quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Psicopedagogia - Contribuições para a evolução na educação

PSICOPEDAGOGIA - CONTRIBUIÇÕES PARA A EVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO Marcos Tadeu Garcia Paterra Sumário Resumo: Esse artigo propõe a uma reflexão sobre o papel do psicopedagogo no contexto escolar e seus possíveis desdobramentos na aprendizagem. Através de analises bibliográficas e olhar critico objetivamos mostrar a contribuição da psicopedagogia no desenvolvimento afetivo, cognitivo e social e sua ação direta e indireta na aprendizagem, para isso baseamo-nos em estudos sobre pesquisas e analises de experientes teóricos, e abordaremos asinfluencias politicas, relações da educação com os direitos humanos focando a inclusão como ponto de relevância, nesse contexto atuação do psicopedagogo como observador, mediador e interventor para a evolução na Educação. Palavras Chave:Direitos Humanos, Educação, Aprendizagem, Psicopedagogia. Ao iniciarmos esse artigo é necessário que se entenda que a educação durante toda sua história, mostra-nos que é toda estruturada para os que chegam a ela aptos a compreender “sualinguagem” e com isso ocorre “exclusões e/ou evasões” daqueles que não estão inseridos nesse contexto, a exemplo até início dos anos 1980, acreditava-se que uma criança com deficiência intelectual não pudesse ser alfabetizada, nem conseguisse aprender. Por conta disso, nem se oferecia à criança a possibilidade de ter contato com materiais de leitura e escrita. Hoje se sabe que essa postura é totalmente equivocada, porém, muitos professores ainda olham essas crianças como se elas estivessem em defasagem. Nesse aspecto a psicanalista Leny Magalhães Mrech , comenta que: “Não escutam a criança; escutam o próprio preconceito." O pensamento de Paulo Freire , exposto em “Pedagogia do oprimido”, de que toda ação educativa, para ser válida, deve ser necessariamente precedida por uma reflexão sobre o homem a quem se deseja educar. Paulo Freire entendia as classes populares como detentoras de um saber não valorizado e excluídas do conhecimento historicamente acumulado pela sociedade, e que, mostrava a relevância de se construir uma educação a partir do conhecimento do povo e com o povo. Karen Maciel em seu artigo “O pensamento de Paulo Freire na trajetória da educação popular”; na introdução aborda sobre a educação atual sob o contexto da ideologia neoliberal, tem sido vista,pelo viés da Economia, como formação do capital humano. Nesse sentido, pensar uma educação que venha na direção oposta a essa ideologia, que atenda às necessidades da população excluída dos direitos básicos da existência humana e dos princípios da formação de sujeitos críticos – conscientes e construtores de sua história – requer um aprofundamento complexo sobre os fundamentos dessa educação a ser direcionada e construída para atender as necessidades do povo, a partir da sua realidade. (MACIEL, P.328). A educação, independente do fator “inclusão” vivencia o contexto da ideologia neoliberal, tem sido vista, pelo viés da Economia, como formação do capital humano. Segue se um modelo de formação, de sujeitos produtivos para o mercado, que se torna hegemônico, constituído pelas competências necessárias à empregabilidade. A história do ensino médio no Brasil é a história do enfrentamento dessa tensão, que tem levado, antes do que à síntese, à polarização, fazendo da dualidade estrutural a categoria de análise por excelência para a compreensão das propostas que vêm se desenvolvendo a partir dos anos 40. A concepção dos cursos de educação profissional com organização curricular integrada ao Ensino Médio tem a intenção de construir um percurso que contribua para a superação de dicotomias antigas do sistema educacional brasileiro. Desta forma, a articulação da teoria com a prática; considera-se a importância da relação entre saber científico e saber tácito; procura-se articular parte e totalidade; e, por fim, trabalha-se na perspectiva de superar a dualidade que opõe formação propedêutica e formação profissional e que estabelece a disciplinaridade de saberes gerais e específicos. Conforme Kuenzer, (1999) a partir do conceito de princípio educativo em Gramsci , temos buscado, ao longo destes 20 anos, pesquisar as mudanças que têm ocorrido