terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Escola e família



RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA
Juliana Cesário Ferreira

Sumário

Relação escola e família: contribuições para o processo de ensino aprendizagem

Atualmente, vivemos em uma sociedade moderna em constante transformação, na qual os valores éticos e morais estão sendo esquecidos pelo ser humano, e praticamente excluídos da formação dos indivíduos.
Valores como o respeito, a moral e a ética parecem estar sendo abandonados pela sociedade, e a educação parece que ocupa um maior espaço para mudar essa realidade, preparando o educando para um futuro melhor. Nessa perspectiva, instituições sociais como a escola e a família devem está unidas, contribuindo com a formação intelectual e profissional da criança, e fortalecendo a formação desses valores, necessários a formação humana.
Para pensarmos em uma boa formação e uma educação de qualidade nos dias de hoje, é importante que a família esteja em parceria com a escola, a fim de que ambas trilhem num mesmo caminho, e que esta última participe ativamente da vida escolar dos seus filhos.
A família deve estar informada de todas as ações e projetos que a escola desenvolve com o seu filho/estudante, a mesma tem o direito de saber e o dever de acompanhar como essa instituição funciona, e como acontece o processo ensino-aprendizagem desse sujeito aprendiz. E para que isso ocorra, a família tem que ser parceira da escola, cotidianamente.
Esse procedimento está prescrito no parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990. p.20), “É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”.
A família é o grupo primário em que a criança tem o seu primeiro contato social, recebendo amor, carinho, passando por momentos de felicidade, e também por momentos de tristezas, medos, entre outros. É nesse espaço que a criança se constrói como sujeito e vai compreendendo que no meio em que vive, existem regras e normas a serem cumpridas.

Assim o art. 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990, p.15) afirma:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
A escola é o espaço de construção e socialização do conhecimento, a mesma é destinada a cuidar e educar a criança. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2001. p.46): “A escola, por ser uma instituição social com propósito explicitamente educativo, tem o compromisso de intervir efetivamente para promover o desenvolvimento e a socialização de seus alunos”.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a escola não deve viver sem a família e esta sem a escola, pois ambas se complementam e precisam estar em harmonia, desenvolvendo um lugar agradável e afetivo para seus filhos/estudantes, uma vez que escola e família devem trilhar um mesmo objetivo.
A presença da família na escola é de suma importância não só para a criança, como também para o professor. Essa presença é tão importante que o MEC (Ministério da Educação) criou o Dia Nacional da Família na Escola, comemorado na data de 24 de abril. Nesse dia, todas as instituições escolares são estimuladas a convidar os familiares dos alunos, para participarem de palestras, reuniões e atividades educativas, envolvendo os pais cada vez mais na educação de seus filhos.
É nesse cenário de alegria e de prazer que a família deve estar engajada na escola, participando da vida escolar de seus filhos, mostrando que eles são importantes e que merecem carinho e atenção. Vale ressaltar que essa parceria entre escola e família envolve comprometimento, responsabilidade e colaboração de ambas as partes, pois o que a escola e a família almejam é o melhor para seus filhos/estudantes.
Segundo algumas bases teóricas que investigam a relação família e escola, a exemplo de: (FURLANETO, MENESES E PEREIRA, 2007), (FREIRE, 1979), (MIELNIK, 1974), (CARVALHO, 2004) e (GENTILLE, 2006), uma criança que tem a presença da família na sua vida escolar, é bem provável que a mesma tenha um bom desempenho na escola, e quando a família permanece ativamente presente na vida da criança, quando os pais não jogam a total responsabilidade de educar exclusivamente na escola, o percentual dessa criança ter um desenvolvimento educacional de qualidade é enorme.
Uma vez estabelecida a parceria escola e família, ambas devem compreender que igualmente são responsáveis pelo processo formativo do estudante, e que essa união só contribuirá para o desempenho deste, em seu processo de escolarização.

Dialogando com a teoria
A escola e a família compartilham funções educacionais sociais que influenciam no desenvolvimento humano de cada indivíduo. A escola é um ambiente de aprendizagens, buscas, questionamentos, diferenças e sentimentos que norteiam a vida do estudante.
O sistema educacional deve se constituir como um ambiente multicultural que apresenta inúmeras diversidades entre os estudantes, que retratam vontades, interesses, pensamentos e intenções variadas, preparando-os para a inserção na sociedade, para superar dificuldades, e buscar seus direitos como cidadão, contribuindo para o desenvolvimento do indivíduo, como sujeito ativo na sociedade (DESSEN & POLONIA, 2007).
Quando se faz referência ao termo escola, considera-se que esta é uma instituição sólida na sociedade, onde estão inseridos indivíduos de todas as classes sociais, de culturas diferentes e com perspectivas de cumprir o que nela está estabelecido. (PENIN, 1995).
A escola é uma instituição fundamental na vida de todo indivíduo, pois é nesse âmbito que aprendemos a nos relacionar com o outro, a cumprir regras, a desenvolver atividades e a nos comportar em sociedade. (DESSEN & POLONIA, 2007).
Nessa perspectiva, percebemos a importância da instituição escolar como aquela que está inserida no contexto histórico-social dos indivíduos, de modo estruturada, organizada e envolvendo o currículo em todas as suas instâncias, como retrata (DESSEN & POLONIA, 2007. p.7):

Em síntese, a escola é uma instituição em que se priorizam as atividades educativas formais, sendo identificada como um espaço de desenvolvimento e aprendizagem e o currículo, no seu sentido mais amplo, devem envolver todas as experiências realizadas nesse contexto.

Ou seja, o papel da escola é formar o cidadão critico reflexivo para atuar na sociedade como um ser ativo. A escola juntamente com o seu corpo docente transmite ao aluno conhecimentos e ensinamentos de que os estudantes precisam para viver no mundo globalizado e na sociedade moderna que vivemos.
E para que isso aconteça, é necessário o trabalho e a dedicação do professor para mostrar a importância e o papel dos indivíduos na sociedade, como cidadão crítico, atuantes e conscientes de seus direitos e deveres. Tal instituição deve dar ao estudante condições de se inserir no meio social, orientando-o a prosseguir nos seus estudos e buscar sempre novos horizontes.
Nessa perspectiva, com base na leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2001. p. 45):

[...] Se concebe a educação escolar como uma prática que tem a possibilidade de criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente.

Como podemos ver, os PCNs apresentam esse compromisso para a escola desenvolver um trabalho satisfatório e democrático, através do qual os estudantes possam exercer seus direitos e deveres como sujeitos críticos e participativos na sociedade.
Nessa perspectiva, caracteriza-se a escola como a instituição que é responsável pela educação escolar e conduz os estudantes á socialização, ao desenvolvimento intelectual, realizando um trabalho coletivo, voltado para a construção do ser cidadão, exercendo a cidadania e aprimorando o conjunto de valores que está intrínseco ao ser humano, assim como a família também é responsável por desenvolver esses valores como afirma Gentille (2006, p.35):

A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para a sua vida. No que diz respeito á Educação, se essas pessoas demonstrarem curiosidade em relação ao que acontece em sala de aula e reforçarem a importância do que está sendo aprendido, estarão dando uma enorme contribuição para o sucesso da aprendizagem. Pode parecer simples, e é. Tanto que é exatamente o que tem sido pedido aos responsáveis pelos estudantes de todos os níveis de ensino.

Dessa forma, tanto a escola como a família tem os mesmos interesses, devem estar unidas e estabelecerem parceria, pois ambas assumem a responsabilidade de educar seus filhos/estudantes.
A partir da leitura de Furlaneto, Meneses e Pereira (2007, p.64) compreendemos que: “De um modo cada vez mais significativo, a escola (lugar de lazer) passa a assumir a responsabilidade, cada vez maior, de ser, na sociedade, o campo especifico da Educação intencional, formal e sistemática”.
Nessa perspectiva, percebemos a responsabilidade que é atribuída a escola em educar o sujeito praticamente sozinha, mas sabemos que a família deve se responsabilizar e cumprir com o seu dever de educar também o seu filho. Como afirma Carvalho (2004. p.47):

A educação tem um papel fundamental na produção e reprodução cultural e social e começa no lar/família, lugar da reprodução física e psíquica cotidiana – cuidado do corpo, higiene, alimentação, descanso, afeto, que constituem as condições básicas de toda a vida social e produtiva.

Assim, é na família que a criança começa a se relacionar com o meio social, aprendendo e entendendo aos poucos como se estabelece a sua vivência, compreendendo pequenas noções de como se constitui uma família, o que pode ou não fazer, desenvolvendo seus sentimentos e entendendo como se constrói o seu contexto histórico social.
A família é a base fundamental na vida de qualquer indivíduo. Constitui-se uma instituição importante na formação e educação dos filhos. Desse modo, a família deveria cumprir o seu papel, como parte essencial no processo ensino-aprendizagem do seu filho e considerar que a educação deste é de sua responsabilidade.
Desse modo, a família deveria educar os filhos desde pequeninos e mostrar como deve ser seu comportamento na sociedade, impondo limites, dizendo não quando necessário e sim no momento certo, não deixando toda a responsabilidade para a instituição escolar, como afirma (OLIVEIRA, 2007. p. 175):

Historicamente, a família tem sido considerada o ambiente ideal para o desenvolvimento e a educação de crianças pequenas. Essa é a posição de alguns sistemas educacionais, que sustentam que a responsabilidade da educação dos filhos, particularmente quando pequenos, é da família, e assumem um papel de meros substitutos dela, repetindo as metas embutidas nas práticas familiares.

Como sabemos a educação não começa apenas no âmbito escolar, mas se inicia em casa, com a família, com a interação entre seus membros e com o desenvolvimento de relações que se estabelecem entre eles. Nesse sentido, Mielnik, (1974, p.27), reforça a nossa discussão quando diz:
Desde que nasce está a criança praticamente observando o meio ambiente para começar cedo a sua aprendizagem, suas tentativas, erros e acertos. Nesse trabalho, árduo e contínuo, a criança é auxiliada e estimulada pelos pais, que visam facilitar seu desenvolvimento. A família é, pois o meio social que inicia a educação do indivíduo.

Nessa perspectiva é no espaço familiar que a criança começa a se desenvolver, mostrando suas vontades, seus desejos, criando ideias e descobrindo os seus sentimentos. E para que aconteça realmente a parceria entre escola e família, esta última deve estar envolvida no desenvolvimento escolar de seu filho, como afirma: (CARVALHO, 2004. p.44):

Do ponto de vista da escola, envolvimento ou participação dos pais na educação dos filhos e filhas significa comparecimento ás reuniões de pais e mestres, atenção á comunicação escola-casa e, sobretudo, acompanhamento dos deveres de casa e das notas.
Nesse sentido, a família deve cumprir seu papel, estando atenta a educação dos filhos, apoiando-os, incentivando-os e comprometendo-se a ajudar a escola no que for necessário para a melhoria de suas aprendizagens.
A escola e a família são duas instituições que desempenham importante papel na socialização da criança. A escola transmite conhecimentos científicos, desenvolve as capacidades cognitivas, estimula o interesse do estudante em aprender, refletir sobre acontecimentos na sociedade e trabalha para formar cidadãos, que exerçam seus deveres e lutem por seus direitos, tornando-se sujeitos ativos no meio social.
A família é o alicerce para o indivíduo, lócus em que ele encontra confiança e apoio. Ela é responsável pela segurança, proteção, afeto e cuidado da criança; características intrínsecas à cultura de cada grupo. As práticas e os saberes acumulados por cada família são repassados para os indivíduos desde o nascimento, mostrando o modo de como a família pensa e reflete sobre o meio em que vive.
A partir desse entendimento fica visível a importância de se trabalhar com essas duas instituições unidas, pois o compromisso de ensinar e de educar não compete apenas à escola, mas a família também tem que fazer a sua parte. A escola deveria encontrar na família um apoio, uma aliada para juntas trabalharem numa mesma perspectiva e desenvolver resultados satisfatórios. Ambas deveriam lutar para beneficiar o estudante com uma educação que o desenvolva em suas potencialidades.
É com o envolvimento entre escola e família que o trabalho entre ambas começa a fluir na perspectiva da melhoria da educação das crianças, por isso a importância da escola abrir as portas para a família e que essa também aceite a parceria, participando realmente da vida escolar de seus filhos.
Com isso, o compromisso é a palavra chave para que a parceria escola e família seja efetivada. Quando a família cumpre o seu papel e estabelece um vínculo de compromisso com a escola, ambas começam a se entender e progredir no desenvolvimento de um trabalho educativo satisfatório e de qualidade em prol do estudante.
Nesse sentido, é importante destacar o que Freire (1979. p.21) diz: “Na medida em que um compromisso não pode ser um ato passivo, mas práxis – ação e reflexão sobre a realidade, inserção nela, ele implica indubitavelmente um conhecimento da realidade”.
Desse modo, para que a família esteja em parceria com a escola, ela necessita conhecer o ambiente em que seu filho está inserido. Conhecendo a realidade que o estudante vivencia, a família pode e deve comprometer-se em melhorar a educação do seu filho.
Quando falamos na relação escola e família, falamos também na divisão do trabalho com a educação de crianças e jovens, envolvendo participação, compromisso e responsabilidade dessas duas instituições, com a perspectiva de promover o sucesso escolar dos estudantes (CARVALHO, 2004).
Há várias maneiras de trazer a família para o espaço escolar como: definir os eixos que podem se comunicar, convocar reuniões, convidar os pais ou responsáveis para conversar sobre o progresso ou não de seus filhos, promover palestras e debates, enfim, mostrar para a família, que ela é importante e que a escola precisa de seu apoio para conquistar o sucesso escolar do estudante. Completando essa afirmação, Mielnik (1974. p.32) diz:

Os pais devem ser solicitados pela escola, apoiados, estimulados e frequentemente aconselhados, afim de que cooperem e completem a ação educativa escolar, mantendo a mesma atitude de cooperação, e estímulo no ambiente familiar.

