domingo, 2 de outubro de 2011

Ensino Superior e a Psicopedagogia

ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO NO ENSINO SUPERIOR BUSCANDO CONDIÇÕES PARA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Angela Cristina Munhoz Maluf Introdução O ser humano é um ser pensante, que constrói o seu próprio saber, portanto as dificuldades no aprendizado estão ligadas ao sujeito aprendiz como um todo. O psicopedagogo é capaz de tentar descobrir e avaliar os obstáculos na construção do conhecimento do estudante no ensino superior, utilizando meios para que os mesmos criem e utilizem estratégias de aprendizagem visando aprendizagem significativa (totalizante) e um melhor desempenho acadêmico e nas diferentes situações de vida. A aprendizagem é um processo de construção de conhecimento, não de recordar ou de repetir mecanicamente conhecimentos, é um conhecimento dependente, enquanto as pessoas utilizam seus próprios conhecimentos para construir conhecimento novo. A aprendizagem está influenciada pelo contexto no qual está inserida. Vygotsky (1984) é o que apresenta maior contribuição no entendimento do complexo processo de aprendizagem humana. Ele propõe o interacionismo, que é baseado em uma visão de desenvolvimento apoiada na concepção de um organismo ativo, onde o pensamento é construído gradativamente em um ambiente histórico e, em essência, social. A interação social possui um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo e toda função no desenvolvimento cultural de um sujeito aparece primeiro no nível social, entre pessoas, e depois no nível individual, dentro dele próprio. Segundo Rogers (1988), o aluno aprende, não simplesmente por ser exposto a toda forma de conhecimento, mas quando este entende que os fatos apreendidos são considerados relevantes para o seu crescimento como pessoa, ou seja, somente quando os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos se modificam profundamente em conseqüência do que aprendeu, Rogers denominou como aprendizagem significativa. Ainda de acordo com Rogers (1988), a aprendizagem significativa é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma mudança, quer seja no comportamento do sujeito, na direção futura que propôs ou nas suas ações e personalidade. É uma aprendizagem intensa, que não se restringe a um acréscimo de informações, mas que se adentra intensamente em todos os elementos da sua vivência. Ausubel (1978), valorizava mais o cognitivo que faz com a pessoa cresça e se desenvolva como um todo. Segundo ele, No processo de aprendizagem significativa é essencial a interação entre idéias, que podem ser expressas, simbolicamente, de modo não-arbitrário e substantivo, isto é, não-literal, com aspectos específicos já presentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, o conhecimento que o aluno possui - conhecimentos prévios - é o fator isolado mais importante que influenciará na aprendizagem subseqüente (Ausubel, 1978: 56). Aprendizagem significativa na Instituição do Ensino Superior pressupõe troca de informações, disponibilidade para resolver problemas e aprender assuntos novos, articulação entre o que se sabe e o que se está aprendendo. E pressupõe que os conhecimentos vão ganhando sentido quando são experimentados em contextos reais, na interação com as práticas sociais. Cremos que as aprendizagens significativas compartilhadas são integrações construtivas de pensamentos, sentimentos e ações. De acordo com Ausubel (1978), para haver aprendizagem significativa é preciso haver duas condições: a) o educando precisa ter uma disposição para aprender: se o educando quiser memorizar a atividade arbitrariamente e literalmente, então a aprendizagem será mecânica; b) a atividade a ser aprendida tem que ser potencialmente significativa: significado lógico e significado psicológico. Logicamente o significado lógico depende somente da natureza da atividade, e o significado psicológico é uma experiência que cada educando tem. Cada educando faz uma filtragem das atividades que têm significado ou não para si próprio. A importância da aprendizagem dos processos cognitivos e a implementação de técnicas capazes de favorecer uma aprendizagem deveras significativa revelam-se em todos os domínios abarcados pela escola. Quanto maior for o conhecimento dos modos de representação do saber e dos processos cognitivos, quanto maior for a consciência dos educandos neste processo, tanto mais terão vontade de aprender, tanto mais serão capazes de encarar a Instituição como a continuação da sua casa, do seu meio ambiente. De fato, quando a Instituição for capaz de ter em conta o capital cognitivo e sócio-cultural de cada educando como vertente fundamental da gestão e desenvolvimento curricular, quando for capaz de esbater os conhecimentos meramente acadêmicos e estereotipados, privilegiando saberes da vida e preparadores para a mesma, então certamente estará a fundamentar conhecimentos significativos, a potencializar transferências que tornarão as aprendizagens cada vez mais significativas; estará, numa palavra, a minimizar o insucesso. Estará, em outra palavra, maximizando o sucesso. Conhecimentos e informações obsoletas cuja única finalidade é uma memorização sem significado devem deixar de fazer parte da proposta de trabalho do educador e serem amplamente substituídas por conhecimentos verdadeiramente significativos para a vida do aluno para sua formação integral, holística. Segundo Masini (1984) a aprendizagem significativa é a aprendizagem Totalizante, entendida no sentido do conjunto de possibilidades próprias de cada ser humano, na sua unidade manifesta e cada situação.De acordo com o autor falamos em aprendizagem totalizante estamos nos referindo a: 1- Experiência global da qual participa a psique (aspecto afetivo, cognitivo) e envolve autopercepção e auto-avaliação (elaboração pessoal) de uma situação ou informação. 