e de responsabilidade, cooperação e sobretudo tempo, para se investir numa nova contra cultura de paz e estabelecê-la, através da formação de uma mentalidade humanista e solidária.
Através do desenvolvimento de estratégias psicopedagógicas bem elaboradas, é possível reduzir os índices de violência e bullying nas escolas, assim como também promover atitudes positivas e solidárias nos relacionamentos interpessoais dos pares e na maneira de pensar e de agir de toda comunidade escolar, a partir da conscientização da sua própria realidade quanto ao fenômeno e da reflexão conjunta na busca de soluções para conduta bullying e da educação emocional, visando melhorias nas relações interpessoais. Para que os alunos se tornem sensíveis aos seus problemas e aos problemas dos outros, desenvolvendo capacidade de empatia.
A educação deve proporcionar a paz, a solidariedade, ao amor e a tolerância e isso deve estar no coração de cada educador, para que ele possa transmitir ao coração das crianças, adolescentes e jovens, para que estes possam crescer capazes de viverem e atuarem em sociedade, conscientes e saudáveis emocionalmente.


Referências
FANTE, Cleo. Fenômeno bullying : como prevenir a violência nas escolas e educar para paz/.2. ed. ver. e ampl. Campinas, SP. Verus Editora, 2005.
BEAUDOIM, Marie Nathalie; TAYLOR, Mauren. Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola/. Porto Alegre; Artmed, 2006.
LA TAILLE, Ives, LAJOQUIERE, Leandro, et al . Indisciplina na escola: Alternativas teóricas e práticas/ Organização Julio Croppa Aquino. São Paulo : Summus, 1996.p.9-81.
COUTO, Maria Aparecida Souza. Violência e gêneros no cotidiano escolar . Disponível em: http://cinelandia.ufs.br/tede/tde_arquivos/10/TDE-2008-11-14T040414Z- 20/Publico/MARIA_APARECIDA_SOUZA_COUTO.pdf Acesso em: 30 mar.2009.
ROLIN, Marcos. Bullying o pesadelo da escola. Porto Alegre RS. Maio 2008. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/14951 Acesso em: 30 mar. 2009
RUFINO, Zilda Lopes Dinis. O cotidiano escolar e a Agressividade. Campinas SP. 2006. Disponível em: http://www.rieoei.org/rie37a04.htm Acesso em 31 mar. 2009.


Publicado em 21/06/2010 11:51:00


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Neusa Marli Rauch Littig - Graduada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Pós-Graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica pelo Instituto Paranaense de Ensino e Faculdades Maringá.

domingo, 20 de junho de 2010

Psicopedagogia Institucional

ANÁLISE DO PERFIL PSICOPEDAGÓGICO DA INSTITUIÇÃO

Simone dos Santos Antonio

O objetivo deste artigo é de compreender a atuação do psicopedagogo no âmbito institucional, juntamente com as necessidades e realidades vividas pelas escolas atualmente. O docente precisa motivar e envolver seus alunos para que se sintam estimulados para o seu desenvolvimento, proporcionando um ambiente que conferir ao aluno criar, comparar, discutir e perguntar, ou seja, aplicar e adquirir os conhecimentos. A intenção desse trabalho é proporcionar ao psicopedagogo, que tem um papel muito importante nesse processo de diagnostico e intervenção, um exemplo de intervenção, desde sua análise educacional, individual e até mesmo a análise da vivência individual de cada aluno envolvido. Vemos a necessidade que os alunos possuem de criar vínculos com seus professores, facilitando seu desenvolvimento cognitivo. No desenvolver o artigo fico fácil perceber a importância de um diagnóstico preciso, onde são ouvidas as diferentes visões e queixas dos agentes educacionais envolvidos.

Palavras-chave: Psicopedagogo, aprendizagem, intervenção.

INTRODUÇÃO
O psicopedagogo atua como um facilitador, identificando, diagnosticando e intervindo na solução da dificuldade de aprendizagem encontrada na criança. A intervenção psicopedagógica é importante na atuação do psicopedagogo, porém para obter-se um resultado satisfatório é necessário planejar a atuação
Segundo Coelho (2001) “Historicamente, a intervenção psicopedagógica vem ocorrendo na assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem (...) Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas escolas que freqüentam, com o objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades. A questão fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou melhor, em quem não aprende”.
A autora acrescenta ainda que para analisar a dificuldade de aprender inclui analisar o projeto pedagógico escolar, suas propostas de ensino e a valorização da aprendizagem. Essa ampliação através do aluno fornece ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos frente aos desafios encontrados, para que aconteça com sucesso a efetivação da aprendizagem.
Segundo a constituição federal é garantido o direito á igualdade e o direito de todos à educação. Os mesmo visam o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho. A constituição federal garante a todos o direito à educação e ao acesso a escola, assim toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma indivíduos.
Conforme Almeida (2009) “A aprendizagem exerce papel essencial no desenvolvimento humano, sendo sua principal característica os processos de mudança que ocorrem como resultado da experiência. Um componente essencial no processo de aprendizagem é a escola. Sendo esta, o espaço físico institucional onde se fornece de modo sistemático ensino coletivo. Deve ser entendida como espaço social responsável pela educação das pessoas, vinculada à realidade e necessidade da comunidade na qual está inserida”.