Dessa forma, a escola necessita da relação com a família, pois os professores precisam conhecer o meio sociocultural vivenciado pelos seus estudantes, para poder compreendê-los e respeitá-los, destacando o apoio da família para efetivação da aprendizagem dos seus filhos.
Uma simples conversa entre professores e pais nas reuniões, pode ser o início de uma parceria entre escola e família. Quando há o diálogo, os pais falam e opinam referente a educação dos filhos, essas informações são de grande valor na tentativa do professor entender melhor seu aluno e com essa aproximação poder influenciar de forma satisfatória na aprendizagem do estudante.
Vale ressaltar que a participação dos pais na escola influencia o desempenho escolar do seu filho, pois quando há motivação, interesse e compromisso destes na educação dos filhos, eles se sentem mais animados e desempenham maior progresso em seus estudos. (CARVALHO, 2004).
Assim, com essa parceria estabelecida, escola e família poderão trabalhar em uma mesma linha, planejando, educando e formando um sujeito livre, um cidadão crítico e atuante em nossa sociedade, desenvolvendo uma educação de qualidade recebida tanto na escola, como na família.

Bibliografia

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Secretária Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação. Brasília: MEC, ACS, 1990.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução, vol. 1, Secretária de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 2001.
CARVALHO, Maria Eulina Passoa de. Modos de educação, gênero e relações escola-família. In: Caderno de Pesquisas, São Paulo, n. 121, p. 41-57, jul. 2004.
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia. V. 17 n.36. Ribeirão Preto. Jan/abr. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br. acesso em 17/03/12
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução; Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FULANETO, Ecleide Cunico; MENESES, João Gualberto de Carvalho; PEREIRA, Poliguara Acácio. (Orgs). A Escola e o Aluno. São Paulo: Avercamp, 2007.
GENTILLE, Paola. Nova Escola: A revista de quem educa. Escola e Família. Belo Horizonte: Positivo, 2006, p.32-39.
MIELNIK, Isaac. Problemas de pais e mestres: Relações humanas no lar e na escola. 2.ed. São Paulo: Edart, 1974.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
PENIN, Sônia. Cotidiano e escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995

Publicado em 05/11/2013 15:24:00

Currículo(s) do(s) autor(es)

Juliana Cesário Ferreira - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal De Campina Grande – UFCG, cursando Especialização em Psicopedagogia pela Faculdades Integradas De Patos – FIP, trabalha na educação de jovens e adultos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Familia disfuncional e Transtorno de Bordeline


A Família Disfuncional e o Transtorno Borderline


A medida que eu fui ganhando estabilidade emocional, pude entender também a dinâmica da minha família. Porque é muito difícil para uma pessoa conseguir enxergar determinados comportamentos dentro da família quando você mesmo é uma dessas pessoas que tem um papel que mantêm essa família disfuncional em funcionamento.

Eu sempre senti que carregava um peso muito grande nas minhas costas e sendo eu um dos pilares que sustentava essa “harmônia” da minha família disfuncional, era quase impossível questionar se esse peso todo que eu carregava (como culpa, raiva, frustação, sentimentos de vazio) era meu de verdade ou se parte desse peso era uma imposição para que eu fizesse parte da família.

Então eu fui atrás de informações sobre essa família que “não funciona bem” ou melhor, não funciona de forma saudável. Vamos entender primeiro o que é essa família disfuncional.

A família disfuncional não consegue se comunicar de uma forma aberta. Numa família saudável os sentimentos podem ser expressados e não existe um “vencedor”, ou seja, todos os pontos de vista e sentimentos são levados em conta na comunicação familiar. Na família disfuncional isso não acontece, as pessoas não conversam olhando nos olhos, a empatia falha e prevalece a intolerância, um ponto de vista único que deve ser aceito por todos os indivíduos da família.

No site “Boa Saúde”da UOL, há uma matéria que diz:

Sempre que se fala em família disfuncional, estamos falando de doença nas famílias. Assim, temos todo o funcionamento familiar envolvido nesse problema”. Alguns autores psicanalistas, como José Bleger e Eduardo Kalina, desenvolveram bastante a questão das dinâmicas familiares. Pode-se falar em dois modelos básicos de desestruturação nas relações familiares: “há as famílias ‘cindidas’ e as famílias ‘simbióticas’”.

Nas primeiras, os membros das famílias não conseguem se relacionar entre si. Encontram-se divididos, dispersos. Funcionam e se relacionam como se, ao ficarem juntos, todos corressem riscos do ponto de vista emocional. Assim, as pessoas não podem ter um relacionamento afetivo, são frias entre si. A doença dessas famílias cindidas está na dificuldade de convívio. Os membros percebem que ao conviverem entre si eles se machucam e se afetam negativamente, uns aos outros.
Já no extremo oposto, temos as famílias simbióticas, aquelas em que os membros da família vivem num estado de fusão. Não há diferenciação entre os papéis familiares, estes são confusos e não divididos. As pessoas sentem dificuldades em viver independente dos outros membros da família, estão num estado de constante ‘grude’. Em ambos os casos, está-se falando de doenças familiares do ponto de vista do desenvolvimento afetivo, inter-relacional e de organização psíquica.”

Para que vocês possam entender ainda melhor, vamos olhar algumas “regras” (não faladas, mas que estão impostas) que podem haver numa família disfuncional:

- Faça o que “pareça bom”, ainda que não seja honesto

- Não perturbe e não afunde o barco

- Negue coisas que você não quer ver, e elas Irão embora

- Faça o que eu digo, ainda que eu faça o oposto

- Expresse somente bons sentimentos

- Não é certo sentir raiva ou tristeza

- Você nunca deve questionar o nosso comportamento e sim aceitá-lo

- Você deve se conformar com o que esperamos de você, aconteça o que acontecer

- Sua necessidades não são mais importantes que nossas necessidades

Agora veremos algumas crenças e traços da personalidade de adultos criados em famílias disfuncionais:

- Eles se sentem diferentes de outras pessoas e alguns acham que por alguma razão estão sendo punidos pela vida ou (para quem acredita) por Deus.

- Eles tem dificuldade para confiar nas pessoas

- Eles julgam a si mesmos e ignoram suas próprias necessidades

- Sentem muita culpa

- São “viciados em sinais de aprovação”, constantemente buscando afirmação

- Eles tem dificuldade em sentir, identificar e expressar emoções

- Eles tem medo de pessoas com raiva ou de criticas pessoais

- Normalmente tentam controlar circunstâncias e relações e reagem de forma extrema a mudanças pelas quais não possuem nenhum controle

- Costumam sentir-se desesperados, presos e vitimizados

- Farão qualquer coisa para evitar dor e abandono

- Tem dificuldades para terminar projetos

- Podem ser impulsivos

- Tem tendência a adicção de drogas

Então… o que tem o Transtorno Borderline a ver com a dinâmica da família disfuncional? Acho que eu não preciso dizer, não é?

Sei que o texto é grande, mas agüentem só mais pouco porque se vocês chegaram até aqui é porque talvez tenham se identificado com o tema e agora vem a parte dos papéis que a família escolhe para determinadas pessoas.

Esses papéis são imprescindíveis para que a família disfuncional possa sobreviver e manter seu “equilíbrio”. Normalmente eles são impostos na infância, porém, na vida adulta, o indivíduo continua a cumprir o mesmo papel. Quando a pessoa decide deixar o papel, a família tenta manter-lo ou substituir-lo por outra pessoa.

Vou colocar 4, mas existem outros:

O Herói: O herói costuma ser a criança mais velha. Ele é caracterizado por sua super-responsabilidade e conquistas. O herói permite que a família se assegure de que tudo está indo bem, já que pode sempre olhar para as conquistas do filho ou filha mais velho como uma fonte de orgulho e auto-estima. Os pais usam o herói como prova de que eles foram bons pais. Enquanto o herói pode ser um excelente aluno na escola e um líder nos esportes ou um empregado bem pago e sucedido, ele ou ela estão sofrendo de uma grande dor emocional e sentem culpa, como se nada que ele ou ela fizessem fosse bom o suficiente para curar a dor da família. A compulsão do herói por sucesso pode se transformar em estress e trabalho compulsivo. As qualidades do herói de ser o que ajuda e que cuida da família chama atenção positiva à pessoas que estão fora da família. Mas, apesar disso, o herói se sente isolado e incapaz de expressar seus verdadeiros sentimentos e experimentas intimidade nas relações.

O Scapegoat ou Bode Expiatório: (como eu fui o scapegoat na minha família, tenho mais material sobre isso. Quem quiser mande e-mail que eu envio o material): é normalmente o segundo filho. É caracterizado por seu comportamento agressivo, mas na verdade ele ou ela estão sofrendo porque a atenção positiva da família quase não existe ele tem sido ignorado. O bode expiatório costuma ir mal na escola, pode experimentar drogas, se envolver em relações caóticas como um pedido de socorro. Ele é um indivíduo que a família quer esconder. Por ele prefere chamar a atenção negativamente do que não ter atenção nenhuma. É normalmente a criança mais sensível e seus sentimentos são feridos facilmente. A família, para poder senti-se “sã”, usa o scapegoat como o representante de tudo que eles não querer ser e na verdade são. O scapegoat normalmente desenvolve problemas mentais. E sendo ele “doente”, a família pode ser “normal”. Assim eles escondem seus problemas psicológicos usando o scapegoat. A criança que é escolhida como scapegoat é aquela que “não faz nada certo”. Essa criança é vista como a culpada de tudo que é indesejável e ruim. Alguns scapegoats entram na armadilha de tentar cada vez mais e mais se redimirem nos olhos da família, para que eles possam finalmente serem respeitados e apreciados por quem eles realmente são. Porém, aos olhos da família, eles nunca poderão ser bons o suficiente e nessa tentativa em vão eles acabam se destruindo ou vão embora para longe da família. Alguns sucumbem ao papel de “problemático” e se comportam de forma oscilante, já que eles sempre só recém atenção negativa. Assim desistem de tentar agradar a família e se tornam realmente pessoas agressivas e se comportam como vitimas. O Scapegoat normalmente acorda tarde para a vida e só depois de muito tempo percebe que as coisas não eram como deveriam ser, e que o problema não era sua falta de esforço para conseguir respeito da família e que se ele não aceitasse o papel que recebeu, poderia conseguir respeito fora da família disfuncional.

A criança perdida: É caracterizada pela timidez, solidão e isolação. Ele ou ela se sentem como um estranho na família, ignorado pelos pais e familiares e sentindo-se sozinho. A criança perdida busca a privacidade da sua própria companhia para estar longe do caos familiar e pode ter uma vida rica em fantasia, dentro da qual, ele ou ela mergulham. A criança perdida normalmente tem pouca habilidade comunicativa, dificuldade com a intimidade e em relações. E pode ter confusões ou conflito a respeito da sua orientação sexual e sua função. Essa criança pode estar buscando atenção ficando doente. Essa criança pode tentar cuidar de si mesma se comportando de maneira compulsiva, levando a problemas como obesidade, uso de drogas, etc. A solidão a criança perdida pode levar a problemas mentais e baixa auto-estima. Ele ou ela costumam ter poucos amigos e tem dificuldade em encontrar um parceiro para as relações amorosas.

O mascota: Esse papel se manifesta como o indivíduo que faz “palhaçada”, é divertido, hiperativo. O mascota é normalmente a criança menor e busca ser o centro das atenções na família (piadinha interna: eu tentei ser a mascota, mas já tinham o papel de bode expiatório prontinho pra mim), normalmente é aquele que entretém os familiares fazendo com que todos se sintam melhor com sua comédia e suas piadas. Porém o mascota pode estar sendo super protegido dos reais problemas da vida. Ele experimenta intensa ansiedade e medo e persiste em comportamentos imaturos quando se torna um adulto. Ao invés de lidar com os problemas , o mascota foge deles mudando de assunto e fazendo piado. Ele usa a diversão para gerar risos no seu circulo de amigos, mas normalmente não é levado a sério ou não recebe bem rejeição e criticas. Ele normalmente tem dificuldade em concertar-se e focar-se e pode desenvolver déficits de aprendizagem. Ele também sente medo de olhar honestamente para seus sentimentos e/ou comportamentos, portanto não está nunca em contato com eles. A atividade social frenética do mascota expressa na verdade um mecanismo de defesa contra sua intensa ansiedade e tensão interior. A incapacidade em ligar com esses sentimentos pode levá-lo a pensar que está louco. Se essa ansiedade e desespero não forem tratados, não é incomum que o mascota desenvolva uma doença mental, se torne dependente de drogas ou até mesmo cometa suicídio.

O que é dislexia

O que é dislexia?



A dislexia é uma dificuldade de leitura e escrita que pode afetar também a percepção dos sons da fala e se manifesta inicialmente durante a fase de alfabetização. É uma condição de aprendizagem de base genética, ou seja, tem natureza hereditária. Existem vários genes envolvidos nesta condição e pesquisadores no mundo todo estão trabalhando para identificar quais são esses genes.
A dislexia consta da Classificação Internacional de Doenças (CID) que descreve suas características e sintomas. Entretanto, o Instituto ABCD prefere abordá-la como um transtorno de aprendizagem persistente e inesperado, pois a criança não apresenta deficiências intelectuais nem sensoriais. As dificuldades podem ser minimizadas utilizando-se métodos pedagógicos alternativos, que se adaptam às dificuldades e necessidades da criança.

Estima-se que 4% da população brasileira tenham dislexia. Portanto são mais de 7 milhões de pessoas convivendo com o problema.
Se um dos pais tiver dislexia, obrigatoriamente os filhos também terão?