na relação entre educação e trabalho, tomando por base as categorias de análise que a constituem. Apartir de pesquisas de campo e da análise das políticas públicas, que o regime de acumulação que tem sido chamado de acumulação flexível, ao aprofundar as diferenças de classe, aprofunda a dualidade estrutural, como expressão cada vez mais contemporânea, da polarização das competências; e, a partir desta constatação, temos buscado compreender o novo papel atribuído ao Estado Neoliberal relativo à educação nas suas relações com o trabalho, bem como o impacto destas mudanças nas categorias conteúdo, método, espaços, atores e formas de controle. Para atender às demandas, que por sua vez correspondiam às de uma organização social também atravessada pela rigidez e pela estabilidade, inclusive das normas e dos comportamentos, a base taylorista/fordista originou tendências pedagógicas que embora privilegiassem ora a racionalidade formal, ora a racionalidade técnica nas versões sempre conservadoras das escolas tradicional, nova e tecnicista, sempre se fundamentaram no rompimento entre pensamento e ação.Assim a pedagogia foi dando origem a propostas que ora se centraram nos conteúdos, ora nas atividades, sem nunca contemplar uma relação entre aluno e conhecimento que verdadeiramente integrasse conteúdo e método, de modo a propiciar o domínio intelectual das práticas sociais e produtivas. Essa concepção se contrapõe às visões utilitaristas pelas quais o jovem educando é reduzido à mera condição de capital humano em formação e à educação como uma condição mercantil. A educação profissional, integrada à escolarização básica, constitui um processo formativo integral que busca compreender a problemática social do jovem como sujeito de direitos e de ações na sociedade e que busca contribuir para a sua inserção na vida adulta e no mundo do trabalho como cidadão e sujeito autônomo. Conforme Eder Dantas (2011) no artigo “reflexões sobre a formação de “sujeitos-autor” no contexto da escola hegemônica atual”, no segundo tópico “ Direito a Educação e direito a aprendizagem”, o autor faz uma explanação sobre a expansão do sistema capitalista e sua influencia na educação e os motivos de torna-se um “Direito” onde resultados de lutas das classes trabalhadoras levou a conformação do “WelfareState ” como resultado de compromisso entre as classes dominantes e as trabalhadores. Nos últimos anos vivemos cada vez mais um ambiente social em que o valor da educação tem sido evidenciado pelas autoridades governamentais e pelo estavlisment econômico. Os discursos da educação como passaporte para o futuro das nações e da necessidade da qualificação do trabalhador como mola mestra de sua permanência no mercado de trabalho ,se repetem, desafiando a todos que se dediquem, independente de todas as condições adversas que enfrentem,[...] (DANTAS, p01. 2011) Dantas enfocao universo discursivo e os modelos gerencias/curriculares hegemônicos onde diversos e complexos desafios são propostos aos profissionais da educação.Profissionais comprometidos com uma formação humanista, critica-social e cidadã. Mostra-nos que ainda assim podem surgir concepções opostas ao “Pensamento educacional hegemônico” e que dentre a diversos motivos a sociedade é permeada de contradições e conflitos entre grupos sociais se desorganizando e reorganizando constantemente o que portanto a educação acaba tornando-se mutável devido as complexas variáveis que interagem a ela, e que portanto desafia as praticas contra-hegemonicas . O autor sugere que para mudar a escola temos de agir de dentro para fora, fazendo de nós mesmo “Sujeitos-autores” de nossas ações , e em relação aos contexto que envolvem a pratica educativa a qual estamos inseridos. Wilson H. Aragão , aborda brilhantemente em seu artigo “Perspectivas das púbicas para educação básica”, que entre diversas informações pertinentes que foi graças a revolução Francesa no Século XVIII onde surge os “Direitos do Homem e do Cidadão” (1789) que se registrou que “ a instrução é necessidade de todos” ; também nos oferece a visão de Gramsci o qual afirma que o Estado consiste na representação do poder formal e reivindica para si o status de produto final da razão, e também faz afirmações sobre à sociedade civil o qual considera que ela não esta no campo