sábado, 25 de setembro de 2010

O Adolescente com TDAH

O ADOLESCENTE COM TDAH.

A Hiperatividade tende a diminuir de intensidade com a idade, e se apresenta como uma leve sensação de inquietação ou ansiedade. Mas, para muitos jovens a hiperatividade continua a perturbar e a provocar problemas na adolescência, pois eles envolvem-se em acidentes de moto, guiam perigosamente e parece não temer o perigo.

Se a entrada na puberdade é realmente um problema para as crianças de um modo geral, o que não dizer para o adolescente portador de TDAH?
A adolescência é um período difícil (muitas transformações hormonais, biológicas) em que as pressões escolares e da vida, de modo geral, aumentam muito, cobrando desses jovens todo o tipo de coisas que muitas vezes eles ainda não se encontram prontos (biologicamente amadurecidos) para realizar. Não raramente eles passam a se sentir sozinhos e culpados, assumindo para si a responsabilidade de corresponder as expectativas de seus pais e as do mundo, quando muitas vezes eles ainda não vão ter essa condição e o pior, muitos podem não saber lidar com o sentimento de frustração, vergonha ou de incompetência que geralmente surge nessa hora.
E se os adolescentes de modo geral ainda precisam muito do apoio e suporte dos pais, mais ainda os adolescentes portadores de TDAH, que certamente apresentarão mais problemas acadêmicos e de socialização do que jovens da mesma idade, não portadores de TDAH. Pesquisas em todo o mundo mostram que adolescentes com TDAH têm muito mais chance (em relação a jovens de mesma idade sem o TDAH) de serem mais imaturos e impulsivos, com mais atitudes desafiadoras, de apresentarem maior número de repetências e de abandono da escolaridade formal, de expulsões do colégio, de quedas, fraturas e hospitalizações, de gravidez precoce e DST (doenças sexualmente transmissíveis), de mais problemas com figuras de autoridade e com a Justiça, de terem maior índice de depressão e ansiedade, de uso abusivo de álcool, drogas e tabaco precocemente, de terem um estilo de dirigir perigosamente, etc.
Questões citadas acima merecem toda a nossa atenção, pois são tidas como questões de pior prognóstico ao longo da vida do indivíduo. Assim, os pais devem estar sempre ao lado de seus filhos nessa passagem tão delicada da puberdade para a vida adulta, estando sempre disponíveis quando eles precisarem e na medida do possível, abrindo mão das expectativas sobre eles, uma vez que isso costuma se tornar um fardo muito pesado sobre os ombros dos filhos.



COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DO TDAH.

O diagnóstico de TDAH só pode ser feito por profissionais da área da saúde mental, eles são capacitados para dar o diagnóstico correto.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:

**Os sintomas devem estar presentes, no mínimo há seis meses;

**Inicia-se na infância antes dos sete anos de idade;

**Os sintomas devem comprometer pelo menos dois locais (escola, lar, trabalho, ambiente social);

**Coleta pelo médico de informações objetivas e cientificas relativa ao comportamento e as deficiências da criança;

**Observação de seu comportamento na sala de aula (questionarias elaborado para professores);

**Questionário elaborado para os pais;

**teste direto com a criança;

**Teste de atenção visual computadorizado para crianças e adolescentes ( 6 aos 18 anos de idade) hoje alguns médicos usam o TAVIS 2R.

TRATAMENTO DO TDAH.

TRÊS TIPOS DE INTERVENÇÃO:

1-Medicamentosa, (somente feita por médicos);

2-psico-educação, (intervenção de psicopedagogos e psicólogos);

3-intervenções psicossociais; (intervenção de psicopedagogos, fonoaudiólogo e psicólogos).

O tratamento da criança ou adolescente TDAH sempre deve ser feito em conjunto com uma equipe, de acordo com a necessidade de cada um, onde participa médico, pedagogo, psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo e a família. A interação da família é de extrema importância para um resultado positivo.

MITOS SOBRE TDAH.

Vamos examinar a seguir algumas falsas crenças que as pessoas têm mantido em relação ao TDAH:

Mito 1.

O TDA/H é um distúrbio fantasma, não existe. Na verdade criaram uma boa desculpa para pais e professores justificarem suas dificuldades de educar e de colocar limites a certas crianças mais difíceis que as outras.