Não. A herança genética aumenta a tendência para desenvolver a dislexia, ou seja, é maior a probabilidade da criança apresentar o problema caso um dos pais seja portador. Mas, se ela tiver dislexia, vários fatores podem contribuir para atenuar ou reforçar os sinais, como o estímulo que ela tem em casa e o ambiente sócio-cultural, que pode oferecer a ela recursos para lidar com suas dificuldades. O ambiente vai moldar esta tendência genética. Por isso mesmo em gêmeos idênticos a manifestação pode ser diferente.
Quais são os sinais da dislexia?

Leitura com erros de reconhecimento das palavras, leitura não fluente de textos e com alteração de ritmo e entonação (por exemplo, leitura de sílaba por sílaba), dificuldade de compreensão de textos, escrita com erros de ortografia, inversão de letras e/ou sílabas, leitura e escrita com rendimento abaixo do esperado para a idade e a escolaridade. A intensidade dos sintomas varia caso a caso.
Como é feito o diagnóstico?

Ao ser identificada a dificuldade para o aprendizado da leitura e da escrita, a criança é encaminhada para a avaliação de uma equipe multidisciplinar composta, em geral, por um neuropediatra, um fonoaudiólogo e um psicólogo que farão as avaliações específicas. São aplicadas provas e testes para avaliar o nível de leitura, o vocabulário e habilidades específicas, como memória, atenção e velocidade de processamento.
Existem diferentes níveis de dislexia?

Sim. Atualmente, considera-se mais correto pensar em uma escala de desempenho contínuo que vai desde casos leves até os severos. Em casos leves, por exemplo, ocorrem alguns erros na escrita e a compreensão de texto é possível após algumas leituras. Já em casos graves, há pessoas que não conseguem ser alfabetizadas porque não conseguem ler ou escrever, mas, ainda assim, compreendem textos se alguém fizer a leitura para elas e conseguem fazer uma redação ditando para um digitador. De qualquer maneira, é importante fazer o diagnóstico correto, pois algumas dificuldades leves podem ser decorrentes de uma alfabetização mal feita.
Como é o tratamento?

Não há prescrição de medicamentos, e, sim, adaptações pedagógicas aliadas ao atendimento especializado. O tratamento varia de acordo com a dificuldade e a idade da criança ou do jovem. Algumas crianças conseguem se alfabetizar apesar das dificuldades, utilizando figuras e outros elementos visuais e contando com o estímulo dos pais e professores para melhorar a compreensão, por exemplo. Uma forma de fazer isso é conversar sobre o que foi apresentado, seja um filme, uma peça de teatro ou outro recurso. São coisas simples que podem ser feitas no dia a dia.

Algumas crianças não conseguem ler nem palavras isoladas e, nestes casos, é necessário desenvolver o conhecimento das letras, das sílabas e assim por diante. A resposta ao tratamento depende da condição geral da criança com dislexia, do estímulo que ela tem em casa e na escola, da motivação pessoal etc.
Quem é o profissional responsável pelo tratamento?

Dependendo da dificuldade da criança, ela pode precisar de acompanhamento especializado de um psicólogo, psicopedagogo ou fonoaudiólogo. Entretanto, o tratamento não acontece apenas no contexto da clínica. É necessário o envolvimento da família e dos professores para estimular continuamente a criança.
É possível prevenir a dislexia?

Por se tratar de uma doença genética, não é possível prevenir seu surgimento. Mas o diagnóstico precoce e a aplicação de atividades específicas podem minimizar os sintomas. Além disso, quanto antes o transtorno for diagnosticado, menor será a defasagem escolar e os impactos emocionais da criança com dislexia.
A dislexia pode vir acompanhada de outros transtornos?

Sim. A base genética comum favorece o surgimento de outros transtornos de aprendizagem, como a discalculia (dificuldade em aprender e manipular conceitos matemáticos), a disortografia (dificuldade no aprendizado e desenvolvimento da linguagem escrita expressiva), a dispraxia (que afeta a noção de espaço, coordenação e habilidade motora). O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) não é considerado um transtorno específico de aprendizagem, mas, pode afetar o desempenho escolar quando o grau de desatenção é grande, e neste caso o tratamento com medicamento pode ser recomendado. Quando há mais de um transtorno associado considera-se uma comorbidade.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Adolescentes viajando sozinhos. O que os pais devem fazer ?

Entrevista de Carmem Fidalgo, psicopedagoga, cedida a repórter da Disney sobre o que os pais devem fazer quando seus filhos viajam sozinhos.


Entrevista Helena Dias



http://www.disneybabble.com.br/



1- Com que idade é comum que os adolescentes queiram viajar sozinhos?
A idade apropriada para viajar sozinho é quando o adolescente sente que esta pronto a ousar, aventurar-se. Essa manifestação costuma ocorrer entre 12 e 15 anos de idade, é quando o jovem experimenta uma inquietude, impulsionado a descobrir o mundo, saindo do seu entorno, de sua zona de conforto, quer alçar seus próprios voos, sair do ninho, explorar o novo. A companhia dos pais nesta nova fase faz com que o adolescente fique embaraçado perante os amigos, porque sente (emocionalmente) estar apto para a vida, porém os pais devem esperar que os filhos manifestem sua vontade em viajar sozinho, mesmo que o apego familiar seja intenso, é sempre bom o incentivo familiar, filhos apoiados pelos pais, são seguros e se tornarão adultos autônomos.
2- Os pais devem permitir?
Sim, os pais devem permitir que seus filhos viagem sozinhos, é um exercício de autonomia, que contribuirá, em muito, para o crescimento individual, intelectual e emocional de seus filhos; Entretanto existem alguns pré-requisitos que os pais devem considerar, tais como: a confiança na relação existente entre eles, construída no cotidiano, o comportamento junto aos amigos, escola, em eventos sociais, se cumpre os compromissos, horários, e, se essa relação for sólida, seu filho acatara suas recomendações quando estiver longe, embora haja uma rebeldia inerente ao adolescente, os pais devem avaliar a responsabilidade, a maturidade emocional, desenvoltura para pedir informações, ou seja, se sabe cuidar-se sozinho.
3- Como deve ser a conversa sobre esse assunto?
A conversa deve ser honesta, sem subterfúgios, dialogo claro e objetivo trás resultados positivos, pais e filhos precisam avaliar ações, comportamentos, se é cumpridor de seus deveres, se corresponde aos limites atribuídos, como se comporta fora de casa, como lida com a saudade, com dinheiro, se o jovem é responsável pelos seus atos e consequências, se existem princípios internalizados em como lidar com bebidas alcoólicas, drogas, pois estará longe de tudo que lhe é familiar e não terá com quem contar. Se o adolescente apresenta essas condições, se existe confiança familiar, e certeza na educação que lhe foi dada ao longo da vida, o quadro é favorável para que tudo transcorra com tranquilidade. Após todas as questões avaliadas e com tempo para reflexão, a família decidirá se aprova ou não a viagem, pois as regras que valem em casa devem valer para a viagem também, e, é extremamente importante que haja consenso, reflexão e confiança.
4- Quais cuidados os pais devem ter ao deixar os filhos viajarem sem supervisão?
A viagem deve ser planejada com antecedência, documentação prevista por lei (passaporte, Rg, autorização dos pais ou responsáveis), é importante que os pais tenham uma cópia desta documentação, e o adolescente também possua na bagagem uma cópia. O numero do voo, telefone da companhia aérea, se irá viajar individualmente, averiguar hospedagem, roteiro de viagem, caso seja por agencia, se a empresa é idônea, se possui recomendações positivas, são providencias práticas que requerem muita atenção, a fim de evitar contratempos. Os pais devem ter anotado o endereço e o telefone fixo do local onde o jovem ficará instalado. Particularmente tome algumas precauções se faz uso de algum medicamento. Calcule a quantidade necessária de roupas, não leve objetos valiosos, como relógios e joias, leve somente o necessário. Os pais devem orientar os filhos em como agir em situações adversas, o que fazer se for assaltado ou perder os documentos, quem procurar nessas situações, telefones úteis (policia, bombeiros, resgate, embaixada de seu país de origem) localização de hospitais. É necessário também repassar regras de segurança, como não andar sozinho em locais escuros e desertos, obter informações do lugar onde o passeio irá ocorrer. Embora pareça excesso, prevenção, indica pró-atividade, excluindo os perigos que podem ocorrer em qualquer lugar, em casa ou longe, acidentes acontecem.
5- Como os pais devem orientar os filhos para que não cometam excessos?
Os cuidados recomendados para a viagem deve ser uma extensão da educação que o adolescente recebeu em casa, pois não existem princípios adquiridos de imediato, imprevistos acontecem, portanto outro aspecto que os pais devem reforçar e orientar seus filhos a não usarem bebidas alcoólicas, ir a festas de desconhecidos, a não aceitar bebidas e comidas oferecidas por pessoas estranhas, não comprar objetos fora do centro comercial, respeitar as prevenções básicas de segurança, tendo cuidado consigo próprio, já que não conhece o lugar e os costumes, e, prudência e cautela nunca fizeram mal a ninguém.
6- E durante a viagem? Os pais devem ligar sempre? Controlar de que forma o que os filhos fazem?
Os pais precisam conter a ansiedade e a preocupação (ao menos tentar), e lembrar que é só uma viagem de férias, e seus filhos estão lá para divertir-se, não ligar a toda hora, combine um horário, de manhã ou à noite, e faça todas as perguntas que lhe tragam tranquilidade, como esta se alimentando, esta gostando do lugar, teve algum desconforto físico. Aja com naturalidade, seja sutil nas perguntas para averiguar o que seu filho tem feito; Mostre apenas seus cuidados e amor e não seus medos, não tente controlar as ações do adolescente, não cause conflito, uma vez que ele perceba, poderá mentir, acarretando outras situações, expresse confiança, isso fará com que se sintam mais protegidos. Inseguranças, choro, demonstração exagerada de saudade podem contaminar seus filhos e, isso não é positivo em nenhuma circunstância, apenas se tranquilize e deixe que aproveite a viagem.
7- E em relação ao dinheiro? Como os pais devem "liberar a verba" para a viagem?
Se tudo foi acertado previamente, os cálculos para despesas foram feitos, bem como para alguns presentes e emergências, se isso foi muito bem conversado, questões financeiras não serão problemas, se os pais incluíram uma educação financeira adequada em seu cotidiano, não haverá excessos, porém as “tentações” estarão expostas, cabe aos pais lembrarem aos filhos a importância no domínio da ansiedade, e dos impulsos, já que é tudo diferente, bonito, e, que isso é um convite ao consumismo. Cartão pré-pago é sempre a melhor solução, uma vez que existe um limite a ser gasto, e evita consumo em excesso, porém é necessário dinheiro em espécie, e este deve ser usado com moderação. O adolescente estará no lugar para se divertir e brincar, o dinheiro trará segurança, garantia que tudo ocorrerá como previsto. Dinheiro em demasia não é sinônimo de diversão, todo exagero é prejudicial. Uma viagem bem planejada só traz felicidades. Depois de todas as questões definidas, abrace seu filho, acredite que tudo acontecerá como o planejado e terá uma boa viagem e deseje que ele faça como o Buzz Lightyear “Ao infinito e além” ...





Carmem Fidalgo
Psicopedagoga




Contato: carmemfidalgo@gmail.com
http://www.carmemfidalgo.blogspot.com.br

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pais e Adolescentes: Um relacionamento que vale a pena