da “estrutura”, mas na esfera das “superestruturas” , e seriam um conjunto de organismos vivos e envolvidos por relações ideológicas e culturais. Sob esse prisma a educação como direito no contexto dos direitos humanos deve ser abordada em dez pontos , o qual o primeiro parte de uma reflexão a respeito do direito a educação, onde o elemento importante para os educadores(as) que através de diferentes modalidades e atividades possam colocar em pratica e desenvolver os conceitos que dão substancia aos processos de ensino e aprendizagem. O segundo ponto enfatiza-se o direito a educação é uma conquista histórica da humanidade, e que surgiu resultante deconflitos, lutas e acordos que vem se processando de maneira gradual desde à a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, votada pela assembleia Nacional Francesa em 1789, no artigo XXII. O terceiro ponto é sobre o contexto da sociedade Brasileira no século XVIII, onde relembra de que éramos então colôniae que mantínhamos o regime escravista enfocando o trabalho escravo dos negros africanos, mostrando que a educação era destinada à elites e os escravos eram considerados “coisas” e portanto não eram considerados cidadãos, porem no artigo 179 da constituição de 1834, garantiu ( pelo menos no papel) educação a todos. O quarto item acercar-se a implantação da “ordem burguesa” e desta que o Brasil após libertar-se de Portugal os princípios liberais foram usados para legitimar a própria escravidão, definindo através da constituição de 1834 quem era cidadão, porem não foi mencionado os escravos ( “coisas”) esses foram excluídos com exceção dos criados da Casa Imperial. O quinto e sexto pontos esclarecem sobre as evoluções dos direitos humanos , através a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e ratificada na Declaração Universal de Direitos Humanos de Viena, em 1993. Ea criação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, reafirmando-se na Declaração dos Direitos da Criança (1959) , Convenção relativa à luta contra as Discriminações na Esfera de Ensino (1960) , Pacto Internacional Relativo ao Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966) e a Declaração Mundial da Educação (1990) . A abordagem do sétimo e oitavo ponto, focaliza as iniciativas de caráter mundial que buscam o direito à educação, citando exemplos como o Fórum Mundial da educação e o consenso universal que praticamente se generalizou durante o século XX, destacando que esse consenso surgiu dos padrões sociais , políticos e econômicos que configuram-se nas sociedades modernas. Os pontos nono e décimo enfatizam o fato de que a educação é elemento fundamental do processo e construção e afirmação da democracia como modo de organização social e político das coletividades humanas; o texto enfoca no décimo ponto o fato de que muito embora sejam reconhecidos os direitos humanos muitas das coisas que foram registradas permanecem na inércia entre o que se esta em lei e o que se é de fato em uso, ou seja muito se tem feito e elaborado em pró aos direitos humanos, porem à uma distancia grande no que esta no papel e o que ocorre de fato; sobre esse prisma o texto afirma que a educação voltada aos direitos humanos ainda não faz parte da prática nem do currículo da escola brasileira. Nos termos já firmados no Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMDH, 2005, p. 25) , “(...) a educação contribui também para: a) criar uma cultura universal dos direitos humanos; b) exercitar o respeito, a tolerância, a promoção e a valorização das diversidades (étnico-racial, religiosa, cultural, geracional, territorial, físico-individual, de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de opção política, dentre outras) e a solidariedade entre povos e nações; c) assegurar a todas as pessoas o acesso à participação efetiva em uma sociedade livre.” Nesse contexto o psicopedagogo deve atuar, usando de seu conhecimento para contribuir para que o educando tenha acesso as informações e/ou seus direitos. Lembrando ainda o primeiro ponto destacado acima: “ [...] uma reflexão a respeito do direito a educação, onde o elemento importante para os educadores(as) que através de diferentes modalidades e atividades possam colocar em pratica e desenvolver os conceitos que dão substancia aos processos de ensino e