DESENVOLVIMENTO
Problema / Queixa principal (agentes educativos envolvidos)
Os professores consideram que as crianças em questão são incapazes de progredir na escola. Os professores não as conhecem profundamente. A turma que apresentou reprova de 70% da sala tiveram uma substituição constante de alunos que atingiu, no numero de sete professores em um ano. No próximo ano os alunos reprovados foram designados a ter aula com uma professora novata sem experiência como docente. Essas crianças repetiram novamente e foram redistribuídas pelas classes de iniciantes, a fim de recomeçar o processo de alfabetização. Os alunos não produziam, não faziam as lições, não se mobilizavam e para terem algum rendimento, acredito que precisam de estimulados.
Os principais agentes educativos envolvidos são: professores, inspetores, monitores, direção da escola e os pais dos alunos.
Segundo Oliveira (2009) “O diagnostico objetiva essencialmente orientar para um processo interventivo que seja significativo para o sujeito ou instituição em questão, no sentido de potencialização da aprendizagem”.
Sendo assim, percebemos o quanto o trabalho em equipe é importante para o sucesso de uma intervenção psicopedagógica. Sua totalidade quando envolvida com o objetivo de fortalecer a aprendizagem torna satisfatório os resultados a serem alcançados.

Hipóteses
Segundo Oliveira (2009, p.51) “Compreender o processo histórico de funcionamento e estabelecimento da estrutura maior que é a instituição, a partir das redes de relação, amplia a possibilidade de visão em relação à aprendizagem e confere maior flexibilidade de atuação e compreensão da situação atual da instituição”.
O psicopedagogo usa do diagnóstico psicopedagógico para identificar os problemas encontrados. É um processo de investigação, onde busca por pistas, selecionando e centrando-se na investigação de todo processo de aprendizagem, levando-se em conta todos os fatores envolvidos neste processo.
Devemos considerar algumas perguntas:
•Os professores são qualificados?
•Os professores são imparciais?
•A escola oferecem os recursos necessários para o bom desenvolvimento da aprendizagem das crianças?
•Os professores e a diretoria se apresentam de maneira ativa e afetiva para os alunos?
•Os pais fazem o seu papel e se preocupam em saber como os filhos esão caminhando na escola?
•As crianças se comprometem e realizam as suas tarefas?

A escola é um espaço relacional, onde se transmitem valores, além de estabelecerem rituais e convenções. O aluno precisa ser interpretado como um conjunto de suas condições materiais e espirituais de existência, sem esquecer que isso inclui a estrutura familiar.
Podemos levar as hipóteses que essas crianças sentem-se inferiores perante os demais alunos. Consequentemente até os professores, sentem-se frustrados por não conseguir desenvolver a grande essência de sua função – criar o estímulo e a interação entre o ensino – aprendizagem.

Instrumentos de Pesquisa
Oliveira (2009) conceitua que qualquer profissional que deseje trabalhar em escolas, precisa conhecer o sistema escolar, ou seja, os elementos que constituem uma estrutura formal e uma organização informal. Isso não é diferente para o profissional psicopedagogo que se sujeita a ser o articulador das relações de aprendizagem, envolvendo todos os elementos da instituição, como: programação, recursos materiais, pessoal escolar e a escola e seus subsistemas. A Autora acrescenta ainda que o profissional psicopedagogo provoca mudanças no individual e no coletivo, é importante ainda fazer uso de uma visão sistêmica que envolva todos os subsistemas.

A tarefa do psicopedagogo é identificar a dificuldade de aprendizagem que os alunos estão apresentando para então chegar a latente, que caracteriza a forma como a instituição escolar lida com as situações conflituosas. O psicopedagogo intervém, então, criando condições favoráveis para que a aprendizagem aconteça naquele grupo, tornando-se comprometido com a continuidade desse processo. (OLIVEIRA, 2009, p. 62).

Segundo Oliveira (2009), para realizar um diagnóstico de sucesso é preciso identificar alguns aspectos essenciais e seus questionamentos, como:
•Análise do contexto e leitura do sintoma: requer um pensamento sistêmico para que a visão seja ampla e imparcial. Ex: “Quais são os envolvidos?”, “Qual a responsabilidade de cada um deles?”;
•Explicação das causas em relação ao sintoma: é preciso analisar os obstáculos, através do diagnóstico institucional. É necessária uma pesquisa da dimensão histórica da causa das queixas. Ex: “Por que as crianças não aprendem?”, “Por que reprovam tantos anos”;
•Explicação da origem do sintoma e causas históricas: “analisar as concepções construtivista, estruturalista e interacionaista que embasam a epistemologia convergente”;
•Análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros considerados aceitáveis: o diagnóstico psicopedagógico devem estar relacionados com as propostas da instituição;
•Indicação e encaminhamentos: é preciso que o psicopedagogo possua vários instrumentos de intervenção para atuar com precisão e variedade.