Pais e adolescentes: o relacionamento vale a pena Nancy Van Pelt O Novo Dicionário Internacional de Webster define adolescência como “os anos que estão entre os 13 e os 19 da vida de uma pessoa”. Essa declaração não explica muito, não é mesmo? Em inglês, as pessoas dessa idade são conhecidas como teens. A palavra vem do antigo vocábulo teona, que significa ofensa, irritação, aflição. Sim, esses anos podem ser dolorosos tanto para os pais como para os adolescentes. Pais e adolescentes: o relacionamento vale a pena vassiliki koutsothanasi O adolescente ainda não pode ter a liberdade de uma vida adulta, mas também já não tem os privilégios de ser criança. Pode-se dizer que, durante sete anos, ele está preso nas garras do tempo. Em geral, na idade de 15 anos, o jovem sente que tudo é proibido para ele. Não pode dirigir um carro, casar-se, pedir dinheiro emprestado, tomar suas próprias decisões, votar ou entrar para o exército. Mas deve ir à escola, quer queira, quer não. Todas essas negativas atrapalham o relacionamento entre adultos e adolescentes, e isso prevalece até que o adolescente consiga se emancipar financeiramente. O rádio, a televisão e outros meios de comunicação apresentam várias estatísticas referentes à delinquência juvenil, ao crime, às adolescentes que ficam grávidas e às drogas. Os adolescentes do nosso tempo são piores do que fomos quando jovens? Talvez não sejam piores, mas pode-se dizer que são muito diferentes dos adolescentes de vinte ou trinta anos atrás. Ainda que façam quase as mesmas coisas que fazíamos no passado, estão agindo assim muito mais cedo. Os sociólogos confirmam que as crianças crescem mais rápido em nossos dias. Vão a encontros amorosos mais cedo e conhecem aspectos da vida adulta com uma antecedência imprópria. Têm mais dinheiro, mais meios de transporte, mais tempo livre e menos supervisão que antes. Amadurecem sexualmente três anos mais cedo que a geração anterior. Os problemas do mundo adulto complicam mais a situação. O divórcio, a inflação, a crise de energia e a corrupção política que existem na atualidade não são quadros atraentes. Os adultos que não podem enfrentar suas próprias dificuldades não estão capacitados para enfrentar os problemas que surgem na vida do adolescente. Durante a difícil fase do crescimento, o adolescente precisa de pais que possam reconhecer que estão acontecendo nele certas mudanças que o transformarão num adulto; precisa de pais que o compreendam com paciência, e não que reajam contra seu comportamento. No começo da adolescência, o filho geralmente aceita a autoridade dos pais, sem necessidade de muita persuasão. Quando um pouco mais velho, o adolescente quer verificar tudo o que você diz. A mesma criança que parecia estar contente sob seu cuidado começa a causar problemas, fica inquieta e se irrita com facilidade. O método de disciplina que você usava anteriormente perdeu sua eficácia. A autoestima do adolescente começa a adquirir grande importância, a responsabilidade vira coisa do passado. O companheirismo e a amizade que você sonhava ter com seu filho parecem ter se transformado em fumaça. Os momentos de diálogo que você planejava não se tornaram a realidade esperada. O adolescente não quer ficar em casa com a família. Quando fica, sua mente divaga e não presta atenção. Age como se fosse feio ser visto na companhia de seus pais. Seus altos e baixos emocionais, seus ataques temperamentais e seus períodos de indolência começam a causar confusão. E você se pergunta se talvez esteja perdendo sua competência como pai e o contato com seu filho. Sente-se confuso e decide buscar ajuda para entender melhor o que acontece com você mesmo e com seu filho. Procura se lembrar do que acontecia em sua juventude, mas os anos passados estão nebulosos em sua lembrança. Os lamentáveis fracassos de seus amigos com os filhos o confundem. Com novas forças, com a esperança de ter certo sucesso com seu adolescente, você enfrenta o problema e faz o melhor que pode, mas logo descobre que nuvens escuras anunciam outra tempestade. Se essa situação descreve parcialmente sua relação com seus filhos, acalme-se, porque está dentro do que ocorre normalmente. Você não precisa sentir que fracassou como pai pelo fato de ter alguns problemas de comunicação com seu adolescente. Todos os filhos, de uma forma ou outra, expressam sua rebeldia contra os pais. Pontos positivos e negativos da rebeldia Quando meu esposo e eu fazemos seminários para pais de adolescentes, às vezes perguntamos se eles, os pais, percebem a rebeldia como uma experiência positiva ou negativa. Em geral, a resposta é que a rebeldia é uma experiência negativa. É a resistência ou a rejeição à autoridade. Mas pensemos por um momento no que aconteceria se a criança nunca resistisse ou recusasse o controle paterno. Ela ficaria sempre sob sua autoridade e, talvez, sob seu teto. Durante a adolescência, o jovem começa a rejeitar alguns valores de seus pais, suas ideias e seus controles e passa a estabelecer seus próprios limites. Em certo sentido, esse é um processo positivo, é o estabelecimento de sua própria individualidade, seus princípios éticos, seus valores, suas ideias e suas crenças. Para alguns jovens, esse processo ocorre nos primeiros anos da adolescência; em compensação, para outros, chega mais tarde. Para alguns, é uma transição difícil; mas, para outros, é bastante fácil. Os pais com filhos que manifestam um pequeno grau de rebeldia se surpreendem quando escutam histórias de outros pais que fracassaram no relacionamento com seus filhos, experimentando muita angústia, dissabores e desafios diretos. O processo de estabelecer a própria identidade é um passo necessário para todo adolescente. Se não faz isso durante a adolescência, que é o momento oportuno, o mais provável é que acabe acontecendo mais tarde. Talvez durante a idade adulta. Muitas situações críticas da vida adulta podem, na realidade, ser consideradas períodos de rebeldia em estado latente. É muito mais saudável quando essa experiência acontece naturalmente. Direitos X privilégios Com frequência, os adolescentes exigem privilégios, achando que estes são seus direitos. Alguns ficam confusos sobre o que é direito e o que é privilégio. E os direitos dos pais? Tudo certo nesse aspecto? Vamos ver? Marque de acordo com a escala 1. Definitivamente sim. 2. Provavelmente sim. 3. Talvez. 4. Provavelmente não. 5. Definitivamente não. 1. Acho que tenho o direito de impedir que meu filho adolescente tenha más companhias. 2. Acho que tenho o direito de recusar que meu filho dirija antes da idade recomendada. 3. Acho que tenho o direito de privar meu filho de privilégios que ele não merece. 4. Sinto que tenho o direito de indicar parâmetros em relação à aparência, principalmente quando questões morais estão envolvidas. Pontuação: Cada um dos quatro itens é um direito dos pais, mas lembre-se de que cada direito dos pais precisa ser exercido com sabedoria. O adolescente, através de sua atitude rebelde, procura o reconhecimento de sua individualidade. Não quer que seus pais o considerem um objeto de sua propriedade, apesar de continuar sob a responsabilidade deles. Tenta descobrir quem na realidade é, no que crê e os princípios que defende. Tanto a sua identidade como o respeito próprio estão em jogo. Em sua ansiedade de encontrar a resposta para essas inquietações, talvez reaja agressivamente contra a autoridade dos pais, como nunca havia feito antes. É por isso que você, como pai ou mãe, deve ter a sabedoria necessária nesse momento para reconhecer que a reação de seu filho não é uma atitude pessoal contra você, mas parte de um processo normal que está se desenvolvendo no interior dele. A rebeldia normal levará o adolescente a uma vida adulta madura. Esse período construtivo o ajudará a se libertar de seus traços infantis e a desenvolver sua própria independência. Nessa fase, pode ser difícil manter os canais de comunicação abertos. Mas, especialmente nos períodos de dificuldade, tanto os pais como o adolescente devem manter a comunicação e explorar os problemas persistentes. Lembre- -se de que o adolescente não pode controlar suas emoções sozinho e de forma racional, tampouco está equipado para enfrentar as intensas emoções de seus pais. Talvez a grande alteração no humor do adolescente frustre os pais. Às vezes, ele se comporta como se fosse “o rei da montanha”, de onde contempla a beleza e o esplendor da vida. Mas, antes que você possa se adaptar a esse estado de ânimo tão otimista, ele cai no abismo do desespero e do desânimo. Todos os aspectos da vida parecem crescer de maneira exagerada e descomunal. Todas as coisas são boas ou feias, quentes ou frias, maravilhosas ou detestáveis. A maturidade das ações e reações dos pais ajudará o adolescente a reconhecer que a vida é 10% do que acontece a uma pessoa e 90% de como essa pessoa reage diante dos acontecimentos. Apesar de o adolescente esquadrinhar todas as coisas, ele não faz uma pausa suficientemente longa para deter-se em algo particular. Um dia, pode desviar um quarteirão de seu caminho para ver Júlia, mas, poucas semanas depois, caminha dois quarteirões para evitá-Ia. Num dia, não consegue parar de comer pizza, mas, no outro, não entende por que as pessoas acham tão bom comer pizza. Durante as fases normais de rebeldia, você pode esperar que seu filho adolescente desafie sua autoridade em vários aspectos: ao responder a você, ao argumentar, ao discutir as regras e os limites, ao questionar sua religião e ao recusar valores, que, por tanto tempo, fizeram parte da família. Pode também demonstrar claramente o mesmo desafio à sua autoridade através das roupas que usa e da música que ouve. Muitos adolescentes demonstram a rebeldia através do álcool, das drogas e do sexo. Se o período de rebeldia do adolescente irá se manter nos limites do “normal” ou se será uma coisa anormal, depende, em grande medida, da intensidade e direção da reação dos pais. Se você redobra seus esforços para controlar a situação sem levar seu filho em consideração, a sementinha da rebeldia criará fortes raízes nele. Talvez você possa controlá-lo por algum tempo, porém o mais provável é que ele decida se distanciar de qualquer forma. No entanto, se você tiver paciência, enquanto seu filho busca se achar, seu relacionamento com ele se manterá dentro dos limites saudáveis e construtivos, o que é muito importante. O que você acha? A rebeldia anormal Talvez você pergunte: “Se tudo isso for normal, o que será anormal?”. A rebeldia anormal prejudica a família quando há constantes discussões, por exemplo, sobre o carro, os namoros, as amizades, as regras, as limitações ou o dinheiro. A guerra fria se estabelece no lar em que os membros da família têm medo de falar para não aumentar a rebeldia. A rebeldia anormal tira o jovem do caminho principal da vida e o força a andar por um caminho estreito que o leva a uma vida cheia de amargura e ódio. A rebeldia anormal pode ser medida através do seu grau de intensidade e da frequência com que ocorre. Por exemplo, certa vez, alguns rapazes passaram com o carro nos jardins das casas da vizinhança, destruíram plantas e flores, bateram nos postes de luz e derrubaram paredes com machados. O pai de um desses adolescentes frustrados, aborrecidos e ricos disse: “Estão apenas extravasando seu ânimo”. E que ânimo! O dano ficou em torno de 400 mil dólares. Hoje em dia, mais da metade dos roubos em lojas são feitos por adolescentes, e a maioria pertence à classe média. Não roubam porque têm necessidade, mas pela emoção que essa experiência proporciona. Duas garotas de Beverly Hills tentaram roubar umas blusas caras. Surpreendidas pela polícia, propuseram devolver a mercadoria às prateleiras em troca da liberdade. Sua travessura demonstrava ser outra forma de rebeldia ao declarar “Não vou obedecer às regras”. Às vezes, esses adolescentes procuram desesperadamente dizer a seus pais: “Talvez assim me deem atenção”. A rebeldia é anormal quando o adolescente se nega a obedecer, por qualquer razão, às regras do lar, ignora o horário de voltar para casa, faz uso de bebidas alcoólicas e drogas, pratica sexo, vive transgredindo as leis e se veste com roupas esquisitas. Em poucas palavras, pode-se dizer que a rebeldia anormal carrega consigo uma recusa total das normas estabelecidas pela família ou das responsabilidades sociais. Quanto mais jovem é o adolescente quando entra nesse estado de rebeldia anormal, mais difícil será para a família controlar a situação, especialmente se as crianças menores percebem o que está acontecendo e procuram imitar esse comportamento. É possível que você nunca tenha de enfrentar uma rebeldia anormal. Mas, se tem dois ou mais filhos, a possibilidade de se deparar com tal situação é maior, mesmo que você tenha dito: “Quando meus filhos se tornarem adolescentes, não se comportarão dessa maneira porque eu não vou permitir”. É difícil para um pai de criança pequena visualizar o que o espera nos próximos anos. Ele pode dizer a um filho pequeno que se sente em uma cadeira até que ele retorne e espera encontrá-lo sentado ao voltar. Isso não funciona com o adolescente. O adolescente tem sua maneira de pensar, sua individualidade e sua própria personalidade. Sua mentalidade e sua personalidade não podem ser controladas todo o tempo. Eu também me senti inclinada a culpar os pais e os métodos inadequados de disciplina, até que experimentei uma rebeldia anormal com um dos meus três filhos. Como mãe jovem, fui amiga íntima de uma mãe que tinha quatro filhos. Eu pensava que, se alguém pudesse ter filhos perfeitos, seria ela. Ela e o esposo eram cristãos dedicados, a família inteira participava regularmente dos cultos familiares. Nesse lar, não se praticavam normas de duplo sentido. A união familiar ocupava uma prioridade bem elevada. No entanto, esses pais tiveram dificuldades sérias com um de seus filhos durante a adolescência. Aquela mãe, desesperada, me escreveu na ocasião: As coisas melhoraram um pouco no que se refere a meu filho Tim. Ele vai à igreja regularmente e terminou o namoro com uma garota que não convinha. Trabalha à tarde e estuda pela manhã. Passa seu tempo livre cuidando do carro. Há muitas coisas que precisam ser melhoradas, mas a situação já mudou muito. Foi uma experiência muito dura para mim, mas aprendi algo bom. Finalmente, fiz uma distinção entre minhas responsabilidades e as de meu filho. De uma ou de outra forma, eu tinha cometido o erro de pensar que, se criasse meus filhos de acordo com a Bíblia, automaticamente eles seriam bons. Mas me esqueci de considerar a vontade humana. Só