aprendizagem.” O profissional em psicopedagogia tem o dever de assessorar os educadores (as) a criar e colocar em pratica essas modalidades. Cabendo, portanto ao psicopedagogo incentiva o processo de construção do balanço crítico do aprendente, um exemplo seria a utilização de metodologias ativas e participativas, o emprego de diferentes linguagens, a promoção do diálogo entre diversos saberes, essas praticas são usadas com o processo que deve ter como referência fundamental a realidade social e as experiências dos alunos(as) . (...) difundir a cultura de direitos humanos no país, o que prevê a disseminação de valores solidários, cooperativos e de justiça social, uma vezque o processo de democratização requer o fortalecimento da sociedade civil, a fim de que seja capaz de identificar anseios e demandas, transformando-as em conquistas que só serão efetivadas, de fato, na medida em que forem incorporadas pelo Estado brasileiro como políticas públicas universais. (BRASIL, 2006, p. 26) Mantendo a ótica de direitos humanos e educação, destacamos que vivenciamos atualmente o momento da inclusão na educação, em busca de um mundo melhor e igualitário para todas as pessoas;adquirimos perspectivas de uma educação de solidariedade, politização e mutação pormeio de um aprendizado que resulte em comportamentos mais democráticos e de respeitos à alteridade. “ [...]educar para os direitos humanos é estimular uma prática educativa inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana, com a finalidade do pleno desenvolvimento do educando,seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (UNBEHAUM. 2008) A inclusão tem sido pleiteada em um movimento mundial de maneira mais específica, destacamos a Declaração de Salamanca (1994) que indica metas para a educação de pessoas com necessidades especiais, reafirmando o compromisso de educação para todos e reconhecendo “a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino” (A DECLARAÇÃO DESALAMANCA, 1994, p. 3). Sob esse prisma o psicopedagogo temo desafio de refletir sobre quais atitudes tomar para que este objetivo na nossa educação seja de fato obtido. Considerando a integração escolar como impacto decisivo para a formação das pessoas,enfocamos a necessidade da implementação de estratégias que possibilitem a integração de todo corpo escolar visando o a qualidade do processo de ensino-aprendizagem como objetivo, analisando quais as melhores formas para chegar a este fator decisivo, nãoperdendo de vista a inclusão. Segundo os resultados preliminares do Censo Escolar MEC/Inep de 2012, o Brasil ampliou em 7,64% o número das matrículas em educação especial na rede pública em relação ao ano anterior, passando de 584.124 para 628.768 matrículas. Os dados finais de 2012 para a rede particular de ensino ainda não foram divulgados, mas em 2011 foram registradas 163.409 matrículas de alunos com deficiência em estabelecimentos privados - 20% delas em escolas inclusivas, as demais (130.798) em instituições exclusivas e classes especiais. A gradual presença de alunos com deficiência no ensino regular frequentando classes comuns ao lado de outros estudantes colocou em xeque a escola, como instituição, e revelou quão conservador era o sistema de ensino em vigor até então. O psicopedagogo assume, portanto figura essencial para viabilizar a educação inclusiva, acompanhando e ajudando os professores da sala regular que inicia, na prática, o movimento de acolhida da criança com algum transtorno ou deficiência. Não se trata de um trabalho simples. Afinal, se por um lado pairam sobre esse professor exigências vindas de várias instâncias (direção, rede de ensino, MEC, famílias...), por outro, é ele quem está no contato diário com os estudantes, acompanhando seus progressos, descobrindo a singularidade de cada um e estabelecendo com eles uma relação de confiança. Por isso, é compreensível que, diante de uma criança autista, cega ou com comprometimento motor, por exemplo, perceba não estar preparado. Para entendermos melhor, é preciso lembrarmos que a história da educação é marcada por uma forte exclusão de todo tipo de diferença;, , os Romanos ( Roma antiga) cometiam o infanticídio de crianças doentes ou deficientes, Na Europa na Idade Média a deficiência era considerada fenômeno sobrenatural e diabólica, e