Veja a Declaração de Consenso assinada por 80 experientes profissionais sustentando que o TDA/H é um transtorno legítimo.
O transtorno tem sido descrito tanto na cultura ocidental quanto na oriental.
Os estudos com gêmeos e com crianças adotadas mostram que o papel predominante é do fator hereditário, cabendo ao ambiente uma participação menos expressiva na gênese do problema.

Mito 2.

As crianças com TDA/H não são diferentes das demais. Nenhuma criança consegue ficar quieta ou prestar atenção por muito tempo seguido.

É verdade que a capacidade de controle da atividade motora, dos impulsos e da capacidade de concentração varia de pessoa a pessoa e que só gradativamente essas capacidades vão se desenvolvendo no período da infância.
A diferença entre uma criança com TDA/H e outra talvez não possa ser bem percebida na hora do recreio, quando é de se esperar que todas estejam correndo, pulando ou gritando. Porém, ao soar a campainha do fim do recreio, quando todos retornam à sala de aula, aí podemos observar que uma determinada criança sistematicamente não consegue parar, e nas aulas é constantemente incapaz de sustentar a atenção, desviando sua atenção para outros estímulos com a maior facilidade.
Realmente a diferença é quantitativa e não qualitativa. Quer dizer, tudo que uma criança com TDA/H mostra no seu comportamento as demais também apresentam, só que naquela de uma forma mais intensa, freqüente e mal adaptada à situação.

Mito 3.

O TDA/H é um transtorno muito mais freqüente no sexo masculino.

Durante muitos anos o componente da hiperatividade foi considerado o fato mais importante nesse transtorno e, como os meninos costumam apresentar mais hiperatividade que as meninas, acreditou-se que esse problema seria bem mais comum no sexo masculino.
Em 1980 (DSM-III) a denominação utilizada passou a ser Distúrbio do Déficit de Atenção. Com essa mudança as dificuldades de atenção destronaram a hiperatividade. O que ficou evidente é que nas meninas o tipo clínico que cursa sem hiperatividade (Tipo Predominantemente Desatento) é mais comum. Por essa razão, por ser menos ruidoso, esse tipo pode passar mais tempo sem ser identificado, ou ser facilmente confundido com outras condições, como depressão, deficiência intelectual leve, etc.

Mito 4.

Os sintomas de TDA/H geralmente desaparecem espontaneamente no final da adolescência.

Era exatamente isso que se pensava enquanto o fator hiperatividade era o mais importante no quadro clínico, pois existe uma tendência de a hiperatividade declinar com o passar dos anos, ao passo que os sintomas de desatenção tendem a persistir.
Na verdade nem sempre a hiperatividade desaparece, ela apenas evolui de acordo com a idade. Por exemplo, uma criança hiperativa pula sem parar, trepa nos armários da casa, corre de um lado para outro. Quando essa mesma pessoa chega à idade adulta não é de se esperar que ela continue com o mesmo comportamento, mas podemos ver que ela está sempre andando de um lado para outro, faz tudo como se estivesse com muita pressa, não consegue deixar as mãos paradas, no mínimo está tamborilando na mesa de trabalho.

Mito 5.

Se uma criança com TDA/H consegue fazer com muita atenção uma atividade do seu interesse (videogame) e não consegue fazer os deveres escolares, a razão para isso parece ser uma falta de vontade ou motivação.

Na verdade o termo “déficit de atenção” não descreve fielmente o que ocorre e provavelmente será substituído no futuro, pois o que ocorre com essas pessoas é uma inconstância ou má-regulação da atenção. Existe um prejuízo na capacidade de a pessoa dirigir sua própria atenção, ou seja, uma dificuldade na atenção voluntária. Muitas dizem que tentam, se esforçam para ler, estudar, mas não conseguem. É claro que depois de algum tempo essas pessoas vão de antemão evitar ou desistir antes mesmo de iniciarem essas tarefas tão penosas para elas.

Mito 6.

Os medicamentos usados no tratamento do TDA/H, notadamente o metilfenidato, provocam efeitos colaterais sérios e podem causar dependência.

A maioria dos especialistas com experiência no acompanhamento de pessoas com TDA/H afirmam que o metilfenidato é um medicamento eficaz e seguro. É evidente que qualquer medicamento pode produzir efeitos adversos, e o metilfenidato não foge a essa regra. Deve ser administrado por profissional com experiência no seu manejo. Via de regra, os efeitos indesejáveis são discretos e limitados às primeiras semanas de tratamento.
Usado por via oral, como é o caso no tratamento do TDA/H, não provoca dependência.