podemos fazer nossa parte, e o filho deve decidir se lhe convém seguir nosso exemplo e adotar nossos ensinos. Rogo a Deus que, em seu caso, nunca passe pela mesma experiência. Minha amiga mencionou vários pontos interessantes. Para começar, chega o dia em que nós, os pais, não podemos nos sentir responsáveis pelas decisões irresponsáveis de nossos filhos adolescentes. Se eles preferem tomar decisões irresponsáveis, apesar de nossos avisos e conselhos, devem, então, arcar com as consequências. Em segundo lugar, as crianças não se tornam boazinhas automaticamente quando lemos a Bíblia para elas, quando fazemos o culto familiar e procuramos o “melhor” para elas. O estudo da Bíblia, o culto familiar, as escolas cristãs, a ida à igreja regularmente, o exemplo dos pais e a disciplina coerente são valores essenciais, mas não garantem que nossos filhos serão bons. Nenhum pai deve tentar manter o controle absoluto do destino de seu filho adolescente. Deus nos dá liberdade para tomar decisões. Como Ele, devemos permitir que nossos adolescentes tenham a liberdade de tomar suas próprias decisões. Deus sempre nos recebe quando nos arrependemos e pedimos perdão. Da mesma maneira, devemos estar sempre dispostos a receber o filho que cometeu um erro. Um de nossos filhos manifestou um alto grau de rebeldia em nosso lar. Durante esses anos críticos, ele desafiou os valores religiosos que lhe havíamos ensinado e rejeitou os princípios que serviam de direção para nossa vida. Ele se sentava conosco durante o culto familiar, mas nos fazia entender que preferia não estar ali. As sextas-feiras à noite eram nossa “noite família”. Líamos histórias inspiradoras, cantávamos hinos e, durante o inverno, nos sentávamos junto à lareira para desfrutar daquele ambiente familiar. Eram momentos destinados a unir a família, depois de uma semana de muita agitação. Ao final, nos juntávamos em círculo e nos abraçávamos enquanto orávamos. Isso simbolizava nossa unidade e um relacionamento estreito que reinava entre os membros da família. Durante a semana, podíamos ter dificuldades com nosso filho rebelde, mas, às sextas-feiras à noite, sempre o abraçávamos. Queríamos que ele entendesse que o amávamos e que fazia parte da família, apesar dos desacordos. Nesses anos críticos, durante um tempo, ele permitia que o abraçássemos, mas se mantinha rígido como um soldado de madeira em posição de sentido. Entendíamos sua mensagem silenciosa: “Se não posso fazer o que quero, vou demonstrar que estou me distanciando”. Nunca mencionamos que ele devia corresponder ao nosso caminho. Mas continuávamos amando-o. Deus nunca deixa de nos amar. E, representando Deus diante de nossos filhos, devemos demonstrar esse tipo de amor incondicional e indestrutível mesmo em relação ao adolescente rebelde, não importa quão difícil ele seja. Alguns princípios poderão servir de guia para entender o adolescente durante esse período. O primeiro é o seguinte: aprenda a se comunicar. Abandone as guerras verbais intermináveis que o deixam esgotado e desanimado. Os gritos apenas enfraquecem a autoridade e fazem o adolescente levar vantagem. Se é cada vez mais difícil controlar seu filho de catorze anos que desobedece às regras, se ele tem uma atitude cada vez mais desafiadora e vive de acordo com seu próprio código de ética, é importante que você reaja logo, porque, de outro modo, perderá completamente o controle, e há a possibilidade de perder seu filho para sempre. Essa situação exige que você fale seriamente com o adolescente. Poderá fazê-lo num lugar público (por exemplo, num restaurante), onde a situação emocional seja mais bem controlada. Durante o diálogo, convém assinalar, sem acusar ou julgar, a seriedade da situação. Explique-lhe que isso acontece também a outros adolescentes. Faz parte do processo necessário para estabelecer os valores e a identidade do indivíduo. No entanto, mesmo que o jovem queira mais liberdade, não deve fazer o que bem quiser. Como pai ou mãe, você tem a sagrada responsabilidade de protegê-lo e não deve descuidar dessa obrigação. Talvez você queira pedir desculpas a seu filho por não ter reagido sempre de maneira positiva. Os pais que pedem sinceras desculpas ganham um ponto com seu filho adolescente. Essa atitude pode fortalecer o respeito que ele tem por você e estreitar os laços que estavam se enfraquecendo. Talvez você tenha perdido a calma, reagido precipitadamente ou agido de forma exagerada. Demonstre sua intenção de corrigir seu comportamento para que haja mais entendimento no futuro. Depois, estabeleça limites. Diga-lhe que o fato de estar crescendo e de que logo agirá por conta própria não significa que, agora, pode fazer o que bem entende em casa. Todos devem respeitar regras gerais da família, necessárias para que existam paz e harmonia. Mencione quais são as regras das quais você não vai abrir mão. Fale calmamente que, se ele escolher desobedecer deliberadamente, você terá que tomar algumas medidas drásticas. (Não é preciso enumerar as medidas que pretende adotar nessa fase se a desobediência continuar.) Fale com amor. Manifeste sua preocupação e o quanto o ama. Diga-lhe que deseja ter um lar feliz durante o tempo que ainda vão ficar juntos como família. Convide-o a viver em paz, e não em guerra. Peça sua cooperação para que reine a harmonia na família e peça-lhe que ajude com as responsabilidades do lar. Se você respeitar seu filho, ele terá mais respeito por si mesmo e por você. Protegendo, dando sermão ou imunizando? Como os pais podem ajudar os adolescentes a conseguirem uma independência segura? O método mais comum usado por pais cristãos é controlar completamente o ambiente que rodeia o jovem. Esses pais tomam as decisões quando se trata de entretenimento, amizades, roupas, músicas, material de leitura, programas de televisão e filmes a que seus filhos assistem. Colocam os filhos em colégios cristãos com a esperança de isolá-Ios das más influências e sustentar seus princípios. No entanto, a tentativa de controlar o ambiente do adolescente não produz resultado positivo. Você não pode isolar completamente seu filho adolescente da influência da sociedade. Os mesmos problemas que existem em escolas públicas podem ser encontrados nas escolas particulares, em algum grau. Um dia, o adolescente terá que abandonar esse ambiente controlado e protegido do lar e não estará preparado para enfrentar a realidade da vida. Outro erro comum ocorre quando os pais reagem exageradamente em relação às influências negativas. Eles pensam que, ao reagir com uma crítica dura e negativa contra as normas e atividades reprováveis, o adolescente as evitará no futuro. Por exemplo, num esforço de evitar que o filho ouça certo tipo de música, o pai começa a fazer comentários desfavoráveis sobre isso. Em geral, esse método é contraproducente. Muitos adolescentes não se impressionam nem dão atenção à reação drástica. Talvez respeitem ou sejam indiferentes em casa, mas, fora, voltam-se contra o que seus pais disseram. Os filhos podem manter atividades clandestinas mesmo dentro de sua própria casa, enquanto aparentam um bom comportamento. Quando, finalmente, os pais descobrem a verdade, enchem-se de culpa e aflição. Perguntam-se: “Como é possível que meu filho siga os maus costumes dos outros se ensinamos exatamente o contrário?”. O recurso mais efetivo para ensinar valores e normas ao adolescente é o “método da vacina”. Quando os pais dão a seus filhos a oportunidade de receber pequenas doses de agentes infectados para adquirir imunidade contra a doença, estão preparando-os eficazmente para resistir ao mal. Em vez de dar sermões sobre as influências negativas ou tentar isolar os filhos, ensine os valores através do exemplo e da discussão direta das situações a que estão expostos e que merecem censura. Quando surgir algum problema, analise junto com seu filho os pontos positivos e os negativos. O jovem é exposto a pontos de vista claros e lógicos, sendo orientado sutilmente. Alguns pais, tão cedo quanto possível, permitem que o filho tome sua própria decisão, mesmo que esta não seja a melhor. É preferível que o jovem aprenda logo cedo a evitar as decisões inadequadas. Poucos pais conseguem tolerar essa atmosfera de franqueza, mas é a forma mais efetiva de enfrentar a situação. A maioria dos pais se sente obrigada a decidir por seus filhos adolescentes. No entanto, a capacidade de tomar decisões sábias é algo que pode ser aprendido. É como um músculo que se exercita repetidamente para que se desenvolva. Os pais conscientes que querem complementar o “método da vacina” poderão ajudar o adolescente a elaborar as normas do lar relativas a certas atividades. Algumas atividades importantes, como dirigir o carro da família, sair com jovens do sexo oposto e o comportamento sexual, podem ser controladas com sucesso se forem mencionadas as precauções. Antes do período em que o adolescente tenha permissão para, por exemplo, namorar ou dirigir, deve ser encorajado a sugerir normas relativas a essa atividade. Os pais podem contribuir nessa elaboração, chegando, junto com seu filho, a um acordo, que pode ser registrado por escrito. Esse método é muito eficaz, porque, quando o jovem formula uma regra e decide respeitá-Ia, faz isso com mais fidelidade do que se fosse algo ditado apenas por seus pais. É importante que você receba toda a comunicação que puder da parte do adolescente e que ofereça o mínimo de orientação parental. Tal enfoque requer tempo, esforço e paciência, mas proporciona grandes e ricos resultados. O adolescente que é encorajado a tomar suas próprias decisões tende a colaborar com os regulamentos da família, desenvolvendo uma independência saudável e um respeito próprio positivo — duas características indispensáveis nessa fase. “Todo mundo faz isso” Uma armadilha comum em que os pais caem é o argumento apresentado pelos filhos: “Todo mundo faz isso”. Nesse caso, os pais devem explicar que nem todo mundo faz as coisas da mesma forma; e, portanto, não precisam saber o que outros pais estão fazendo. Devem dar ao adolescente a liberdade que ele deseja, mas até onde seja razoável. No entanto, é muito importante que os pais cristãos estabeleçam logo na vida da criança que eles, em geral, fazem coisas diferentes dos pais não cristãos, porque seu sistema de valores é diferente. Dizer “não” imediatamente quando o filho adolescente pede permissão para fazer algo pode ser um erro. Os pais sentem que estão pisando em terreno seguro quando adiam as coisas para o outro dia. Por isso, começam dizendo “não”, mas, depois de ouvir os argumentos do filho, com frequência mudam de opinião e dizem “sim”. Essa atitude ensina ao jovem que vale a pena insistir e discutir e que um “não” significa, na verdade, um “talvez... vou pensar”. Uma estratégia mais inteligente seria dizer: “Explique tudo direitinho, e depois tomarei uma decisão”. Quando o jovem lhe apresentar os fatos, diga-lhe: “Ainda não tomei uma decisão. Preciso de tempo para pensar. Quero falar com sua mãe (seu pai), e depois lhe diremos o que decidimos”. Tome a decisão mais racional possível e a cumpra a todo custo. Castigo para os adolescentes Os pais não devem castigar fisicamente o adolescente. Ele se considera adulto e crê que apanhar é para as crianças. Sua autoestima não pode ser sacrificada no altar do ressentimento. Isso não quer dizer que o controle deva ser abandonado. Ao contrário, o adolescente precisa de uma supervisão firme e constante. Muitos erros e faltas do adolescente podem ser corrigidos com diálogos, num clima de amor e consideração. Se esse método fracassar, talvez seja conveniente tirar-lhe alguma regalia: sair com os amigos, usar o carro ou coisas parecidas. Reter a mesada ajuda a controlar o comportamento, mas não use esse método para que ele melhore as notas na escola. As medidas disciplinares funcionam de forma mais efetiva entre os adolescentes quando eles colaboram na elaboração das regras e do castigo por sua desobediência. Uma mãe, quando seu filho voltou certa noite catorze minutos depois da hora combinada, disse: “Aplique você mesmo o castigo que merece e faça-o agora”. “Sou um idiota!”, exclamou o jovem em voz alta. “Se voltar a chegar tarde, perderei o privilégio de sair à noite, coisa que não quero”. Com um sorriso, continuou, com toda a riqueza de detalhes, fazendo o ritual que seus pais faziam para dar-lhe bronca quando desobedecia, incluindo as razões, e tomou a decisão de voltar para casa antes da hora combinada. Essa atitude ajudou sua mãe a manter a calma num momento em que se encontrava muito cansada para agir com justiça. Além disso, ela ficou satisfeita ao ver que ele aprendera a agir com responsabilidade. A partir daquela noite, o rapaz passou a chegar sempre cedo. Responsabilidades de trabalho para o adolescente Antes que um astronauta esteja capacitado para viajar num veículo espacial, ele recebe instruções muito cuidadosas sobre a forma como o veículo deve ser operado. Quanto mais ele aprender e praticar, melhor astronauta será. Da mesma forma, antes que um adolescente possa assumir as responsabilidades da vida adulta, precisa aprender sobre essa vida e como vivê-Ia. Portanto, os pais sábios transformarão seus lares em laboratórios, onde cada adolescente poderá praticar a arte de viver. Os adolescentes de ambos os sexos devem aprender a cozinhar, lavar, limpar a casa, fazer reparos simples e compras no supermercado, equilibrar o orçamento e fazer planos para eventos sociais. É muito bom que os adolescentes tenham responsabilidades e se mantenham ativos. A um jovem de 16 anos, por exemplo, não se deve apenas deixar que lave o carro, mas que também dê sua opinião sobre a compra de um novo automóvel. Não se deve apenas pedir a um adolescente que limpe as janelas e a casa, mas que tenha voz e voto na escolha de materiais e cores que devem ser usados na decoração. Embora os adolescentes devam participar das tarefas domésticas, os pais devem permitir que eles tenham tempo livre para realizar suas próprias atividades. Se João joga basquete nas terças-feiras à noite, não é justo que se negue esse privilégio a ele porque nessa noite ele tem de lavar os pratos. É bom fazer um programa adequado. Se o pai e a mãe o ajudarem a lavar os pratos, ele também aprenderá a ajudar os outros quando se encontrarem em necessidade. Os pais devem dar prioridade ao adolescente que trabalha fora parte do tempo. As tarefas do lar não devem interferir, a menos que a situação no lar o requeira. O trabalho de meio período oferece ao adolescente um sentido de prestígio, e às vezes uma fonte de dinheiro pode até ajudar