seus portadores eram considerados bruxos ou hereges, nesse contexto a igreja católica usava da Bíblia para legitimar a escravização de africanos; Sobre esse prisma, a abordagem sobre a exclusão geral é num âmbito mais profundo e com raízes históricas. No Brasil, educação exclusiva, tem suas raízes ainda da época da colonização, onde o preconceito, racismo e descriminação,por raça, deficiência física ou mental ou mesmo simplesmente por classe social impedem que essas crianças mantenham-se nas escolas. O fenômeno do “fracasso escolar” encaminhou boa parte dos diferentes para fora da escola ou para as escolas especiais. O processo de inclusão propõe uma transformação na escola, uma reestruturação voltada para atender a todos os alunos,independentemente das necessidades especiais de aprendizagem que apresentem,sejam elas dificuldades de aprendizagem, deficiências físicas, sensoriais, mentais,múltiplas, síndromes ou transtornos do desenvolvimento. Hoje, o desafio que se coloca para os professores é construir competências para ensinar uma população da qual esteve por longo tempo distante. Outro ponto a se destacar é a realidade sócio- cultural e econômica que formam nas famílias uma barreira, onde pode-se destacar a desigualdade social, e que somadas as diferenças raciais, ou cognitivas formam empecilhos no processo de inclusão, e nesse ponto que a psicopedagogia surgiu, para ajudar esses aprendentes, a se adaptar ás escolas, aos novos amigos e colaborar com as escolas no intuito de incentivar e achar metodologias a essa adaptação. Crianças com dificuldades sejam físicas ou mentais, muitas vezes só não conseguem aprender, devido a inexperiência dos professores ou preconceitos de colegas, tornando a função do psicopedagogo e uma equipe multidisciplinar imprescindível. No contexto recente da escola pública brasileira, esta diversidade é representada pelo acesso às “chamadas” classes regulares daqueles com necessidades especiais de aprendizagem, sejam elas de que natureza forem. Contudo, historicamente, o conjunto das “diferenças” que caracterizam as classes populares foram sistematicamente rejeitadas pela escola e banidas sob definições variadas de disfunções motoras, carências culturais, déficits linguísticos e das, não menos famosas, dificuldades de aprendizagem. (MOLL3, 2005, p. 8) Rousseau (1753) já nos alertava sobre essa desigualdade em seu livro “Discurso sobre origem da desigualdade”: “Concebo na espécie humana duas espécies de desigualdade: uma, que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma; a outra, que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção, e que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. Consiste esta nos diferentes privilégios de que gozam alguns com prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos do que os outros, ou mesmo fazerem-se obedecer por eles". (ROUSSEAU. P.12,) O processo de inclusão propõe uma transformação na escola, uma reestruturação voltada para atender a todos os alunos,independentemente das necessidades especiais de aprendizagem que apresentem,sejam elas dificuldades de aprendizagem, deficiências físicas, sensoriais, mentais,múltiplas, síndromes ou transtornos do desenvolvimento. Hoje, o desafio que se coloca para os professores é construir competências para ensinar uma população da qual esteve por longo tempo distante. Dois movimentos são observados quando o professor se depara com o processo inclusivo. Um deles é o despertar da sensibilidade para com as diferenças que pode levar à busca de qualificação e à construção de novos saberes docentes a partir da experiência. Outro é a rejeição das diferenças devido ao sentimento de despreparo para lidar com esse aluno, o que constitui uma barreira à construção de novos saberes pelos professores.