Mito 7.

O uso do metilfenidato pode predispor a criança se tornar um dependente de outras drogas no futuro.

Estudos já foram realizados acompanhando-se crianças que tinham feito uso de estimulantes (metilfenidato e outras substâncias), e comparando esse primeiro grupo com outro grupo de crianças que, por qualquer razão, não tinham feito tratamento para TDA/H. O resultado é que a ocorrência de abuso de drogas na juventude revelou-se maior no grupo não tratado, o que mostra que o tratamento com estimulantes na verdade protege, ao invés de induzir, em relação ao abuso de drogas.

Mito 8.

Apresentar TDA/H na infância traz poucas conseqüências para a vida da pessoa e por isso não se justifica um tratamento nessa idade.

Alguns casos de TDA/H menos intensos, quando acompanhados de alto nível intelectual e ambiente familiar bem estruturado, podem passar pela vida sem que o transtorno cause grandes prejuízos no seu funcionamento.
Todavia, na maior parte dos casos, o TDA/H compromete seguramente o funcionamento da pessoa, e sem dúvida ela seria capaz de desenvolver melhor seu potencial se não fosse o TDA/H.
Prejuízos na auto-estima, rendimento escolar e profissional abaixo da real capacidade, conflitos com colegas e cônjuges, maior morbidade, tendência maior a ter múltiplos casamentos, gestações indesejadas, abuso de álcool e drogas, são algumas das possíveis conseqüências que o TDA/H traz para a vida das pessoas.
Sam Goldstein, experiente psicólogo norte-americano, que esteve aqui no Brasil em 2001, afirma sempre que “o risco de não tratar é certamente maior que o risco do tratamento”.

** Informações retiradas do site ADHD do médico psiquiatra Dr. Sérgio Bourbon.



AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS CRIANÇAS COM TDAH.

A avaliação envolve alguns critérios a serem cumpridos como: anamnese com os pais, entrevista com a criança, analise de fichas, cadernos e apostilas (material escolar). Como estamos falando de um atendimento em uma clinica, esta avaliação deverá ser a mais ampla possível e em tempo mais breve; daí a necessidade do lúdico na avaliação para que se torne prazerosa, diferente das avaliações escolares.

SÃO AVALIADOS OS SEGUINTES ASPECTOS:

HABILIDADES METALINGUISTICA:

**Consciência fonológicas;

**Evocação de palavras e fluências verbal.

LEITURA:

**Conhecimento do alfabeto e dos sons das letras;

**Uso da via fonológica ou lexical no reconhecimento das palavras;

**Leitura de palavras e pseudopalavras;

**Leitura de textos (oral e silenciosa);

**Compreensão da leitura.

Para avaliação da leitura é importante escolher o material de acordo com a idade, a escolaridade e sua realidade.

ESCRITA:

**Ortografia;

**Produção textual;

**Aspectos gráficos.



É comum hoje pais preocupados com a leitura e a escrita ou ortografia defeituosa de seus filhos, isto é um indicador de vários transtornos, tanto na leitura, as diversas dislexias (fonológica e ortográfica) e na escrita (disgrafia e disortográfica). Culpar as escolas não é o caminho, mas deve-se buscar conhecimento em relação a estes transtornos através de outras áreas, num trabalho multidisciplinar com psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e médicos (pediatras, neurologistas e psiquiatras).



MATEMÁTICA:

**Cálculos;

**Solução de problemas;

**Nível de pensamento.



OUTRAS HABILIDADES:



Noções espaços-temporais: Observamos aqui como o sujeito desloca e como articula formas num espaço representado. Varias são as provas que medem a capacidade de situar-se no tempo e no espaço, através de jogos que tem ritmos, usando várias batidas com diferentes intervalos, identificação de formas, repetições de dígitos, dobragem de papel, esquema corporal, cubos, quebra-cabeças e outros.



Lateralidade.



Memória: Quando trabalhamos como lúdico é muito comum usarmos jogos, e nestas intervenções entra a memória, tão importante para a aprendizagem. Quando se trata de crianças com TDAH é primordial que trabalhemos para desenvolver esta habilidade já que esta criança se distrai facilmente.

IMPORTANTE:

Estas avaliações não devem se limitar ao conteúdo escolar, a conduta do paciente deve ser vista como uma expressão global em que está pondo em foco o nível pedagógico, mas estão juntos e seu funcionamento cognitivo e suas emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações.

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