a definir sua carreira. Permita que o adolescente dedique gradualmente mais tempo ao trabalho e menos tempo às atividades do lar, se assim o desejar. Durante a adolescência, a escolha do momento certo ocupa papel relevante no ensino da responsabilidade. E, de novo, relembramos que o momento mais favorável para ensinar responsabilidade ao jovem é quando ele demonstra interesse definido por certa atividade. Um jovem chegou em casa todo entusiasmado quando aprendeu a fazer um dispositivo elétrico na aula de eletricidade. Pensou que seria capaz de fazer um que abrisse a porta da garagem. O pai o incentivou para que fizesse o projeto; ambos conseguiram os materiais necessários e começaram a trabalhar na garagem durante seu tempo livre. Como o dispositivo elétrico foi um verdadeiro sucesso, pensaram em novos projetos que pudessem ser realizados com as ferramentas do pai. Dessa maneira, o filho, que nunca tinha se preocupado com o futuro, começou a pensar na carreira de eletricista ou engenheiro elétrico. Em um estudo recente, 88% dos jovens que estavam com problemas com a lei responderam “nada” quando indagados sobre o que faziam no seu tempo livre. O trabalho caseiro, especialmente a limpeza das paredes e dos pisos, ajuda a manter a boa forma, a desenvolver os músculos e a canalizar as energias próprias da juventude e da vitalidade de um corpo em desenvolvimento. Cozinhar e costurar ajuda o jovem a se preparar para realizar os trabalhos do lar. O trabalho é a melhor disciplina que um adolescente pode ter. Ele ensina as virtudes da laboriosidade e da paciência; ajuda a escolher uma profissão para os anos seguintes; mantém o jovem ativo e livre da ociosidade e do mau comportamento; e possibilita a integridade, a confiança e o respeito próprio. Como motivar um adolescente Talvez você tenha feito o melhor para ensinar a seu filho adolescente o sentido da responsabilidade, mas, às vezes, pode ser difícil fazer com que ele vá na direção certa. Como esse é um período em que predomina uma atitude egocêntrica na vida do jovem, as recompensas que interessam a eles podem ser especialmente úteis. Nesse caso, as informações a seguir serão de muito valor: 1. Escolha uma motivação importante para ele. Emprestar o carro quando ele já tem a habilitação, durante duas horas por algumas noites, pode ser um grande incentivo. Uma jovem talvez se interesse em roupas. Se os recursos para adquirir suas próprias coisas são colocados ao alcance do adolescente, você tem uma boa alternativa para evitar os pedidos, a reclamação, os gritos, as queixas e os lamentos que poderiam ser produzidos. Você poderia dizer: “Estou disposto a comprar a blusa que você quer, mas você tem que merecer”. Uma vez que estejam de acordo em relação ao incentivo ou à motivação, será necessário dar um segundo passo. 2. Formalize seu acordo. Uma excelente maneira de alcançar esse objetivo é através de um contrato escrito que tanto o adolescente como o pai ou a mãe tenham firmado. Meu esposo e eu fizemos um contrato com nosso filho Mark, dando- -lhe a oportunidade de dirigir o carro. Sim, ele poderia, mas teria que ganhar esse privilégio comportando-se bem. Dirigir um carro requer responsabilidade, e ele devia mostrar-se responsável em outras áreas da vida para poder dirigir. Uma cláusula dizia que Mark deveria acumular 25 mil pontos num período de seis semanas, porque, caso contrário, o contrato seria anulado. Ele também compreendeu que seu comportamento inadequado poderia fazê-Io perder pontos. Com o desconto dos pontos por mau comportamento, podem- se acrescentar pontos pelo bom comportamento em áreas não inclusas no contrato. 3. Estabeleça um método de recompensas imediatas. A maioria de nós precisa de algo tangível para manter nosso interesse enquanto lutamos por um objetivo. No caso de Mark, adotamos o sistema sugerido na tabela de preparação do contrato. Cada noite, anotávamos os pontos e, ao final de cada semana, os somávamos. Na primeira semana, ele ganhou apenas 750 pontos. E compreendeu que não poderia alcançar os 25 mil de que necessitava se continuasse naquele passo. É interessante que, na segunda semana, ele conseguiu 7.500 pontos. O sistema de contrato pode se adaptar a diversas situações. O princípio é eficaz, mas talvez você tenha que fazer adaptações. É importante que o adolescente não receba o prêmio sem ter merecido. Da mesma maneira, não demore a recompensá-lo se merecer. Contrato de permissão para dirigir Ganha pontos assim: 100 por meia hora de trabalho realizado sem que alguém pedisse. 50 por tarefa escolar com nota máxima. 50 por se levantar quando for acordado. 50 por dizer “Claro que faço” quando alguém lhe pede para fazer algo. 50 por arrumar a cama e o quarto cada manhã. 50 por deixar o banheiro bem limpo. 100 por meia hora gasta escutando música clássica. 150 por grupo de seis versículos da Bíblia memorizados. 100 pelo estudo diário da Bíblia. 50 por terminar rapidamente os deveres. 200 por hora de estudo em casa. 100 por hora de leitura de temas não escolares. Perde pontos assim: 100 por perder a calma (palavras feias, mau comportamento). 50 por chegar tarde ao colégio. 50 por chegar tarde aos compromissos. 100 por advertências recebidas no colégio. 50 por discutir asperamente com pais ou irmãos. Como você lida com os adolescentes? Marque de acordo com a escola. 1. Concordo totalmente. 2. Concordo em parte. 3. Não estou seguro. 4. Discordo em parte. 5. Discordo totalmente. 1. Creio que os adolescentes de hoje são piores que os de minha geração. 2. Tanto a rebeldia dos filhos como o processo de sua independência são coisas negativas. 3. Durante as fases normais da rebeldia, espero que meu filho adolescente desafie minha autoridade, me conteste, ponha as regras e os limites à prova e duvide da religião e dos valores tradicionais. 4. Sinto-me culpado e fracassado quando meu filho adolescente faz uma escolha inadequada, como se eu fosse o responsável direto por isso. 5. Se a atitude de desafio do meu filho adolescente se generalizasse e se intensificasse, eu diria que ele deve se corrigir ou sair de casa. 6. Quando surge um problema, analiso-o francamente e ajudo meu filho adolescente a escolher o que é correto. 7. Posso permitir que meu filho adolescente tome suas próprias decisões, mesmo que não sejam adequadas e estejam contra as normas e os valores da família. 8. Incentivo meu filho adolescente a participar na elaboração de normas para o comportamento em assuntos importantes, como dirigir o carro ou sair com pessoas do sexo oposto. 9. Mesmo que meu filho adolescente possa manifestar hostilidade, as portas da aceitação, do amor e da comunicação estarão abertas. 10. Posso ver meu filho adolescente como uma pessoa digna e valiosa, mesmo que escolha valores diferentes dos que eu desejaria que ele escolhesse. Analise suas respostas com seu cônjuge ou um amigo. A tarefa dos pais Os pais podem ajudar os adolescentes de várias maneiras. Aja assim: 1. Respeite a privacidade. O adolescente precisa ter um lugar próprio, e os pais não devem se sentir rejeitados se ele fechar a porta do quarto. As coisas particulares incluem as cartas, o diário e as chamadas telefônicas. Os pais que bisbilhotam o quarto e os objetos pessoais do adolescente para encontrar evidências de atividades clandestinas estão violando o direito de privacidade do filho. Se você suspeita que seu filho esteja usando drogas, a necessidade de procurar e confiscar a droga é outro assunto; mas nada de prender diários pessoais e correspondência ou procurar coisas nos bolsos, nas carteiras e nas gavetas. 2. Torne o lar atrativo. Alguns pequenos cuidados, como uma aparência pessoal bem cuidada, arrumar as camas e manter a cozinha limpa, podem salvar o adolescente de se sentir envergonhado quando seus amigos o visitam. O adolescente é muito sensível à opinião que seus companheiros possam ter de seus pais, mesmo que ele próprio ande de qualquer jeito. Nunca deixe de fazer coisas em família. Muitos jovens têm bons pais, mas não os conhecem de verdade, porque só os veem quando estão dando broncas, criticando ou dizendo o que devem fazer. Uma das coisas que mais influenciam na felicidade da família é o sentimento de companheirismo e compreensão. Muitos dos contatos dos pais com seus filhos adolescentes são de necessidade, para a rotina e com finalidade de controlar. Por isso, é importante que também haja contatos menos sérios e mutuamente satisfatórios. As brincadeiras em família, as viagens ao campo, as férias, as caminhadas pelo bosque, os projetos de construção e os debates amigáveis criam uma atmosfera agradável que atrai os filhos. 3. Supervisione sutilmente. O adolescente não responde quando enfrenta uma série de situações negativas; no entanto, quer ser dirigido. Por um lado, prefere pais que manifestem firmeza; mas, por outro lado, se revolta quando lhe negam a liberdade a que tem direito. Nesse caso, pode ameaçar: “Deem-me liberdade ou eu vou embora desta casa”. Entretanto, a disciplina de modo nenhum cessa ou diminui na adolescência. O adolescente precisa que a âncora da disciplina parental (termo atual relativo ao pai e à mãe) o sustenha durante esse período da vida. A disciplina, como se sabe, deve ser justa e sem divisão. Não se deve permitir a nenhum filho indispor o pai contra a mãe; quando for preciso tomar uma decisão, o chefe da unidade familiar deve assumir essa responsabilidade. 4. Respeite o grito de independência. O adolescente precisa dos laços familiares, mas não quer estar preso, e os pais devem reconhecer essa diferença. Às vezes, os pais temem dar independência ao adolescente porque pensam que ele não tem idade suficiente para usá-Ia de forma responsável. O adolescente quer ser livre, mas não está pronto para ser independente e não entenderá mesmo que você o lembre disso a cada momento. Quando o adolescente lhe pedir mais liberdade, permita-lhe tomar suas próprias decisões, desde que seja responsável pelo resultado de seus próprios atos. Em geral, quando o jovem não está pronto para enfrentar essa nova liberdade, o mais seguro é que volte a você em busca de orientação. 5. Mantenha o bom humor. Para lidar satisfatoriamente com um adolescente, é preciso que haja equilíbrio entre o amor e a disciplina na escala do bom humor. O adolescente — e até mesmo o adulto — faz qualquer coisa razoável se alguém lhe pede de forma agradável. O bom humor é um antídoto contra a tendência de considerar a adolescência com muita seriedade. O riso produz uma atmosfera de aceitação e alegria no lar, e o adolescente precisa aprender a desfrutar da vida familiar e rir com os outros e sozinho. 6. Discuta as mudanças que podem ocorrer. Comente com o seu filho as mudanças que ocorrem durante a adolescência, as mudanças nas regras do lar e as pressões que enfrentarão no futuro. Com certeza, você já deve ter falado com ele sobre as mudanças que acontecerão em seu corpo, mas agora é o momento oportuno para repassar essas coisas; quando se trata do desenvolvimento sexual, é preciso fazê-lo com clareza e sem vacilar. 7. Promova o entendimento. Fale em particular com os membros mais jovens da família sobre certos problemas que precisam de mais compreensão da parte deles, mostrando como poderiam ajudar a aliviar a carga. Ao dar-lhes a oportunidade de participar de certos assuntos, os pais podem ajudá-los a entender melhor a adolescência antes de chegarem a essa fase. 8. Ouça o adolescente. Muitos pais não ouvem seus filhos adolescentes — pelo menos não com mente aberta. Alguns se importam pouco com as ideias e os sentimentos deles: “Além de tudo, é apenas uma criança. Eu o ouvirei quando aprender a dizer o que tem para dizer”. Em uma pesquisa feita entre adolescentes, fizeram-se estas perguntas: “Quando você tiver seu próprio lar, gostaria que ele fosse como o seu agora ou preferiria fazer mudanças? Se pretende fazer mudanças, quais seriam elas?”. A maioria respondeu que a mudança seria dedicar mais tempo para ouvir os filhos. Um deles respondeu: “Se procuro minha mãe com algum problema, ela se escandaliza com o que eu digo e pede que eu tire da minha mente essas bobagens. Se procuro meu pai, ele me passa um sermão de uma hora”. Os jovens de hoje são uma nova geração e devem sentir que nos preocupamos com eles, ouvindo o que nos dizem sem nos aborrecermos, sem culpar ninguém, sem os julgar e sem os podar. Ouvir os jovens com atenção é um fator muito importante; cria uma ponte sobre o abismo entre as gerações. 9. Dê segurança, amor e aceitação. O adolescente precisa de segurança num relacionamento que não muda com as circunstâncias. Ele precisa saber que, mesmo que haja mal- -entendidos e diferenças, sua relação com os pais não será interrompida. Para o adolescente, um amor maduro significa que tanto o pai como a mãe estão dispostos a participar na sua vida e no seu crescimento e a liberar essa pessoa em desenvolvimento para esferas cada vez mais amplas da existência. Os pais devem dar aos filhos grande quantidade de afeto físico. O adolescente que na infância foi consolado por seus pais depois de um tombo ou de um machucado não se envergonhará do afeto deles nem se sentirá tão inclinado a buscar uma compensação nas relações sexuais prematuras. 10. Dê o modelo de um casamento feliz. Os adolescentes precisam ver que seus pais expressam amor mútuo a cada dia. Estudos cuidadosos indicam que as boas relações entre o casal podem ser profundamente afetadas quando os filhos estão na adolescência. Um dos fatores que contribuem para isso é a tensão emocional que se produz. Outros problemas têm pouco a ver com os filhos, mas surgem das necessidades não satisfeitas do esposo e da esposa. Nos primeiros anos de vida da criança, a mãe pode satisfazer sozinha sua necessidade de segurança, mas, durante os tumultuados anos da adolescência, o jovem precisa da atenção tanto do pai como da mãe. Se ambos resolverem os problemas que impedem uma relação matrimonial satisfatória, a maioria dos problemas da adolescência também desaparecerão. A segurança do adolescente é reforçada quando a segurança em família é evidente. Os direitos dos pais e os privilégios dos adolescentes As necessidades e os privilégios dos filhos têm recebido tanta atenção nos últimos tempos que as necessidades básicas e os direitos dos pais às vezes são ignorados. Consequentemente, muitos pais estão confusos porque não sabem qual é a diferença entre os direitos e os privilégios da família. Às vezes, os adolescentes exigem privilégios porque os entendem como seus direitos. A lista parcial que aparece a seguir inclui certos assuntos que precisam ser esclarecidos na maioria das famílias. 