(BERTHOU et al, 2005). Conforme Paterra e Rodrigues (2013), seria hipocrisia crer em um escola perfeita que assume o papel da inclusão sem as arestas das dificuldades financeiras, políticas e sociais, porém conforme os autores o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem , evidenciando seu papel ativo, sua motivação para investigar, explorar e compartilhar suas descobertas frente ao grupo, contribuem significativamente na aquisição de novos conhecimentos, abre assim precedentes para o aluno incluir-se socialmente. A construção de uma escola com qualidade para todos é uma utopia, devendo ser equacionada em suas bases; fica evidente que a inclusão escolar não assegura inclusão social. As crianças especiais devido às novas diretrizes do governo estão vivenciando uma nova situação: a de incluir-se... Sobre essa perspectiva o psicopedagogo tem o dever de os auxiliar. (PATERRA e RODRIGUES. p.5). O psicopedagogo tem deter em mente que incluir requer habilidades de estar com, colocar em ação e obre essa ótica, o profissional em psicopedagogia passa a ter uma caráter humanista, e nesse ponto convém entender que apalavra Humanismo possui dupla acepção.Expressa dois sentidos que não se opõem, mas se complementam. O primeiro caracteriza-se pela extrema valorização do ser humano, situando-o como o centro das atenções, o sentido e a finalidade do conhecimento na construção do que se convencionou chamar de antropocentrismo, em oposição ao teocentrismo medieval. E o segundo sentido, pela formação intelecto-moral fundamentada nos clássicos,nos autores gregos e romanos da Antiguidade, responsáveis pelo desenvolvimento da filosofia, da literatura,da cultura ocidental, das chamadas ciências humanas. O psicopedagogo deve procurar desenvolver no sujeito a confiabilidade em suas ações, através de intervenções que auxiliam no processo de ensino/aprendizagem e a ressignificação das diferentes fases do desenvolvimento. Portanto, cabe a estes profissionais buscarem não só compreender o porquê do sujeito apresentar dificuldade em algo, mas o que ele pode aprender e como (DANTAS E ALVES, 2011) . Conforme Janine M. Coelho Rodrigues e Silvestre Coelho Rodrigues(2012) , o descompasso acadêmico compromete de modo geral a educação em relação às áreas do conhecimento e as crianças que apresentam alguma forma de dificuldade de aprendizagem sofrem de forma mais significativas preconceitos. “A escola brasileira parece estar perdida em suas funções sociais: A quem serve? Quais são suas metas de ensino? Qual sua responsabilidade ética e social? [...]”(Rodrigues e Rodrigues. P 118.) Muito se fala a respeito dos direitos e necessidades educacionais especiais. Porém é necessário refletir no que se refere a tal inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, como um todo, o que ainda esteja impedindo ou dificultando a presença ou permanência destes sujeitos no meio social. É imprescindível lembrar aos profissionais da educação e aos pais, para que percebam que as pessoas com necessidades especiais possuam os mesmos diretos constitucionais como qualquer outro cidadão, inclusive lhe assegurar um ambiente sadio e adaptado à suas necessidades inclusivas. "Nosso sistema de educação dá a faca e o queijo, mas não desperta a fome nas crianças” Sobre esse aspecto é necessário destacar os quatro pilares da educação: • Aprender a conhecer – É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, para que se mantenha ao longo do tempo e para que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente. É preciso também pensar o novo, reconstruir o velho e reinventar o pensar. • Aprender a fazer – Não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade na reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e intuição, gostar de uma certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas. • Aprender a conviver – No mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. • Aprender a ser – É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. Estes aspectos possibilitam um aperfeiçoamento na forma de comunicação do sujeito, consigo mesmo e com os grupos com quem interage: família, escola, lazer entre outros, incentivando o desenvolvimento harmônico da personalidade, a construção de um ambiente saudável, com espaços de autoria que o permitem ressituar-se diante do passado. Conforme Dantas em seu artigo “Da escola seletiva à educação inclusiva”, vivemos um momento de que danos índices de pobreza e desigualdade social e em contra partida há uma mobilidade social, de famílias deixando posição subalterna na estrutura de rendas na sociedade e passando a ter um posicionamento melhor. Sobre esse prisma segundo o autor a inclusão social esta se ampliando e que há a necessidade de haver novos instrumentos para erradicar de vez a pobreza e a exclusão que domina a séculos