Participação dos agentes educativos na pesquisa avaliativa
Ação do psicopedagogo é intervir junto aos agentes educativos, não só professores que atuarão com essa turma na sala de aula, mas todos os envolvidos como direção, monitores, inspetores e outros profissionais, usando de uma orientação psicopedagógica, que pode acontecer através de reuniões mensais.
As reuniões mensais não devem ser individuais, mas com o grupo, favorecendo a troca de informações e possibilitando uma maior compreensão dos problemas enfrentados pela sala. O apoio dado não deveria ocorrer através da descrição individual de cada aluno, visando evitar a criação de rótulos, por fim desestimulando os professores.
Segundo Almeida (2009) “Portanto, é relevante que o professor conheça o processo da aprendizagem e esteja interessado nas crianças como seres humanos em desenvolvimento. Ele precisa saber o que seus alunos são fora da escola e como são suas famílias”.

Planejamento e medidas intervenção frente o diagnóstico realizado
Conforme Coêlho (2001) que apesar dos esforços que as escolas tradicionalmente oferecem para a solução dos problemas encontrados no processo de aprendizagem dos alunos, a escola, muitas às vezes não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno que possui dificuldades necessidades.
O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem daquele aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa no projeto terapêutico. (COÊLHO, 2001).

É preciso realizar uma entrevista com todos os envolvidos para a exposição dos motivos pelos quais as crianças não aprendem e consequentemente reprovam de ano. O processo de diagnóstico é real é verdadeiro para o caso em si. O sintoma deve ser percebido como algo que não está caminhando bem.
Conforme Oliveira (2009, p.72) “Normalmente, o sintoma ou a queixa, configura-se pela descrição da dificuldade de aprendizagem de um indivíduo ou de um grupo”.
Seguindo ainda Oliveira apud Simone Carlberg, que organizou um instrumento para essa observação, chamado de EOCMEA – Entrevista Operativa Centrada na Modalidade de Ensino Aprendizagem. Baseado no EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, desenvolvido por Visca.
Como o EOCMEA pode aproximar do objeto de estudo para perceber o que o grupo sabe e não sabe. Após toda etapa de investigação e estudo, vê-se a necessidade de fazer uma devolutiva a todos os envolvidos do que foi percebido e concluído.

Uma solução que pode ser considera, seria a introdução de uma professora de apoio, que auxiliaria a professora em suas atividades, inclusive fora do período escolar, mas no ambiente da escola.
Este procedimento atenderia para que os alunos com dificuldades voltassem para casa com todas as tarefas realizadas. A professora de apoio que, tem o papel de criar um forte vínculo de confiança com os alunos, os empolgando na realização da aprendizagem.
A teoria do vínculo criada por Pichon Reviére, já dizia que as pessoas se relacionam de acordo com seus modelos de vinculação. Sendo o vínculo uma estrutura psíquica, complexa e de caráter e responsabilidade social.
Paralelamente ao trabalho de orientação, a intervenção psicopedagógica também inclui os pais, que através de reuniões, poderão acompanhar o trabalho realizado pelos professores e o desenvolvimento dos seus filhos. Abandonando o papel de espectadores, assumiram a posição de parceiros, participando, opinando e cobrando. Incorporados realmente ao trabalho de equipe, com a função e responsabilidades dos pais bem definidas.
Consequentemente, treinar os professores para que atuem com dedicação e comprometimento com as crianças, proporcionando à eles, que na maioria possuem problemas familiares, um relação de apoio e preocupação. Acredito que o expor às crianças da importância dos estudos de uma maneira lúdica, onde os mesmo deixem de se sentirem excluídos, pelos colegas que “não repetem de ano”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Coelho (2001) “Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, sobretudo quando os professores são especialistas nas suas disciplinas”.
Percebo que o psicopedagogo institucional diagnostica e conduz a equipe na resolução do conflito existente no ensino, na aprendizagem enas relações entre professores e alunos. Sendo assim o psicopedagogo tem um papel importantíssimo no contexto escolar, não apenas para fazer acompanhamento de casos, como para dar o apoio e a orientação aos professores e para servir de ponte de comunicação entre os envolvidos no contexto escolar.
Concordo com a colocação de Almeida (2009) que relata “A efetiva ação da Psicopedagogia tem se constituído num espaço plural e multidisciplinar, em busca do conhecimento articulado entre o psíquico e o cognitivo e as suas relações com a gênese da aprendizagem, objetivando trabalhar com os distúrbios de aprendizagem e a oferta de sugestões para a melhoria da qualidade do ensino”.
Concluo esse artigo reafirmando ainda mais a grande importância do psicopedagogo dentro de uma instituição educacional e sua intervenção por meio de medidas confiáveis e atualizadas que trazem o individuo a sua realidade. Proporcionando assim melhor qualidade no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido entre alunos e professores.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marjorie Calumby Gomes de. A psicopedagogia institucional frente ao desafio da inclusão escolar. Artigo publicado em 08.Dez.2009. Disponível em http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/artigos_marjorie_psicopedagogia_institucional.htm. Acesso em 04.01.2010 às 12:30:30
COÊLHO, Ana Silvia Borges Figueiral. A intervenção psicopedagógica na parceria com os professores. Artigo publicado em 02.Jan.2001. Disponível em . Acesso em 11.12.2009 às 12:00:30
OLIVEIRA, Mari Ângela Calderari. Psicopedagogia: a instituição em foco. 1. ed. Curitiba: Ibpex, 2009. 187 p