2- Um modo de ser, relacionar-se com as coisas e com os outros, de um ser que tem a possibilidade de compreender para organizar o que está o que está ao seu redor e agir segundo essa organização. A função do psicopedagogo no atendimento psicopedagógico no Ensino Superior é de prevenir como intervir nos processos cognitivos, emocionais,sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos do acadêmico, oferecendo ao mesmo suporte, atuando sobre os múltiplos fatores que possam estar interferindo, no seu desenvolvimento integral, nas questões ligadas a aprendizagem. Como também oferecer subsídios para que os docentes trabalhem com os acadêmicos em sala de aula, assumindo transformações necessárias, e buscando sempre soluções apropriadas ás demandas emergentes. Objetivos * Desenvolver competências dos acadêmicos que possam apresentar dificuldades de aprendizagem; * Oferecer suporte necessário a docentes e acadêmicos, para um melhor aproveitamento no processo ensino-aprendizagem; * Acompanhar o desempenho do acadêmico, a evasão escolar e índices de aproveitamento; * Mediar situações que envolvam o relacionamento do acadêmico com os demais profissionais da Instituição; * Compreender o acadêmico como ele é, na riqueza do seu sentir, pensar e agir, com suas próprias características, lidando com o que ele revela em todas as suas referências qualitativamente significativas. Metodologia O atendimento psicopedagógico compreenderá 2 sessões, que terão duração em média de 40 a 60 minutos e serão previamente agendadas dentro dos horários disponibilizados pelas coordenações dos cursos. O atendimento poderá ser individual ou grupal. Quando se refere ao individual, poderá ser para acadêmicos e educadores, no contexto do dia-a-dia que possam estar influenciando no desenvolvimento pessoal, profissional ou acadêmico. E quando se refere ao atendimento grupal, poderá ser para pequenos grupos (6 alunos) com dificuldades já detectadas anteriormente em triagens. O atendimento psicopedagógico será realizado por meio de entrevistas e aplicação de instrumentos formais, como também a conscientização do acadêmico de suas dificuldades e caso for imprescindível, o encaminhamento para outros profissionais como: psicólogos, médicos, oftalmologistas, entre outros. É necessário que se registre cada atendimento psicopedagógico e neste registro deverá constar, situações analisadas e soluções para os docentes acompanharem as diferentes maneiras do acadêmico lidar com a aprendizagem, suas condições e as implicações das atitudes do docente, estratégias para o mesmo trabalhar em sala de aula, numa proposta teoricamente fundamentada, além do motivo de encaminhamentos para outros profissionais, assinatura (coordenador de curso), um breve parecer do psicopedagogo e orientação para continuidade do atendimento, quando necessário. Resultado Objetivamos chegar a um resultado convicto que leve o acadêmico a ter consciência da sua dificuldade e poder transforma-la. O psicopedagogo enriquecerá e trará para o mundo vivencial e experimental do acadêmico, formas criativas para desenvolver o aumento da sua auto-estima, segurança, criatividade, maior autonomia, mobilidade em tomar decisões,flexibilidade no pensamento, maior responsabilidade para a sua própria aprendizagem, fortifica o seu desejo de aprender, coloca em evidência o que facilita e impede a sua Aprendizagem Significativa nas situações do cotidiano acadêmico. Quanto aos docentes, se conscientizarão em estar mais abertos para que os acadêmicos se revelem. Conclusão Numa instituição de Ensino Superior, o psicopedagogo também poderá encontrar resistências por parte dos docentes, pois o atendimento psicopedagógico no Ensino Superior vai sempre exigir reflexão sobre a ação do docente. Isto não é fácil pois envolve mudanças de atitudes e modo de pensar dos docentes. O estudo aqui apresentado, mostra que esta proposta é viável, com o propósito do acadêmico aprender de forma significativa, (totalizante), pois os docentes podem tornar viva a disciplina a ser ensinada, aproveitando a riqueza das experiências de vida dos acadêmicos. Bibliografia Referências AUSUBEL, Davi P. Psicologia educativa: um punto de vista cognitivo. México: Trillas. 1978. BOMTEMPO, E. Aprendizagem em Witter, G. P. E Romeraça, T. F. Psicologia da Aprendizagem. E. EPU, 1987. FREIRE, Paulo. ___________ Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed, São Paulo. Paz e Terra. 2000. MASINI Elcie F. Salzano (org) Edna Maria Santos, Helena Etsuko Shirahige-Psicopedagogia na Escola- Buscando condições para a aprendizagem significativa 1993 ___________ Aconselhamento escolar: uma proposta alternativa. São Paulo, ed Loyola, 1984. ROGERS, Carl. In: Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1988. VYGOTSKY L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. Publicado em 21/10/2008 10:22:00 Currículo(s) do(s) autor(es) Angela Cristina Munhoz Maluf - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Ms. em Ciências da Educação,docente de graduação e pós-graduação,psicopedagoga, especialista em Educação Infantil e Especial, escritora, palestrante e consultora de projetos.

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