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quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Objetivo da Psicopedagogia clínica
O OBJETIVO DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Marcos Tadeu Garcia Paterra
Sumário
O objetivo da psicopedagogia clínica - uma síntese analítica
A psicopedagogia é um campo de conhecimento que trabalha tanto na área institucional como clinica, amenizando as dificuldades de aprendizagem de crianças e adolescentes.
As dificuldades de aprendizagem aparecem especificamente na área da linguagem e/ou do calculo, ou na relação com a aprendizagem, o que contribui para que o aprendiz não consiga acompanhar o processo educacional (SCOZ, 1992)
No âmbito clínico tem como tarefa a investigação e a intervenção para que compreenda o significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do sujeito, com o intuito de sanar suas dificuldades. A marca diferencial entre o psicopedagogo e outros profissionais é que seu foco é o vetor da aprendizagem, assim como o neurologista prioriza o aspecto orgânico, o psicólogo a psique, o pedagogo o conteúdo escolar (ARAÚJO, 2007)
Segundo Scoz (1992), o principal objetivo como psicopedagogo clinico é a investigação da etiologia da dificuldade de aprendizagem , bem como a compreensão do seu processamento considerando todas as variáveis que intervém neste processo.
Relação entre intervenção e diagnostico
O trabalho psicopedagógico tem um papel fundamental na realização do diagnóstico na tentativa de perceber a existência de fatores que dificultam o desenvolvimento da aprendizagem (DANTAS E ALVES, 2011). O diagnóstico psicopedagógico tem sua especificidade e objetiva investigar os aspectos que diretamente ou indiretamente justifica o aparecimento da sintomatologia (SCOZ, 1992).
O psicopedagogo procura desenvolver no sujeito a confiabilidade em suas ações, através de intervenções que auxiliam no processo de ensino/aprendizagem e a ressignificação das diferentes fases do desenvolvimento. Portanto, cabe a estes profissionais buscarem não só compreender o porquê do sujeito apresentar dificuldade em algo, mas o que ele pode aprender e como (DANTAS E ALVES, 2011).
Contudo, o diagnostico está voltado na analise dos sintomas que perturba o aprendente, fazendo com que o psicopedagogo busque meios de avaliar e observar os sintomas, e assim, criar um plano de intervenção que venha a fazer o sujeito autor de sua historia.
Aspectos importantes da especificidade da atuação do psicopedagogo.
Conforme Rubinstein uma avaliação psicopedagógica padronizada assim como sua intervenção apoia-se na demanda do cliente e na escuta do terapeuta psicopedagogo que deverá buscar no seu trabalho formas criativas e inéditas para lidar com os sintomas.
Enfocando que no trabalho psicopedagógico existe uma "folga", compreendida no sentido de não haver uma pressão para lidar com um conteúdo escolar específico; e que portanto também permite a entrada do "erro", não há cobrança só para o êxito, como acontece na escola. “O "erro" é vivido muitas vezes ludicamente através do jogo, onde justamente pela seriedade do mesmo, existe aceitação por parte do aprendiz em tolerá-lo com menos sofrimento.”. No entanto a autora deixa claro que mesmo com essa "folga", existe uma urgência: “é necessário que o cliente comece a aprender na escola, comece a aproveitar os estímulos oferecidos por ela e que até então não pode aproveitar.”
Outro aspecto importante é a escuta, o qual a autora afirma desse modo o profissional psicopedagogo poderá escolher os métodos de avaliação, conforme a autora as “escutas” respondem a demandas específicas; assim se é necessário considerar as escolhas de textos, de jogos e atividades, compreendendo seu simbolismo. Embora nosso foco de atenção esteja no "não aprender", nos aspectos que objetivamente estão faltando, e isto tem a ver com o desenvolvimento cognitivo, é necessário oferecer um espaço para que os aspectos subjetivos possam ser expressos simbolicamente.
Diferenciação entre intervenção psicopedagógica e psicológica.
Rubinstein esclarece que num primeiro momento, a intervenção psicopedagógica clínica esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de dificuldades, ou seja, aos excluídos, tendo como principal objetivo fazer a reeducação ou remediação e, desta forma, promover o desaparecimento do sintoma; a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico.
“Partindo do princípio de que a Psicopedagogia tem por objetivo a compreensão das questões relacionadas com a aprendizagem enquanto processo. Subentende-se que este processo envolve questões relativas aos aspectos cognitivos, subjetivos/relacionais, orgânicos; culturais entre outros. Para tanto, é fundamental que o profissional psicopedagogo possua instrumentos apropriados para pesquisar, compreender e promover mudanças no processo de avaliação e de intervenção. Esta abordagem é dinâmica no sentido de que o pesquisador poderá utilizar-se de instrumentos variados, padronizados ou não, mas com o propósito de observar processos e condições de mudança.” (RUBINSTEIN, Edith)
Conforme Rubinstein, na Psicopedagogia é preciso primeiro conhecer e compreender o processo de aprendizagem para depois compreender a dificuldade de aprendizagem.
O texto enfoca o fato de ser fundamental o contato sistemático com a família a fim de obter informações a respeito do desenvolvimento e aprendizagem, e informar sobre aspectos que poderão contribuir para que eles possam melhor ajudar o cliente.
Analisando sobre esse prisma a autora afirma que da mesma forma que se necessita de uma boa vinculação com a família do cliente, o terapeuta necessita da confiança e do contato com a escola.
Outra diferenciação na intervenção é o “Setting”, onde espaço físico da sala de atendimento psicopedagógico também contribui para a delimitação e a organização do trabalho. Os componentes deste espaço têm por objetivo comportar as necessidades dos vários aspectos da intervenção. Outro ponto importante comentado no texto, é a relação entre o psicopedagogo e o cliente, como toda relação humana, está sujeita à subjetividade.
“[...] Para dar sustentação ao trabalho é necessário que se estabeleça, como em qualquer situação clínica, um bom vínculo, sem o qual não há condições para o desenvolvimento e a criatividade na relação cliente/terapeuta. Às vezes, a dificuldade de aprendizagem decorre da impossibilidade do cliente estabelecer o vínculo com o objeto, seja ele, uma pessoa ou um conteúdo qualquer. No atendimento psicopedagógico procura-se oferecer situações onde haja oportunidade de estabelecer um vínculo adequado com o objeto. Como dissemos anteriormente, a "folga" que existe para a entrada da escolha, e portanto do desejo, contribui para uma boa vinculação. O desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem num processo nem sempre linear e contínuo. Existem, portanto, períodos mais férteis e produtivos e períodos onde o desenvolvimento não é percebido.” (RUBINSTEIN, Edith)
Bibliografia
SCOZ, B., JUDETH L. et al. Psicopedagoga contextualizadação, formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
DANTAS, V. A. O; ALVES, J. A. A. Dificuldades de leitura e escrita: Uma intervenção psicopedagogica. In: V COLOQUIO INTERNACIONAL: EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADA, São Cristóvão - SE, 2011.
Psicopedagogia: Especificidades dos Instrumentos de Avaliação próprios da Psicopedagogia In: Colóquio: “Especificidades dos Instrumentos de Avaliação próprios da Psicopedagogia” Publicado por Aprendaki em Eventos Educacionais, ABPp.
Publicado em 02/04/2013 17:15:00
Currículo(s) do(s) autor(es)
Marcos Tadeu Garcia Paterra - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Graduando em Psicopedagogia da UFPB
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