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Agressividade nos desenhos

Parecer psicológico sobre o desenho animado "Pokémons"

pelo psicólogo Fernando Falabella Tavares de Lima (fernando@netpsi.com.br)




O Desenho Pokémon’s e a Agressividade nas Crianças e Adolescentes

Inicialmente, é conveniente salientar que este texto não tem como base nenhuma pesquisa específica sobre o tema em questão. Até o presente momento não tivemos contato com nenhuma publicação específica relacionando o desenho animado em questão com o comportamento agressivo nas crianças e adolescentes. Convém salientar, ainda, que não estamos fazendo um estudo médico-neurológico sobre possíveis efeitos do desenho animado em questão como desencadeador de possíveis crises epilépticas do tipo fotossensível. Há alguns anos atrás, foram registrados alguns casos desses no Japão, mas até aonde temos conhecimento, o fator desencadeador das crises foi solucionado.

Contudo, é sabido que os programas de televisão, assim como os jogos eletrônicos violentos (videogame e/ou microcomputadores), podem exercer alguma influência sobre o comportamento apresentado por crianças e adolescentes. Procuraremos debater o assunto de forma sucinta, tomando-se como base alguns artigos e pesquisas relacionadas indiretamente a esta questão específica – os Pokémon’s.

Tomando-se por base um trecho de um artigo sobre a influência da mídia em crianças e adolescentes, estudo de 1998, é possível verificar a dificuldade em se concluir a influência de programas de televisão sobre o comportamento de crianças: "O grau de influência da TV no comportamento infanto-juvenil, assim como as conseqüências psicológicas a longo prazo de sua programação não encontram consenso, em face de sua difícil mensuração ou padronização de instrumentos de avaliação e porque se mesclam a outros fatores que influenciam o comportamento e que não podem ser estudados separadamente."

Embora seja muito difícil afirmar que a programação de televisão ou os jogos eletro-eletrônicos possuam relações diretas no comportamento humano, o Professor de Ciências da Computação da Universidade de São Paulo, Valdemar Setzer, afirma que: "Em termos de comportamento, pode-se afirmar que os jogos eletrônicos têm como conseqüência a desumanização e a mecanização do ser humano. O jogador é reduzido às reações típicas de animais reagindo a um estímulo exterior".

Conforme afirma o professor Setzer, as reações dos seres humanos ficam parecidas com a de animais, ou seja, ficam puramente instintivas. Outros estudos, publicados no Estados Unidos, vêm corroborar a opinião do professor, no que diz respeito a pessoas que apresentam predisposição para comportamentos agressivos: "Trinta anos de pesquisas nos Estados Unidos sobre os efeitos da brutalidade na televisão chegaram a duas conclusões. Primeira: a TV estimula comportamentos agressivos em crianças predispostas ou criadas em ambientes hostis. A segunda: ela induz à imitação, influenciando a construção dos valores"

Tomando-se por base essas pesquisa, supracitada, parece não restar dúvidas que para algumas crianças o fato de ficarem o dia todo sentadas à frente da televisão não pode ser produtivo. Não há como afirmar que qualquer manifestação de violência possa ser procedente, diretamente, de uma identificação com algum personagem de filmes ou até desenhos animados. Contudo, fica patente a necessidade de um grande rigor ao se escolher qual programa deve ser liberado para as crianças e em que horários.

Especificamente em relação ao desenho Pokémon’s não há como afirmar que ele traga qualquer tipo de conseqüência danosa à formação moral das crianças. A televisão, assim como todo o mundo está em plena evolução. Cada vez mais as imagens são mais fortes e os enredos dos programas mais elaborados. Não podemos culpar o desenho animado em questão por nada, pois assim como ele, a grande maioria dos programas destinados à criança, de uma forma ou de outra, exploram excessivamente aspectos violentos ou de sexualidade.