1. Os pais têm o direito de dissuadir o adolescente para que não se associe com amigos de reputação duvidosa. A seleção das amizades é um problema comum. Muitos pais pensam que certo jovem não é apropriado para sua filha ou que certos companheiros estão levando seu filho para o mau caminho. A reação comum nesses casos é proibir a amizade. O resultado é ressentimento, amargura e mal-entendidos, que acabam tornando mais desejáveis essas amizades. A desaprovação apenas faz com que o adolescente esconda suas amizades. Por que você não incentiva seu filho a levar seus amigos para casa? É através dos laços de aceitação que ele vai poder fazer comparações. O adolescente deve se sentir livre para escolher suas amizades. No entanto, é dever dos pais intervir em casos extremos. Às vezes, a mudança para outra cidade pode ajudar na solução de problemas. 2. Os pais têm o direito de impedir que o adolescente dirija o automóvel da família quando precisam dele, ou quando existe uma razão lógica para essa proibição. O adolescente terá direitos exclusivos apenas quando comprar seu próprio carro. O uso do carro da família pode ser um privilégio do adolescente, desde que associado a certas responsabilidades. Em nossa família, cada filho era responsável por pagar a parcela do seguro quando começava a usar o carro. Além disso, usávamos o “Contrato de Permissão para Dirigir”, mencionado antes. Tanto os pais como os filhos devem estar de acordo quanto ao que cada um deve pagar se acontecer algum acidente. O privilégio de usar o automóvel familiar é um incentivo poderoso para induzir o jovem a se comportar bem, e tirar isso dele é aplicar um castigo muito eficaz. É preciso ser justo. 3. Os pais têm o direito de controlar todas as chamadas telefônicas que entram e saem dos telefones instalados e mantidos por eles. Alguém já disse que os problemas chegam quando há três adolescentes em casa e apenas um telefone. Possivelmente, o uso do telefone causa mais atritos entre pais e adolescentes do que qualquer outra coisa. Portanto, as famílias precisam estabelecer claramente e colocar em vigência as regras concernentes ao uso do aparelho. Antes de tudo, limite o tempo das chamadas a um período razoável. Esse limite se aplicará inclusive a diálogos com namorados. Se o adolescente não pode dizer o que tem que dizer em 20 minutos, talvez não valha a pena dizê-Io por telefone. Segundo, limite o número de chamadas noturnas. Na maioria dos casos, duas ligações seriam suficientes. No entanto, deve haver certa elasticidade quando o adolescente participa de funções na igreja, na escola ou em outra instituição. Se a conversa durar mais de cinco minutos, conte como se fossem duas chamadas. Estabeleça uma espera de quinze minutos entre uma ligação e outra. 4. Os pais têm o direito de privar o adolescente dos privilégios que ele não merece ter. Um adolescente já é bem grandinho para ter um castigo físico, mesmo que às vezes pareça necessário. Mas os pais podem encontrar um meio efetivo ao privá-lo de certos privilégios. Ele cumpriu sua promessa de voltar para casa na hora combinada? Cumpriu com suas obrigações sem ter que ser lembrado? Está conseguindo boas notas nos estudos? Se ele desperdiça o tempo, não deve esperar privilégios. 5. Os pais têm direito de esperar que o adolescente faça o melhor na escola e também insistir para que termine o Ensino Médio. Suas expectativas quanto às notas de seu filho são justas? Lembre-se de que o conhecimento em si não é tão importante como saber se comportar com os outros e se adaptar ao ambiente. Incentive seus filhos a continuarem com os estudos universitários. Oito semanas antes da formatura de nosso filho Mark, ele nos informou que queria deixar o Ensino Médio. Em vez de reagir violentamente diante daquela notícia, sugerimos cautelosamente que ele escrevesse as razões negativas e as positivas dessa decisão. Depois de muito pensar, Mark decidiu terminar o ano. Quando, mais tarde, recebeu uma bolsa completa para estudar na universidade, nossas expectativas cresceram. Mas veio a decepção quando ele fracassou no primeiro trimestre e preferiu não fazer outra tentativa. Depois de trabalhar em um lugar ou outro por três anos, ele decidiu voltar à universidade. Enquanto eu preparava este livro, recebemos uma carta que dizia: “Estou aproveitando totalmente minha estada na faculdade. Outro dia, contra a minha vontade, faltei a uma aula e me irritei comigo mesmo... Creio que a razão de minha felicidade se deva a vários fatores: quero estar aqui e tenho novamente planos sérios para minha vida. Cansei de vagar de um lado para outro sem finalidade e sem conseguir qualquer progresso. Obrigado por terem me dado outra oportunidade. Desta vez, vou até o fim”. Se tivéssemos reagido bruscamente anos antes, nosso filho não estaria onde está agora. Adolescentes e o celular A telefonia celular representa hoje uma verdadeira revolução na vida das pessoas. Esses aparelhinhos com cores e design da moda, que agregam máquinas fotográficas, MP3 player e tantos outros recursos variados, já pertencem à categoria de itens de consumo essenciais para os adolescentes. E, agora, crianças pequenas, de 5, 6 anos, pedem de presente de aniversário não mais bonecas ou bicicletas, mas, sim, seu próprio celular. Dez anos atrás, os telefones móveis eram artigos de luxo, caros, e poucas pessoas tinham um. Hoje, um em cada dois brasileiros possui um em uso (de acordo com pesquisa da TNS InterScience, 2005). O celular mudou radicalmente a relação entre pais e filhos. Com o celular, os pais podem monitorar os filhos em qualquer lugar e horário (podem, inclusive, localizá-Ios através de serviços já disponíveis no mercado), o que também acaba dando mais autonomia aos filhos, já que os pais ficam mais tranquilos em relação às saídas deles. Para os adolescentes, como os adultos não têm acesso às ligações recebidas ou aos torpedos enviados pelos seus amigos, o celular aumenta sua privacidade. O celular também atende à necessidade de os jovens estarem ligados a alguém. Com o aparelho, eles estão sempre disponíveis, permitindo que os amigos e os parceiros possam ligar a qualquer hora do dia e da noite. O celular também dá status no grupo, pois, quanto mais avançado o modelo, quanto mais cheio de novidades e possibilidades, mais interessante é seu proprietário. Quando é a hora de dar um celular ao seu filho? Muitas famílias acham que dar celulares para crianças com menos de 10 anos de idade é inapropriado, uma vez que a criança pode ainda não ter responsabilidade ou não saber usar direito o aparelho, podendo quebrá-Io ou perdê-lo. Por outro lado, para as famílias em que pai e mãe trabalham fora, é uma maneira de encontrar e se comunicar com os filhos. Então, tudo depende da função do celular para a família. O fundamental é que a criança e o adolescente saibam ser responsáveis pelo seu uso e isso deve ser estipulado e desenvolvido pela família. Junto com a sensação de incremento na independência representada por carregar seu próprio celular, não podemos esquecer que, como em tudo, há os dois lados da moeda. Veja o exemplo do problema já detectado em muitas escolas das colas via torpedo! E mais: como controlar os gastos de contas de filhos que podem chegar facilmente ao valor de um salário mínimo e meio por mês? É indispensável uma boa conversa com os filhos sobre direitos e responsabilidades e, principalmente, que eles arquem com seus gastos. Estipular um valor que o pai se comprometa a pagar para o filho se ele for responsável é uma maneira de lidar com o uso do celular. Apesar de o custo por minuto ser mais elevado, há outras modalidades de planos, além das tradicionais versões pré-pagas, que podem ajudar a controlar a conta. Destinar parte da mesada do próprio filho para pagar a conta também funciona, pois ele sente no bolso o valor de seus gastos e, assim, se controla mais, em geral pedindo que os amigos liguem para ele ao invés de ele fazer as ligações. 5. Os pais têm o direito de estabelecer normas definidas quanto à aparência do adolescente. Você deve saber que seus esforços para conseguir que o jovem se vista de forma adequada nem sempre produzirão o resultado esperado. O adolescente muda sua aparência e seu modo de vestir para não se parecer com seus pais, para ser diferente e para estar na moda como os colegas. Se a sua paciência é posta à prova por seu filho, que adota qualquer moda do momento com entusiasmo fanático, você deve ter muito cuidado. Quanto mais se opuser a seus caprichos, mais ele insistirá em fazer sua própria vontade. Por isso, você deve permitir que ele escolha sua roupa e sua maneira de agir. Ele precisa usar o que lhe convém para ser aceito no grupo. Se a roupa é muito extravagante, isso significa que a pressão dos companheiros tem sido mais forte do que a sua influência. Contudo, se há um princípio importante envolvido, adote medidas firmes. Nunca seja fraco com as coisas que considera moralmente duvidosas. É muito difícil explicar às adolescentes por que não é conveniente usar certo tipo de roupa. Muitas não têm o conhecimento nem a experiência para entender como a roupa feminina afeta os homens. Como a aparência dos homens não as estimula muito, não se dão conta de o quanto a maneira de vestir das mulheres os afeta. As filhas precisam de muita orientação durante a adolescência, mas não permita que os valores e as normas se interponham arbitrariamente entre você e a adolescente, que cresce num mundo diferente. Em outras palavras, se é apenas um capricho da moda, deixe que a jovem se vista como as amigas. O adolescente gasta muita energia para se igualar à maneira de ser dos amigos, mas ele está disposto a fazer modificações se sentir que é aceito no lar. Em seu desejo de ser aceito pelos companheiros, adota certos tipos de roupa, penteados e outras coisas que aborrecem os pais. Se não tiver a aceitação que busca desesperadamente por parte da família, imitará os membros de seu grupo mais próximo com estilos extravagantes. 6. Os pais têm o direito de controlar o tipo de música que é tocada em casa. Note a palavra controlar. Se você proibir o adolescente de ouvir a música do grupo dele, o mais provável é que não lhe dê atenção e continue ouvindo. Em um seminário para pais, foi apresentado um tema: rock. Um dos pais comentou: “Por que discutir esse tema? Todos aqui somos cristãos. A única coisa que devemos fazer é proibir esse tipo de música”. Os pais de filhos pequenos têm dificuldade para compreender que algum dia terão que lhes dar liberdade de escolha. Como pais, naturalmente, devem afirmar os princípios que definem qual é a música que aprovam. Mesmo que você possa controlar a música que os adolescentes escutam em casa, não pode controlar a que escutam quando estão sozinhos ou com seus amigos. Algumas coisas escapam ao controle dos pais, e a música é uma delas. Os pais devem realizar todo esforço possível para estabelecer valores apropriados durante os primeiros anos, com o objetivo de que eles sirvam de guia para seus filhos em tempos difíceis, quando a pressão social for muito grande. Poucos adolescentes são suficientemente fortes para recusar por completo a música que seus amigos escutam. Os pais devem oferecer novamente orientação oportuna aos filhos sem parecer arbitrários. Naturalmente, você não é obrigado a ouvir música de que não gosta; por isso, exerça controle sobre o volume. 7. Os pais têm o direito de estabelecer regras para o namoro. Você pode dar a seus filhos a liberdade de sair com jovens do sexo oposto depois de ter analisado fatores como a idade, a seriedade, a disposição para aceitar responsabilidades e a maturidade do comportamento. Durante os primeiros anos da adolescência, não convém deixar que os casais saiam sozinhos. Você pode facilmente controlar as saídas de seus filhos com pessoas do sexo oposto ao transformar o lar num lugar agradável, onde ele se sinta à vontade com seu amigo ou sua amiga. As famílias que têm adolescentes podem planejar atividades para dar aos filhos a oportunidade de estabelecer relações saudáveis, sem ter que estar sempre sozinhos. Várias famílias podem se reunir em casa, fazer planos para escalar uma montanha, passear no campo ou na praia ou praticar diversas atividades que permitam que os jovens ajam em grupos supervisionados. As atividades da igreja e da escola complementam os planos que os pais fizerem. Adolescentes e disciplina Faça um círculo na resposta correta em cada um destas situações: 1. Um adolescente de 14 anos tem uma explosão emocional de raiva, decepção e desânimo. a. Deixe-o sofrer as consequências naturais. b. Ignore-o. c. Ouça-o atentamente. d. (Pessoal.) e. Isole-o temporariamente. 2. Um adolescente de 16 anos quer ficar acordado e ver programas de TV até mais tarde todas as noites. a. Restrinja privilégios. b. Deixe-o sofrer as consequências naturais. c. Ouça-o atentamente. d. Argumente com ele. e. Proíba-o. 3. Um adolescente de 17 anos quer escolher más companhias. a. Ouça-o atentamente. b. Repreenda-o. c. Restrinja privilégios. d. Proíba a amizade. e. Convide essas más companhias para irem à sua casa. 4. Um adolescente de 16 anos que sabe dirigir quer pegar o carro mesmo sem ter a idade recomendada para isso. a. Repreenda-o. b. Proíba o uso do carro. c. Ouça-o atentamente. d. Argumente com ele. e. Isole-o temporariamente. 5. Um adolescente de 16 anos tem notas baixas e muitos problemas de comportamento na escola. a. Repreenda-o. b. Humilhe-o. c. Procure ajuda profissional. d. Ouça-o atentamente. e. Faça um contrato para motivá-Io. 6. Um adolescente de 14 anos passa horas ao telefone toda tarde. a. Formule um acordo para o uso do telefone. b. Repreenda-o. c. Restrinja os telefonemas. d. Ouça-o atentamente. e. Deixe-o sofrer as consequências naturais. 7. Um adolescente de 17 anos só quer saber de roupa da moda. a. Critique-o. b. Dê seu ponto de vista. c. Proíba-o. d. Aceite como inevitável e tente não fazer disso um caso importante. e. Restrinja os privilégios. 8. Um adolescente de 15 anos não age com responsabilidade ao limpar seu quarto ou coordenar sua parte nas tarefas domésticas. a. Tente um contrato para motivá-Io. b. Deixe-o sofrer as consequências naturais. c. Repreenda-o. d. Dê uma boa surra para resolver o problema. e. Restrinja os privilégios. 