nosso País, nesse contexto ele destaca a necessidade da presença do profissional em psicopedagogia, o qual agregara valores na política inclusiva , orientando as pessoas a deixarem de depender do Estado e consigam alcançar autonomia econômica e social. Seria uma falta grave não afirmar que a evolução e humanização da Educação teve influencias importantes do grande pedagogo Paulo Freire; o qual desenvolveu uma metodologia peculiar de ensino e por utilizar a educação como exercício de liberdade. As modificações que vêm ocorrendo na educação, tanto pela mudança do paradigma dominante como pelas novas exigências expressas nos objetivos escolares, outras tendências educacionais estão se configurando. As ideologias que tiveram grande impacto no ensino brasileiro ao longo da maior parte do século XX estão sendo renovadas para se adaptar às novas necessidades políticas e econômicas. E, para esta renovação, o pensamento educacional de Paulo Freire oferece uma contribuição muito importante e original. Freire pregava como máxima a emancipação do ser humano e a liberdade dos povos, e que houvesse justiça social entre os homens. Torna-se imprescindível para os professores comprometidos com a educação, principalmente os envolvidos da educação inclusiva conhecer o pensamento de Paulo Freire relacionado a preocupação com a mudança educacional. Sob essa perspectiva pode-se afirmar que os estudos freireanos são percebidos em varias áreas do saber: a Pedagogia,Filosofia, Teologia, Antropologia, Serviço Social, Ecologia, Medicina, Psicoterapia,Psicologia, Museologia, Historia, Jornalismo, Artes Plásticas, Teatro, Musica, Educação Física, Sociologia, Pesquisa Participante Metodológica do ensino de Ciências e Letras,Ciências Politica se tantos outros. Freire tinha ideias inovadoras do ensino, acredita nas mudanças, sobretudo pela linguagem, que e ideológica, cultural e política. As mudanças educacionais nãoaconteceram com o repensar de apenas um membro desse universo educacional. Como ato político e, portanto, social e de união. Nesse contexto, podemos afirmar que a psicopedagogia segue as expectativas e metodologias freirianas, e como afirmam Geovani , Roberto e Otávio (2012) em seu artigo “PAULO FREIRE : Contribuições psicopedagógicas para a formação de autoria de pensamento”, a pedagogia freireana é a essência da educação libertadora. Sua concepção democrática, dialógica, emancipadora e dialética de educação, são pontos fundamentais para o saber fazer psicopedagógico na busca por tornar cada vez mais claros os aspectos obscuros presentes na dinâmica do aprender e do ensinar ( ASSIS. p.85.) Os autores enfatizam que a psicopedagogia olha para o sujeito em sua individualidade, mas o vê integrado nos grupos em que pertence, e lembram que Freire advogava a tese, que a educação pode contribuir para que as pessoas se acomodem ao mundo em que vivem ou se envolvam na transformação dele, e destacam no decorrer do artigo que na perspectiva freiriana o : “[...]ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a própria produção ou construção “(Freire, 2003. p.52) Assim os autores destacam de modo sublime que: “A educação é um ato de conhecimento, que brota da práxis, ouseja, da reflexão sobre a pratica a luz da teoria , a partir das relações dos homens entre si e o mundo.”( ASSIS. p.100.) “Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais. (...) Escutar (...) significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro..."(FREIRE. P.31. 2003). Bibliografia ARAGÃO, Wilson H. Perspectivas das púbicas para educação básica. In: BRENNAND, Edna G. (org.). Trilhas do aprendente. João Pessoa: Ed. Universitária, 2008. Vol. 2 [Série Educação à Distancia]. ASSIS, Geovani Soares. ANSELMO, Roberto Derivaldo, MENDONÇA, Otávio Machado Lopes de. PAULO FREIRE: Contribuições psicopedagógicas para a formação de autoria de pensamento in ANSELMO, Roberto Derivaldo, DANTAS, Eder S. Org. Inclusão Políticas e Praticas. Ed. Universitária-UFPB. João Pessoa. 2012. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União de 23 de dezembro de 1996. BRASIL. Constituição da RepúblicaFederativa do. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. São Paulo, cap. III - Da Educação, da Culturae do Desporto, Saraiva,2000. 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