Como forma de exemplificar a temática que estamos debatendo, acreditamos que possa ser bastante interessante inserirmos aqui, antes das considerações finais deste texto, algumas das imagens do desenho animado em questão – OS Pokémon’s

N a opinião de um grupo de professores de Psicologia da Universidade de São Paulo, a sociedade deve se conscientizar das questões que envolvem a violência e suas formas de disseminação, buscando a minoração das conseqüências danosas: "O computador, a televisão e o videogame são recursos tecnológicos que a sociedade possui, de forma que seus efeitos positivos ou negativos serão frutos do modo que estes serão utilizados. Cabe à sociedade saber aproveitar os recursos positivos destas tecnologias e, se possível, restringir seus efeitos negativos."

Considerações Finais:

Como foi apontado pelos relatos acima citados, não há como negar o fato de que tanto a programação da televisão, quanto alguns jogos violentos podem exercer uma séria influência no comportamento de crianças e adolescentes que, ao se identificarem com os heróis e personagens, passam a seguí-los muitas vezes como exemplos. Entretanto, não há dados suficientes para se afirmar que o desenho animado "Pokémon’s" exerça uma influência mais danosa ou nefasta do que os outros desenhos do mesmo gênero, gerando comportamento agressivo em seus espectadores.

Realmente a programação infantil da televisão brasileira apresenta muitos desenhos violentos e agressivos, contudo não há como afirmar que esses desenhos geram algum tipo de violência. Vale lembrar que muito antes de existir televisão, portanto bem antes de toda essa polêmica em torno dos programas infantis, nossos antepassados sempre leram estórias infantis e contaram lendas para as crianças. Estórias essas que em sua maioria são bastante violentes, tristes e angustiantes. Contudo, para as crianças essa é uma forma, imprescindível, de elaboração dos seus conflitos psíquicos.

Será que não é exagero culpar os desenhos animados pela crises de agressividade e violência das crianças? Claro que a programação infantil deveria ser de um nível educativo mais alto, isso nem se discute; contudo, os desenhos animados violentos e trágicos de hoje não exercem o mesmo papel que algumas lendas antigas? Não há como negar a violência e a grande carga de emoções contidas em estórias como "Os três porquinhos", "A branca de neve" ou mesmo em "Pinóquio".

Assim sendo, não acreditamos que um desenho animado tenha tanto poder de influência. Deveríamos considerar outras características desse mundo "pós-modernos", que apresenta famílias desestruturadas, onde os pais (quando existem) muitas vezes não tem tempo para assistir um programa televisivo com os filhos e fazer a leitura crítica, ajudando as crianças a assimilarem os comportamentos certos e distinguirem-nos dos errados.

Cabe aos adultos possibilitarem às crianças outras formas de diversão que "ampliem os horizontes" para além da televisão, dos jogos eletrônicos e dos computadores. O adulto deve acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança, servindo como apoio, como referência, apontando o que é certo e o que é errado, colocando os limites, que sabemos serem tão importantes para a estruturação do psiquismo. Convém, lembrar a importância das brincadeiras para as crianças, sugerindo que este pode ser um caminho bastante divertido e muito saudável. Nas palavras de um especialista em Psicanálise infantil da USP : "...Pelo brincar a criança traduz simbolicamente fantasias, desejos e experiências vividas." E ainda, "... As maneiras de brincar, os modos de representar situações, as mudanças de um brinquedo para outro não são fruto do acaso. São efeitos de determinismo psíquico inconsciente e adquirem sentido se interpretados do modo como se faz com os sonhos".

Considerando-se tudo o que foi apresentado, sugerimos que as crianças, de uma maneira geral, devam ficar menos tempo em frente à televisão e ter mais tempo e oportunidades para brincar. Os pais ou responsáveis devem acompanhar mais de perto a formação das crianças, que tanto precisam dos modelos familiares para alcançarem um desenvolvimento psíquico dito satisfatório.

Referências Bibliográficas

Ajuriaguerra, J. - "Manual de Psiquiatria Infantil" - 2.a. Edição - Rio de Janeiro, Ed. Masson do Brasil, 1980
Campos, L.F.L.; Yukumitsu, M.T.C.; Fontealba, L.H. & Bomtempo, E. – "Videogame: um estudo sobre as preferências de um grupo de crianças e adolescentes" – In "Estudos de Psicologia" – Vol. XI, nº3, 1994
Scherb, E. & Lima, F.F.T. – "Sobre a Mídia e a Infância e Adolescência", - Parecer Psicológico do CAOPJIJ, 1998
Revista Super Interessante, n.º. 6 – Ed. Abril, 1999
Ryad, S. – "Introdução à Psicanálise: Melanie Klein" - São Paulo, E.P.U., 1986

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Medo

A inconveniência do medo!
Prof. Chafic Jbeili - www.unicead.com.br

Ah o medo! Na medida certa nos preserva a vida, nos faz calar na hora certa, nos faz baixar a cabeça e oportunamente recuar de uma investida fadada ao fracasso. Por causa do medo olhamos se vem carro antes de atravessar a rua.

O medo nos dá mais tempo para pensar e produzir mais pensamentos antes de uma escolha ou de uma ação importante. O medo nos preserva não apenas a vida, mas também os dentes, o emprego e o status social.