9. Um adolescente de 17 anos escuta músicas que não lhe agradam. a. Proíba-o. b. Aceite normalmente. c. Restrinja privilégios. d. Discuta o assunto. e. Tire o aparelho de som dele. No início da adolescência, os jovens começam a sair em pares. As jovenzinhas acham que estão prontas para sair com seus amigos aos 13 ou 14 anos. Mas os pais sábios não permitem isso até que elas completem 15 ou 16. As estatísticas indicam que, quanto mais cedo os adolescentes começam a namorar, mais propensos estão a se casar prematuramente. Da mesma maneira, quanto mais cedo se casarem, mais provável será o divórcio. O namoro entre os adolescentes não é aconselhável até terem terminado o Ensino Fundamental. Devemos reconhecer que é possível impedir que o adolescente se comprometa seriamente numa relação amorosa quando ele tem 13 ou 14 anos, mas é muito diferente quando ele está com 17 ou 18. Os pais inteligentes não proíbem o jovem ou a garota que está terminando o Ensino Médio de ter relacionamento com certa pessoa. Mantenha os canais de comunicação abertos. Tanto você como o adolescente devem reconhecer que os namoros precoces podem ser refúgios para a insegurança. Ajude seu jovem a buscar a raiz do problema, para resolvê-Io. Isso é mais efetivo do que lidar com o sintoma do namoro precoce. Fixar uma hora para voltar para casa, o lugar aonde se pode ir, o que o casal deve fazer quando sai e com quem deve sair são assuntos muito delicados e que causam grande preocupação. Os relacionamentos entre as pessoas de raças e religiões diferentes são problemas sérios nos lares religiosos. Os jovens que vêm de lares cristãos e felizes preferem, em geral, seguir os ensinamentos e o exemplo de seus pais quando começam a sair com pessoas do sexo oposto. No entanto, os pais podem se deparar com grandes amarguras se não estiverem preparados para enfrentar esse difícil período da vida dos filhos. O namoro e o comportamento sexual Talvez os pais tenham menos influência e controle quando o tema é namoro e sexo do que em qualquer outro assunto da vida do adolescente. Sem perceber, muitos pais colocam empecilhos no caminho dos filhos, de modo que eles não sentem confiança para conversar sobre sexo e amor no período mais difícil de sua vida. Poucos pais estão cientes do comportamento e das normas de seus próprios filhos em relação ao namoro e ao comportamento sexual. Por uma razão simples: há boas intenções, mas métodos falhos. Ao não querer comentar esse tema, os pais pensam que desestimularão o filho a namorar. Mais tarde, quando já não podem ignorar o assunto, tornam-se ditadores e dominadores em relação à hora em que deve voltar para casa e às suas atividades. Além disso, reagem violentamente, com frequência zombam do namoro do filho, de modo que o adolescente prefere escondê-lo para não cair no ridículo. Há um caminho melhor. O assunto namoro deve ser tratado nos momentos familiares, durante os primeiros anos da adolescência. Os filhos devem se sentir livres para fazer comentários e perguntas, não importando quão estranhos ou surpreendentes possam ser. Os pais devem evitar responder com senões, comentários maldosos ou represálias. Você não gostaria que seu filho recebesse informação de sua parte em vez de recebê-Ia de seus amigos? Lembre-se também de que, nessas ocasiões, ele está aprendendo e crescendo. Através de orientação paciente e sábia e graças a uma franca aceitação dos pais, os valores do adolescente surgirão gradualmente. Depois de ter preparado o caminho com conversas francas, você poderá estabelecer as regras necessárias. Num acordo sobre os namoros, é preciso estabelecer a idade de começar o relacionamento, quantas vezes por semana serão os encontros, a hora de chegar em casa, as saídas com pessoas desconhecidas e outras coisas parecidas. Tudo isso deve ser esclarecido antes que o adolescente comece a sair com pessoas do sexo oposto. Uma das coisas mais difíceis de discutir, mas talvez a mais necessária, é o comportamento sexual. Muitos pais preferem fechar a porta da discussão sobre o tema, agindo de forma arbitrária. Sua reação exagerada fará com que o adolescente se empenhe em defender suas crenças ou o levará a agir “por baixo do pano”. Muitos pais se surpreenderiam ao ver com quanta liberdade os jovens de hoje expressam seu afeto físico. Prepare-se para escutar seus filhos e esteja pronto para dar conselhos sem se tornar juiz. Assim, poderá ajudá-los a estabelecer suas próprias normas. A independência do filho Um estudante universitário entra no escritório de um professor levando seu cordão umbilical na mão e lhe pergunta: “Professor, onde posso conectar isto?”. Nós achamos engraçado. No entanto, provavelmente, o trabalho mais difícil dos pais durante a adolescência seja deixar seus filhos em liberdade quando chegar o momento. Os pais cristãos têm ainda mais dificuldade para fazer isso. Acham difícil pensar que o filho possa viver por conta própria em um mundo que permite relações sexuais pré-matrimoniais, casamento com pessoas de outra religião e rejeição dos valores espirituais. Portanto, tornam-se superzelosos e tentam forçar o adolescente a tomar decisões “corretas”. Ficar é diferente de namorar O “ficar” é um fenômeno que os jovens e os não tão jovens de hoje acreditam ter inventado, mas, na verdade, ele é muito antigo, tendo, através dos tempos, recebido outros nomes. O “ficar” é um encontro entre duas pessoas que sentem atração física uma pela outra e decidem ficar juntas por alguns minutos ou horas, durante uma festa, no shopping, na escola, no acampamento, na praia ou em qualquer outro local onde tenham se encontrado. É “olhou, gostou, ficou”. Não tem nada a ver com namoro, com amor e, muito menos, com compromisso. Depois de “ficar”, os dois podem até voltar a se encontrar e não acontecer mais nada ou podem querer se encontrar novamente, ficar de novo e até resolver namorar e desenvolver um relacionamento com compromisso. “Ficar” pode significar apenas “selinhos” ou chegar a carícias mais avançadas. Tudo depende da ousadia do rapaz e do consentimento da moça ou vice-versa. O “ficar” é diferente do “transar”, que implica ter relações sexuais completas. Quando “ficam” várias vezes com a mesma pessoa, costumam dizer que “estão de rolo”, o que ainda não é namoro. O “ficar” pode ser uma forma de treinar e desenvolver segurança em relação ao sexo oposto. Não há cobranças, cada um faz o que quer, sem dar satisfação. Uma grande preocupação em relação a esse fenômeno é que muitos jovens só “ficam”, nunca namoram. Com isso, não aprendem a desenvolver um relacionamento a dois, a ter conflitos e diferenças e a resolvê-Ios, o que pode atrapalhar muito quando resolverem escolher alguém para casar. O namoro é uma etapa fundamental no desenvolvimento do jovem, pois desenvolve a personalidade, ensina a conhecer o sexo oposto e a aprender a lidar com as diferenças. Preenche a necessidade que todos temos de ser amados, propicia atividades de divertimento e lazer e é o caminho para encontrar o futuro parceiro para o casamento. Quem só “fica” pode estar fugindo do envolvimento e da intimidade; pode ficar superexigente na busca de alguém perfeito que, provavelmente, nunca vai encontrar; pode ter baixa autoestima; pode só gostar de desafios, precisando testar constantemente sua capacidade de atração; pode ter medo de se sentir sufocado em um relacionamento. Assim, quem só conhece o “ficar” está muito mais propenso a viver relacionamentos descartáveis também no casamento, pois nunca passou pelo aprendizado de relação a dois que o namoro proporciona. Cabe aos pais levantar essa questão junto aos filhos e orientá-Ios sobre a importância do namoro e como conviver com o “ficar” sem os riscos de tornar fútil essa etapa tão importante na vida dos adolescentes e jovens adultos. Meu marido e eu procuramos segurar ao máximo nossa filha mais velha. Um dia, no meio de seu desespero, incapaz de se comunicar verbalmente com o pai, ela escreveu uma carta na qual, em resumo, havia este patético pedido: “Papai, por favor, deixe-me ser eu mesma!”. Não podíamos continuar segurando-a à força. Agora, descobriríamos se tínhamos cumprido ou não nosso dever como pais. Não era possível voltar ao passado para remendar o que tínhamos feito mal. Tínhamos suscitado nela sentimentos de rebeldia e ressentimento. Já era tempo de permitir que continuasse seu próprio caminho. Os pais têm apenas de 18 a 20 anos para estar com seus filhos e estabelecer os valores adequados para eles. Logo, vem o tempo de não mais intervir, embora seja difícil perceber que aquela carne de nossa carne e osso de nossos ossos comete erros que afetarão seu futuro e talvez até sua salvação eterna. Meu esposo e eu sabemos muito bem, porque passamos por isso. Mas confiamos que Deus nos ajudaria nas coisas futuras. A possibilidade de que seu filho tome a decisão correta é maior quando ele não tem que lutar com você para conseguir ser adulto e independente. Uma palavra aos pais desanimados Muitos pais de adolescentes têm sentimentos de insuficiência própria. Perguntas como “Será que fiz a coisa certa?” os atormentam. Você sentiu esse drama alguma vez? Se continua fazendo a mesma pergunta, tenha a certeza de que está agindo como deveria. Às vezes, as coisas parecem irremediáveis, mas talvez sejam melhores do que você imagina. Durante o período em que você conviveu com adolescentes em casa, a tensão e os desentendimentos podem tê-lo confundido e magoado. Os desentendimentos podem não ter sido agradáveis, mas indicam que os canais de comunicação se mantiveram abertos. Um conflito aberto é melhor do que uma guerra fria, em que os membros da família se escondem na hostilidade e indiferença silenciosa. Por mais difíceis que sejam os anos da adolescência, os pais devem manter as portas da aceitação, do amor e da comunicação abertas. Sejam firmes e amorosos. O adolescente pode se mostrar hostil, ressentido, rebelde, mal-humorado e retraído. Você pode sentir que sua paciência se esgotou e querer abandonar tudo, distanciar-se ou pedir ao seu filho que saia de casa. No entanto, lembre-se de que, quanto mais difícil for seu filho, mais necessidade de amor e aceitação ele tem. Mesmo que ele reprove tudo o que você fizer, jamais o rejeite. Você é uma pessoa madura; seu filho ainda está amadurecendo. Você pode agir com juízo durante o momento de dificuldade, mesmo quando ele não pode. Ao se comportar com firmeza, mas com amor, você terá sua recompensa se ele, no futuro, imitar seu comportamento sensato. Procure agir de tal maneira que, quando seu filho sair de casa, mantenha as melhores relações com você. A culpa que uma pessoa sente pelo que fez ou deixou de fazer apenas piora a situação. O medo de fracassar, às vezes, atrapalha nosso pensamento até o ponto em que não podemos distinguir entre a culpa real e a culpa irracional. Cada novo problema que surge traz novos temores diante da possibilidade de agir de forma inadequada. A opressão da culpa fica tão intensa que ameaça nos alienar. Se não pudermos enfrentar nossos sentimentos de culpa de forma aberta e honesta, eles estragarão as relações com nosso cônjuge, nossos filhos, nossos familiares e os companheiros de trabalho. A culpa é como um ladrão e nos rouba o prazer de viver. Estudos recentes sobre o desenvolvimento infantil indicam que o temperamento da criança tem mais influência sobre seu desenvolvimento do que se supunha. Com frequência, chama-se a atenção para o grande poder dos pais e a debilidade da criança. Todos reconhecemos a profunda influência que os pais exercem, mas subestimamos o papel do filho em seu próprio desenvolvimento. Os pais devem estabelecer uma distinção entre influência e controle. Ambos podem ser exercidos durante os primeiros anos, mas os pais têm de diminuir o controle quando os filhos chegam à adolescência. Mesmo com os menores, deve-se evitar o excesso de controle. Cada criança é um indivíduo particular, com sua própria vontade e capacidade de tomar decisões. A Bíblia nos mostra que Deus valoriza as pessoas, apesar de seus fracassos. Nosso valor e nossa identidade não dependem do que realizamos ou deixamos de realizar como pais. Aceitemos nosso próprio valor! Se fizermos isso, poderemos enfrentar a culpa e ajudar nossos filhos durante os traumáticos anos da adolescência. O filho é uma pessoa valiosa, mesmo que escolha valores diferentes daqueles que você gostaria que escolhesse. Ele deve ser capaz de desenvolver seus próprios valores e viver a vida que escolheu. Quanto mais velho ele for, menos você poderá controlá-lo. Os pais precisam se lembrar de que os filhos são pessoas valiosas, independentemente do seu comportamento. Meu esposo e eu gostaríamos de ter podido ver além do comportamento de nossos filhos para discernir seus verdadeiros motivos. O comportamento é apenas um sintoma manifestado por um adolescente com problemas e incapaz de enfrentar as pressões da vida. O que aconteceria se nossa relação com Deus dependesse de nosso comportamento? Um dia, desfrutaríamos do amor de Deus e, no dia seguinte, experimentaríamos seu castigo, por causa de nosso comportamento. Deus não ignora nossa má conduta, mas nem por isso nos rejeita. Seu amor incondicional é um modelo para nós. Pode ser que chegue o dia em que você se sinta ferido, sem encontrar remédio para sua dor. Somente um filho consegue nos ferir dessa maneira. O que um pai pode fazer numa situação assim? O que aconteceu com a promessa de Provérbios 22:6, segundo a qual, se fizermos um trabalho consciente com a criança, ela vai continuar no bom caminho? Passamos por momentos de muita culpa. Esperamos e oramos, mas até quando? Não é possível eliminar a dor, mas você pode se concentrar na esperança para o futuro. Faça um esforço para não se fixar no lado negativo da vida. Fortaleça a esperança, confiando que, no futuro, a situação será mais positiva. Além disso, lembre-se de que os filhos adolescentes têm direito de tomar certas decisões concernentes a seu futuro. Eles devem ser responsáveis por suas decisões, seu comportamento e pelos resultados de sua maneira de ser. Finalmente, confie em Deus. Talvez a reflexão do Salmo 37 possa ajudá-lo a sobreviver quando se sentir abandonado. Você encontrará grande consolo durante o difícil período da adolescência de seus filhos se puder confiar num poder superior. Mas não se esqueça de que não é a quantidade de orações feitas que fará com que o filho se comporte de forma diferente, embora isso definitivamente ajude. O que realmente comove o coração de nossos filhos é a mudança de atitude que manifestamos como resposta a nossas orações. Deus ama nossos filhos adolescentes com amor eterno. Seu Filho morreu para salvá-los. Eles podem captar o amor de Deus através de nós? O impacto que isso provoca tem consequências eternas. Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

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