Ah o medo, quão oportuno és na justa medida! Mas quem sabe ao certo sua medida? A criança assustada que chora ao som de um repentino bater de palmas? Ou será que é aquela que teme dar os primeiros passos e se agarra em tudo? Ou ainda, aquela que exita tirar as rodinhas da bicicleta com medo de cair? Será este sabedor da justa medida o adolescente que sua frio ante a “pagação” de um mico ou será o jovem que desafia os pais arriscando perder seu amor e sua provisão? Quem de nós sabe qual a boa medida do medo?

Ah o medo, quão poderoso és na justa medida! Mas qual dos adultos conhece seus limites? Aquele que mente na entrevista de emprego para acessar o mercado de trabalho ou o trabalhador que contraria sua própria vocação para garantir o pão de cada dia? Ou ainda, aquele que abre mão de seus sonhos para poder realizar os sonhos dos outros, de um filho rebelde, ingrato?

Quem sabe ao certo a justa medida do medo? Os pais permissivos e gratificadores compulsivos por temerem não serem bons pais ou será os filhos inexperientes e chantagistas que, atentos aos medos dos pais, impõem suas exigências dizendo-os incompetentes na arte de educar?

Fora de tal medida, que é personalíssima, o medo mantém o homem refém da tentativa impedindo-o crescer; mantém pais reféns dos filhos; mantém o trabalhador refém de um sistema que não acredita mais e de um emprego rentável, embora medíocre e sem graça.

O medo fora da medida mantém mulheres mal tratadas refém de uma despensa bem provida. O medo evita o esforço e a dor ao mesmo tempo em que inibe a ação bem sucedida, coroando de glória a inércia que alenta o conforto e a comodidade do “tá tudo bem!”.

Excêntrica à justa medida o medo mantém pessoas com medo do trovão privando-as do espetacular balé dos reluzentes raios. O medo excessivo solda eternamente as rodinhas na bicicleta privando a criança experimentar a sensação de independência e liberdade. O medo do novo condena seu portador apenas ao que é trivial.

Muitos dos medos que as pessoas vivem foram implantados por idéias ou acontecimentos do passado que as fizeram sofrer e pensar que as coisas não darão certo nunca mais. Elas não querem sofrer de novo e por isso desistem de tentar realizar seus objetivos e encalçar seus sonhos. Essas pessoas escolhem abrir mão de sua visão de vida temendo enfrentar as adversidades. Temem serem traídas novamente. Temem ficar desempregadas. Temem a ruptura, a mudança, o novo, o imprevisível.

Porém, as adversidades, os erros, as traições, as perseguições, a vergonha também fortalecem e deixam as pessoas mais preparadas para suas próximas tentativas.

Os objetivos pessoais e a visão de vida que uma pessoa nutre em sua alma sempre terão de ser maiores que as adversidades que ela enfrenta. Nada pode desviar uma pessoa determinada do caminho que acredita levá-la à realização de suas aspirações. Por isso ela precisa vencer o seu medo ou pelo menos colocá-lo na justa medida.

As pessoas bem sucedidas são aquelas que rompem com suas experiências negativas do passado, superam seus medos e partem determinadas a alcançarem seus sonhos. Elas buscam os elementos que podem regenerar suas forças e nutrir sua fé, dando-lhes força de vontade e coragem suficiente para tentarem não mais uma vez, mas até conseguirem o que querem.

Quem decide romper com o medo que eventualmente lhe paralisa sente instantaneamente uma força latente aflorar em forma de esperança, alegria e vontade de conquistar ainda mais coisas.

Humanamente falando, nada nem ninguém, seja o que for, seja quem for, pode impedir a realização de um sonho a não ser o próprio medo fora da justa medida!

Só a pessoa ousada, destemida, pode amar sem temer ser traída; ser generosa sem temer ser roubada; dizer não sem temer ser rejeitada; impor limites sem temer ser limitada; arriscar fazer as coisas sem temer ser mal sucedida; declarar sua opinião sem temer ser indesejada; confrontar chefes ou colegas de trabalho sem temer perder o cargo ou até mesmo o emprego; viver as adversidades sem temer a morte.

A despeito de minha profissão de fé, eu costumo afirmar que Deus é a minha força, a minha luz e o meu consolo. A quem temerei a não ser aquEle que pode me privar da vida eterna e dos bens espirituais que estão bem acima das coisas materiais ou sentimentais?

Porque andar ansioso, preocupado apenas em ser bom pai, bom profissional, bom cidadão, com medo de não ser amado, aceito ou com medo de não ter onde trabalhar, o que comer ou o que vestir quando se pode romper com esses medos primários e buscar, além dessas coisas, também aquelas que realmente correspondem às mais nobres aspirações existenciais do ser humano?

Quão inconveniente é o medo que fora de suas medidas paralisa, trava, freia e impede as pessoas prosseguir crescendo na vida sem deixar de preservar a própria existência!



Prof. Chafic Jbeili
Consultor vivencial, Psicanalista, Psicopedagogo e Escritor.

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Formação continuada e qualificação profissional
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domingo, 6 de junho de 2010

Raiva

Mariana ficou toda feliz, porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas.

No dia seguinte, Júlia, sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar...

Mariana não podia, pois naquela manhã iria sair com sua mãe...


Júlia então pediu à coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá, para que ela pudesse brincar sozinha, na garagem do prédio.

Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.

Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.

Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.

Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:

"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo?
Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.

Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia p/ pedir explicações.

Mas a mãe, com muito carinho, ponderou:

"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?
Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.
Você lembra o que a vovó falou?
Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro.
Depois ficaria mais fácil p/ limpar.


Pois é, minha filha - com a raiva, é a mesma coisa.
Deixa a raiva secar, primeiro; depois fica bem mais fácil resolver tudo.

Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão.

Logo depois, alguém tocou a campainha.

Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão.

Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:

"Mariana, sabe aquele menino máu da outra rua, que fica correndo atrás da gente?
Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.
Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado...
Quando eu contei para a mamãe, ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.
Espero que você não fique com raiva de mim.
Não foi minha culpa."

"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou..."

e dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto, para contar a estória do vestido novo, que havia sujado de barro.

NUNCA TOME NENHUMA ATITUDE, NA HORA DA RAIVA!


A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.

Assim, você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais, pela sua posição ponderada e correta,
diante de uma situação difícil.

LEMBRE-SE SEMPRE: DEIXE A RAIVA SECAR !

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Stress afeta memória e aprendizagem

Para entender como o stress afeta a memória, vamos a alguns dados básicos sobre como as memórias são formadas (consolidadas), como são recordadas e como podem desaparecer. A memória não é monolítica: pode ter vários “sabores”. Uma dicotomia particularmente importante é a entre memórias de curto e longo prazo. Com a primeira, você lê um número de telefone, corre pela sala antes de esquecê-lo e martela os dígitos. Depois o número se perde para sempre. Já a memória de longo prazo é a que você usa para se lembrar do que comeu no jantar de ontem, quantos netos tem ou onde fez a faculdade. Outra distinção importante é entre memória explícita (também conhecida como declarativa) e implícita (que inclui um subtipo importante, a chamada memória processual), memória explícita se refere a fatos e eventos, ao lado de sua percepção consciente de sabê-los: sou um mamífero, hoje é segunda-feira, meu dentista tem sobrancelhas grossas. Já as memórias implícitas processuais têm a ver com habilidades e hábitos,como fazer coisas mesmo sem ter de pensar conscientemente nelas: mudar as marchas do carro, andar de bicicleta, dançar foxtrote. Com prática suficiente, essas memórias podem ser transferidas entre as formas explícita e implícita de armazenamento. Assim como existem diferentes tipos de memória, áreas distintas do cérebro estão envolvidas no armazenamento e na recuperação de informações. Um dos lugares críticos é o córtex, a enorme superfície cheia de circunvoluções do cérebro. Outro é a região espremida logo abaixo de parte do córtex, o hipocampo. Se quiser uma metáfora computacional totalmente simplista, pense no córtex como seu disco rígido, onde as memórias são guardadas, e no hipocampo como seu teclado, o meio que você usa para distribuir e acessar as memórias. Final¬mente, estruturas do cérebro que regu¬lam os movimentos do corpo, como o cerebelo, também estão envolvidas na memória implícita processual. Agora, vamos aumentara ampliação do nosso microscópio e examinar o que acontece no nível dos conjuntos de neurônios dentro do córtex e do hipocampo. Oe sabemos é armazenado nos padrões de excitação de vastos conjuntos de neurônios — no jargão da moda, “redes” neuronais. Tiramos partido dessas redes convergentes sempre que tentamos recordar uma memória que está na ponta da língua. Imagine que você esteja tentando lembrar o nome de um pintor, aquele cara, qual éo nome dele? “Era aquele cara baixinho com barba (ativando suas redes ‘cara baixinho’ e ‘cara com barba’). Ele pintou aquele monte de dançarinas parisienses, não era o Degas (mais duas redes entram no jogo). Ah, lembra
daquela vez em que eu estava no museu e tinha aquela gata que eu estava tentando paquerar na frente de um dos quadros dele.., como era mesmo aquele trocadilho tonto sobre o nome do cara, aquele do nó no treco?”. Com redes suficientes funcionando, você finalmente chega ao único fato que é a intersecção de todas elas: Toulouse-Lautrec.
SINAPSES COMPLEXAS
Hoje, os neurocientístas consideram que tanto a aquisição quanto o armazenamento das memórias envolve o “fortalecimento” de algumas redes em detrimento de outras. Para observar como isso ocorre, vamos aumentar ainda mais a ampliação, para visualizar os espaços minúsculos entre os ramos tortuosos dos neurônios, as chamadas sinapses. Quando um neurônio quer transmitir alguma fofoca sensacional, quando uma onda de excitação elétrica atravessa essa célula nervosa, desencadeia-se a liberação de mensageiros químicos — neurotransmissores —, que flutuam através da sinapse e excitam o neurônio seguinte. Existem dezenas, provavelmente centenas de tipos de neurotransmissor e as sinapses do hipocampo e do córtex fazem uso desproporcional do que provavelmente é o neurotransmissor mais excitatório, o glutamato. As sinapses “glutamérgicas” têm duas propriedades essenciais para a memória. Primeiro, sua função é não-linear. Numa sinapse comum, um pouco de neurotransmissor do primeiro neurônio faz com que o segundo fique um pouco excitado; se um pouquinho mais de neurotransmissor ficar disponível, um pouquinho mais de excitação ocorre, e assim por diante. Nas sinapses
glutamérgicas, certa quantidade de glutamato é liberada, e nada acontece. Uma quantidade maior é liberada, e ainda assim nada acontece. Mas, quan¬do determinado limiar é ultrapassado, abrem-se as comportas do segundo neurônio, e o que se segue é uma onda maciça de excitação. É essa onda que se torna essencial para o aprendizado. A segunda característica é ainda mais importante. Nas condições adequadas, quando uma sinapse tem uma quantidade suficiente de experiências superexcitatórias causadas pelo glutamato, ela se torna mais excitável permanentemente. Essa sinapse acabou de aprender algo, ou seja, foi “potencializada” ou fortalecida. Daí em diante, basta um sinal mais sutil para recordar uma memória. Agora, podemos ver o que acontece quando o sistema reage ao stress.O primeiro ponto, claro, é que o stress leve ou moderado melhora a memória. Trata-se do tipo de stress ótimo que nós chamaríamos de “estimulação”— ajuda a nos sentirmos alertas e focados. Larry Cahill eJames
McGaugh, da Universidade da Califórnia em Irvine, fizeram um teste particularmente elegante nessa seara. Pessoas que ouviam uma história com uma passagem particularmente emocionante se lembravam mais dos componentes emocionais da trama do que as que ouviam uma história uniforme-mente desinteressante. O estudo também indicou como esse efeito atua sobre a memória (para saber ntais sobre as cascatas bioqu (micas do stress, ver a ilustração acima). O sistema nervoso simpático entra em ação, despejando epinefrina e norepinefrmna na corrente sangüínea. A estimulação simpática parece ser essencial, porque quando Cahill e McGaugh deram aos pacientes uma droga que detém a ati¬vaçãodo sistema (o bloqueador beta propanolol, medicamento usado para baixar a pressão), o gmpo não se lembrou mais da história mais animada do que o grupo controle se lembrava da sua. Não é que o propanolol impeça a formação de memórias. Naverdade, a droga atrapalha a formação de memórias auxiliada pelo stress. Em
outras palavras, as pessoas se lembravam das partes chatas da história tão bem quando os controles, mas não obtinham o aumento da memória proporcionado pela parte emocionante.o sistema nervoso simpático leva o hipocampo indiretamente a um estado mais alerta e ativo, o qual, por sua vez, facilita a consolidação das memórias. Isso envolve uma área do cérebro que também é essencial para entender a ansiedade, a amígdala. O sistema nervoso simpático também faz com que as necessidades energéticas de potencialização dos neurônios sejam satisfeitas mobilizando glicose na corrente sangüinea e aumentado a força com que o sangue é bombeado para o cérebro. Um grupo importante de hormônios liberados em resposta ao stress é o dos glicocorticóides. Secretados pela glândula adrenal, eles muitas vezes agem como sua prima mais famosa, a epinefrmna (também conhecida como adrenalina). Ela age em segundos; os glicocorticóides apóiam essa atividade ao longo de minutos ou horas. De fato, uma elevação leve dos níveis de glicocorticóides facilita o processo peloqual as sinapses do neocórtex e do hipocampo se tornam mais sensíveis aos sinais do glutamato, a potencialização de longo prazo que é a base do aprendizado. Uma elevação desse nível também facilita a potencialização de longo prazo no hipocampo. Finalmente, há alguns mecanismos obscuros pelos quais o stress
moderado, de curto prazo, toma os receptores sensoriais mais sensíveis. Papilas gustativas, receptores olfativos e células cocleares do ouvido exigem menos estimulação, sob stress mode¬rado, para ficar excitados e transmitir informação para o cérebro. Agora, podemos ver como a formação e a recuperação de memórias podem ficar desajustadas quando os fatores de stress são grandes ou prolongados. Vários estudos com ratos de laboratório — usando diferentes fontes de stress, como restrição, choque e exposição ao odor de um gato — mostraram declínio na memória explícita. Um déficit parecido surge quando doses elevadas de glicocoiticóides são administradas a ratos. Outros aspectos da função cerebral, como a memória implícita, continuam bem.
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